Black Blocs: causa ou efeito?

Frederico Vasconcelos

Sob o título “Por que deveríamos todos ser Blacks Blocs”, o artigo a seguir é de autoria do procurador regional da República Osório Silva Barbosa Sobrinho, da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul). Segundo o autor, o texto foi escrito para provocar a análise dos leitores.

 

Caro leitor você já se perguntou por que os ditos vândalos (como são chamados hoje os Blacks Blocs) agem (vandalizam)?

Eles apresentam várias causas. Denunciam algumas, reivindicam outras tantas.

Denunciam, por exemplo, a corrupção desenfreada de que padece o Brasil desde o seu descobrimento; denunciam os gastos excessivos na construção dos estádios de futebol para a copa do mundo de 2014.

Reivindicam, por exemplo, melhores escolas e hospitais.

Você, aí no seu cantinho sossegado e protegido, também não denuncia e reivindica as mesmas práticas acima?

Então, responda-nos: você é mesmo contra os Blacks Blocs? Acha que as lutas deles são injustas?

Como você, sem muito esforço, pode perceber, é que as denúncias e reivindicações acima não são causa de nada, porém efeito da omissão do Estado em combatê-las, debelá-las! Ao contrário, o que se vê, inúmeras vezes, é o próprio Estado contribuindo para as práticas que você e os Blacks Blocs condenam!

O que o Estado faz para evitar as causas que levam os ditos “vândalos” a agirem?

Repita-se, para que fixemos devidamente: na nossa leitura os “vândalos” são os efeitos dos males permitidos e incentivados pelo Estado, e não suas causas!

Lembremos do exemplo histórico: os “vândalos” um dia invadiram o Império Romano. Por que eles fizeram isso? Pelo simples prazer de destruir? Óbvio que não!

Roma, pela força, havia saqueado todas as partes do mundo e apenas os romanos desfrutavam dos benefícios dos bens que eram de todos, inclusive dos “vândalos”, razão pela qual estes somente foram buscar o que deles foi tirado.

Esta seria uma boa lição, se fôssemos obedientes à história.

Os atuais imigrantes ditos ilegais na Europa podem ser, e são vistos, como verdadeiros “vândalos”, mas somente estão indo buscar o que era deles e foi saqueado pela Espanha, por exemplo, da América. Mesmo assim a Europa não os aceita, e muitos discursos, em especial pelos defensores dos Direitos Humanos, são pronunciados em defesa da aceitação.

Somente quando centenas morrem afogados, como aconteceu recentemente próximo à ilha de Lampedusa, na Itália, é que se volta os olhos para aqueles miseráveis que anteriormente foram espoliados.

A atual presidente da República chegou a chamar os Blacks Blocs de “fascistas”!

Uma resposta simples que poderia ser-lhe dada era: “Nós somente estamos seguindo o seu brioso exemplo, presidente”!

O que fez a presidente em sua juventude? Pegou até em armas e foi a luta pelos seus ideais. Pode ela condenar quem lhes segue o exemplo, embora usando a face em vez de armas?

Poderia ela dizer que lutou contra uma ditadura política, ao que poder-se-ia responder-lhe: “Nos lutamos contra uma ditadura econômica e o roubo dos bens públicos, estes sim, de grande monta se comparados aos bens que dizem que nós destruímos!

Mas o mais interessante nisso tudo: o povo que lutava contra a ditadura política sequestrou embaixador e roubou bancos e cofres etc., e, por incrível que pareça, uma pessoa que participava, louvavelmente, da luta contra a ditadura militar, que chegou à presidência da República, justamente, parece que, agora, se põe contra a quem luta contra a ditadura econômica, a corrupção e outros males que assolam o Brasil!

Santa contradição, de novo, Batman!

Há mais de séculos descobriu-se que causas sociais não se resolvem com polícia! Mas no Brasil ainda insiste-se nessa prática!

Quem tem fome precisa de pão; quem tem frio precisa de roupa; quem dorme ao relento precisa de um lar; quem está doente precisa de hospital; quem não estuda precisa de escola. Nada disso pode ser substituído por cassetete e gás lacrimogêneo!

Resolvam-se os problemas acima apontados (causas) e não teremos os efeitos (Blacks Blocs).

Segundo afirmam alguns, têm/existem outros modos de lutar, e deles deviam servir-se os Blacks Blocs? Quais são esses outros modos? Desde quando são usados por você que os conhece? Já resolveram alguma coisa nestes 500 anos de Brasil?

Se tivesse resolvido, os problemas (causas) já teriam sido sanados, o que parece que não ocorreu, daí estarem acontecendo esses movimentos reivindicatórios.

Há algum tempo o MPF, por um de seus membros, participou de uma Audiência Pública sobre as Causas da Violência em São Paulo.

