OAB-PE contra o tráfico de influência
Sob o título “Diga não ao ‘lobby’ no Judiciário”, o artigo a seguir é de autoria de Henrique Mariano, presidente da Seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil. O texto foi publicado originalmente no “Diário de Pernambuco“.
Todo cidadão pode ir ao Poder Judiciário para assegurar seus direitos. Este direito é cada dia maior no Brasil de hoje. As estatísticas mostram que cerca de um entre quatro brasileiros tem ou teve acesso ao Judiciário ultimamente. Acesso à Justiça significa que o cidadão tem direito a um julgamento imparcial, indispensável para assegurar o equilíbrio entre as partes. O advogado é decisivo para assegurar este equilíbrio indispensável ao estado democrático de direito e à paz social.
No entanto, cada dia mais, se constata que o bom advogado, o profissional ético que estuda a causa e articula a estratégia da defesa dos legítimos direitos e interesses dos seus constituintes, tem sido vítima de atravessadores que, sem qualquer cerimônia ou escrúpulo, procuram diretamente à parte ou o respectivo Julgador, valendo-se de relações sociais ou até de laços de consanguinidade.
As consequências nocivas desses atravessadores são imensas. Na rigorosa defesa do princípio constitucional da igualdade das partes – sequer, longinquamente, pode-se cogitar sua existência no âmbito do Judiciário. São verdadeiros lobbistas no pior sentido da palavra.
O “lobby” também tem estado presente no Poder Judiciário. Seus agentes são certos advogados militantes, magistrados e terceiros sem qualquer formação jurídica, que muitas vezes atuam movidos por laços familiares, sociais, políticos e econômicos.
No estado democrático de direito, os Juízes só podem ser convencidos com os argumentos formulados nos autos. A capacidade de argumentação fundada nos diplomas legais e demais fontes de Direito, nos autos, deve ser o parâmetro único para balizar a discussão jurídica sob apreciação dos magistrados.
A OAB/PE lança hoje uma campanha de valorização da advocacia no sentido de combater o tráfico de influência destes atravessadores, traficantes de influências, no Judiciário. Com essa finalidade, será disponibilizada a estrutura da Ouvidoria para combater essa prática perniciosa que avilta a dignidade dos advogados éticos e ilude os jurisdicionados com promessas vãs de um sucesso judicial que, quando se evidencia, é efêmero, por não resistir a uma revisão pela instância superior.
As intervenções coloquiais de advogados, magistrados e terceiros “mensageiros” atentam contra a dignidade com que deve estar revestido o Poder Judiciário. Estes atravessadores poluem a imagem da grande maioria dos advogados e da magistratura diante dos cidadãos. Por isto, nossa campanha conta com o decisivo e incondicional apoio do Tribunal de Justiça de Pernambuco, e de sua Corregedoria.
O direito do cidadão jurisdicionado não precisa de atravessadores. Precisa, sim, de advogados.
Enquanto existir impunidade dentro do Judiciário, muito vamos ver de malfeitos pelos que usam a toga sem mérito algum..
Eu tenho a impressão de que acabamos de ser vítimas do lobby, porque no caso das promoções no TJMG não existe outra explicação para justificar a mudança de rumo do julgamento. Aliás, na magistratura mineira, pelo que acabei de constatar, tem até professor de lobby. Mas eu não sei se reformas mudam mentalidades. Tinha que haver cadeia também.
Fred a cada dia eu fico mais e mais surpresa com tudo que tenho aprendido aqui. Jamais me passou pela cabeça que o tipo de corrupção descrito pelo ilustre advogado existisse ao ponto de necessitar denuncia e buscas de recursos para combatê-la. O nosso pai vive uma crise moral sem precedentes. Precisamos de Reformas profundas.