O membro do MPF fez algumas recomendações ao Governo de São Paulo quando da “guerra” entre a PM-SP e o PCC.

Lá pelas tantas, no desenrolar da recomendação, surgiu o oferecimento, por parte do governo federal, de ajuda ao governo paulista, o que foi prontamente rejeitado, tudo por expectativas de aproveitamento político-eleitoral.

O PT iria aproveita-se de fraqueza do governo do PSDB ou o PT queria aproveitar-se de fraqueza do governo do PSDB.

Agora, com o aparecimento dos movimentos populares reivindicatórios (sociais, portanto), levou “SP a pedir cooperação federal”!!!!!!

Ou seja, movimentos sociais são mais perigosos que os membros do PCC que agem armados!?

Agora, porém, os governos do PSDB e PT, que sempre foram a mesma coisa, diga-se de passagem, unem-se contra os movimentos sociais! Vão começar querendo sufocar os Blacks Blocs para depois irem sufocar todos nós, exceto os “pau-mandados de plantão”, sempre dispostos a verem a lei e a legalidade, não interessando o teor das mesmas, já que elas sempre pendem para o lado de quem os paga e cobra caro por isso!

Em São Paulo e Rio de Janeiro, desde sempre se incendiou ônibus e explodiu-se caixas eletrônicos e destruiu-se lixeiras e placas de sinalização de trânsito, mas como isso era feito por “bandidos de verdade”, os governos (federal, estadual e municipal) pouco os combateram, se é que o fizeram, pois o sucesso das ações criminosas eram e são cada vez maiores.

Quais os reais prejuízos causados pelos “vândalos”?

Com certeza que bem menor do que aqueles causados pelas várias máfias que roubam o dinheiro público dos brasileiros (mensalões, sangue-sugas, fiscais etc.).

Na verdade, o que os governos temem mesmo é que o povo descubra que pode reivindicar seus direitos e exigir punição para os corruptos que se alimentam da sua fragilidade. Esse é o real perigo que fez o PT e o PSDB se abraçarem.

Outro prejuízo que causam os Blacks Blocs são aqueles simbólicos para os patrocinadores da imprensa, como a quebra de um caixa eletrônico!

Mas é para isso mesmo! É para chamar a atenção de quem não dá a mínima (se dessa já os teria resolvido) para os problemas da população.

O que os Black Blocs fazem é ensinar que é possível lutar por um pais mais justo, igualitário e com menos corrupção, o que não interessa para quem está no poder.

Tanto não interessa que, como aconteceu no Rio de Janeiro, professores das redes estadual e municipal passaram mais de mês em greve que não se resolvia nunca. Os Blacks Blocs atuaram para apanhar primeiro que as professoras e a coisa andou, tanto assim que, após essa intervenção, o Supremo Tribunal Federal determinou que os pontos dos mestres não fossem cortados e a greve, que deveria ter sido resolvida há muito tempo, chegou ao fim!

Estavam errados os Blacks Blocs? E o Supremo?

Agora se tenta criar um mártir contra os Blacks Blocs, um coronel da PM Paulista!

Embora não seja o caso do coronel, numa hora dessas se endeusa até o satã! Desde que seja para glorificar a causa abraçada por determinação dos financiadores!

Especificamente quanto ao caso do coronel paulista, vendo as imagens, concluí:

Realmente, depois de ver os vídeos com calma, pude perceber que as imagens falam por si sós!

São deveras esclarecedoras!

Um coronel, quase a paisana, sem os instrumentos de proteção a serem usados em situações que tais (passeatas com possibilidade de quebra-quebra pontual e cirúrgico [onde somente se atingem caixas eletrônicos e agências bancárias], com precisão igual a dos drones americanos, que lançados sobre uma cidade “só matam os terroristas”!), arrasta uma mulher/moça na frente de um bando de homens (não bundões)!

Com essa atitude ponderadíssima, o coronel provocou a ira santa dos jovens que estavam no local e partiram para a defesa da moça/mulher!

Os meninos não queriam matar o coronel (que certamente não foi identificado como tal, mas como PM, o que no fundo e no raso não faz qualquer diferença a patente) e deram-lhe apenas um corretivo. Vejam que as pancadas com a tábua é dada em prancha e não com a quina! Ninguém deu uma voadora no coronel para levá-lo ao solo, onde seria chutado e pisoteado, caso a intenção fosse mesmo matar o agressor da moça/mulher.

Com a ação/reação, pode-se dizer que os Blacks Blocs são tudo, menos que não são cavalheiros!

Recorramos mais uma vez à história:

“1897 – RIO DE JANEIRO – Em visita ao Arsenal de Guerra, o Presidente da República Prudente de Morais é alvo de atentado por um soldado. O Presidente salvou-se mas o Ministro da Guerra Marechal Graduado Carlos Machado de Bittencourt morreu; e o Marechal Luís Mendes de Morais, foi gravemente ferido. O Marechal Carlos Machado de Bittencourt é patrono da Arma de Intendência do Exército.”

Não se se apregoa a violência, menos ainda a morte de alguém, mas um próprio militar já matou um marechal, logo, um coronel é também passível de um crime igual, embora os Blacks Blocs, como mostram as imagens, não cheguem ao nível de violência típico dos militares.

Uma das acusações contra os Blacks Blocs é de que eles “não têm finalidades para as suas lutas!

Exigir a definição de um fim não é o mesmo que solicitar a alguém que “explique” a condição humana?

Por que ter uma finalidade?

E se a finalidade mudar no tempo (hoje é isso, amanhã aquilo) e também mudar no espaço (o que é reivindicado/denunciado em São Paulo pode não ser o mesmo no Rio de Janeiro ou no Amazonas)?

E os milhares de políticos que se elegem prometendo uma coisa e fazem outra? Alguns até mandam “esquecer o que escreveram” antes de chegar ao poder! Outros, que ajudaram seus avós a fraudar precatórios, hoje falam mal dos velhos que estão na política (embora, no último caso, não esteja de todo errado), vejam João Alves, de provecta idade, que ganhou mais de cem vezes na loteria esportiva!

Portanto, caros detratores e subservientes ao poder político/poder do capital, saibam que para alguns, “a maior prova de inteligência se encontra na recusa em aprender”, como ensina o jovem em espírito Rubem Alves (Histórias de quem gosta de ensinar, Papirus, p. 73).

É o que eu me recuso e desejo que os Blacks Blocs também o façam.

 

Comentários

  1. Realmente, papel e internet, aceitam tudo, o importante é ter o olhar crítico diante dos acontecimentos e não acatar como verdade absoluta tudo que vemos, ouvimos e lemos.
    Todos sabemos das nossas mazelas sociais, mas considerar VANDALISMO, DESTRUIÇÃO, VIOLÊNCIA, QUEBRA-QUEBRA, como reividicação de melhorias, justiça? São simplesmente, atos criminosos!!!!!

  2. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! As grandes transformações que impulsionaram a humanidade para frente quase sempre foram traumáticas. Pouco democráticas e de conteúdo forte de agressividade. Naturalmente, passada a fase de truculência como ALERTA da desconformidade nas relações sociais, aparecem os “deixa disso”, os “tudo pelo social”, os “tudo pela igualdade”, e, a humanidade se acomoda, temporariamente, na nova maneira até que: Nova distensão acontece. A história é mais ou menos assim, com suas peculiaridades locais. No caso do policial agredido e observando o vídeo, percebe-se que NÃO foi bem assim. Num confronto direto há agressões em diversos níveis e o cenário me pareceu mais midiático que pratico. Pergunta: É correto o POVO ser enganado pelo Governo o tempo todo? É correto no período próximo ao Natal, os bancos cobrarem 8,5% (oito e meio) por cento ao mês, de JURO/JUROS no cheque especial? É correto você chamar uma ambulância em momento de emergência e SER NEGADO o serviço? É correta a roubalheira em milhões pratica pelos políticos? É correto quase sempre funcionarem mal os serviços públicos ofertados ao POVO? É correto pagar impostos exorbitantes e o serviço devolutivo simplesmente NÃO existir? Bom, olhando pelo lado do POVO em geral essa IRRITAÇÃO constante, intencional, maldosa é a VERDADEIRA eliciadora dos atos truculentos. E os atos truculentos são DEFESA contra essa SACANAGEM diária praticada pelo Estado contra o POVO. E todos, possuímos o direito a legítima defesa. Especialmente, contra ofensor poderoso como o Estado e seus governos MALANDROS e muita vez salafrários. Quase no seu todo, construídos por POLÍTICOS PILANTRAS. Ora, como demonstrar insatisfação contra essa CORJA CORRUPTA, esses sim, ASSALTANTES da CARTEIRADA? O que há no BRASIL, hoje, é a convivência com uma sociedade do “sabe com quem tá falando”, hipócrita, cínica e medíocre. Naturalmente há exceções. Entretanto, vivemos uma grande MENTIRA, apoiada na ideia falsa de IGUALDADE, quando o que destrói esperanças e almas é a BRUTAL DESIGUALDADE impressa nas ações CORRUPTAS praticadas pelos governos e pelos políticos. Por aqueles que presumivelmente deveriam nos representar e apenas se LOCUPLETAM apoiados por leis não menos SAFADAS. É, o texto escrito pelo Procurador Osório Silva Barbosa Sobrinho, faz muito sentido. Vândalos são o ESTADO, GOVERNO, POLÍTICOS e BANCOS. Essa é a nossa desgraça, pelo descontrole produzido por essas AVES DE RAPINA, indutoras do caos. OPINIÃO!

  3. O texto de opinião é válido. A discussão que instaura, para além do tema, mais ainda. Concordo com alguns, discordo de outros. O texto me fez pensar naquela velha ideia sobre o nosso patrimonialismo, nossa cordialidade, de cuja saída a porta seria a que dá entrada ao velho mundo e sua maturidade social, digamos assim. A velha ideia de que nos faltou passar por traumas, por revoluções sangrentas, para que chegássemos ao mesmo nível de maturidade social. Mas espere!, como dizem em comerciais de programas de vendas de produtos que só se vendem naqueles tipos de programas, lá, na maturidade social deles, também tem quebra-quebra! Será que seria preciso mesmo passar por miséria coletiva extrema, revoluções sangrentas, para sermos maduros e serenos cidadãos que SABEM reivindicar nas ruas? Bom, sem contar com o fato de que, SIM, passamos por todas essas coisas que se aponta só terem acontecido no velho mundo, a lição que ainda nos dão, a qual valeria à pena prestar atenção, é o exemplo claro de que a linguagem que funciona é a que incomoda, não a que incomoda o trânsito, como se consagrou ser o que realmente incomoda aqui no Brasil, mas a que incomoda os poderes estabelecidos. Sobretudo os que usam o Estado como escudo, por dentro e/ou de fora! Como diz um dos comentaristas com quem concordo. OPINIÃO!

  4. Seria bom que o pessoal do CNMP lêsse esse texto. Quase não acreditei ao ver que chegamos ao ponto em que um procurador da República, agente pago com nosso dinheiro, defende abertamente atos criminosos. Até mesmo tentou minimizar o espancamento de um policial! Gente como esse sr. chega a me fazer perder a esperança no Brasil. Num país sério, seria exonerado sem mais delongas.

    1. Concordo em gênero, número e grau com com você Carvalho. O autor desse texto extrapolou todos os limites. Da mesma forma que um indivíduo que se declare ateu não pode ser padre, ou alguém que seja favorável à implantação da sharia não pode ocupar cargo na Secretaria de Direitos Humanos , uma pessoa que apoia atos violentos não pode ser procurador. Este indivíduo definitivamente está no lugar errado. Caso fôssemos uma nação realmente séria, a publicação deste artigo culminaria na expulsão do autor da instituição da qual ele nunca deveria ter feito parte.

      1. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Sempre com o máximo respeito, Júnior, o que estamos LUTANDO é por democracia e liberdade, também, LIBERDADE de PENSAMENTO e LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Portanto, cabe o contraditório ao texto e, SOMENTE. Expulsar da instituição por OPINIÃO é ato IMORAL, ILEGAL, INCONSTITUCIONAL e o pior, é arbitrariedade e autoritarismo, afora, não se coaduna com o que mais se deseja. DEMOCRACIA. Portanto, discordo de ambos, Junior e Carvalho. Todos podem e devem EMITIR OPINIÃO! E, naturalmente, SEM qualquer CENSURA. Por sinal, há muita verdade no escrito pelo Procurador. OPINIÃO!

    2. Realmente… O cara é pago para defender os interesses do Estado, mas torce por bandidos que, além de bancos, saqeam pequenos comércios e deixam seus donos no desespero. Mal sabe esse procurador, que o simples fato de exercer uma função pública bem remunerada, o colocaria na mesma situação do coronel que foi agredido gratuitamente, mas na visão patológica do articulista, agiram para “defender uma moça/mulher”. O CNMP bem que poderia seguir a sugestão de alguns leitores e colocar esse procurador no seu devido lugar.

  5. Quando eu penso que ja’ vi tudo…
    Este senhor, articulista, procurador da Republica, comete um artigo desses. E Fred, o que significa “provocar a analise” ?
    1. Que estas sao as ideias do procurador e ele esta’ incentivando o contraditorio ou
    2. Estas sao apenas elocubracoes de seu (procurador) alter ego mas ainda assim uteis para o debate ?
    Confesso que nao ficou claro. De qualquer maneira, denunciar corrupcao, mau uso de verbas publicas, comportamentos nao-republicanos dos varios agentes economicos deveria ser (e e’) funcao do Min. Publico.
    No momento que um cidadao, na condicao de representante da Republica, empresta legitimidade a vandalos que usam a destruicao pura e simples para se manifestar, percebemos uma inversao de valores em andamento.
    O mesmo se da’ com altos funcionarios do Executivo que sugerem dialogar com estes mesmos vandalos.
    A imprensa denuncia sem quebrar. A OAB, as associacoes de juizes e outras fazem suas reivindicacoes de maneira civilizada. Por que valorizar o ponto fora da curva ?

  6. Os governos usam a PM como massa de manobra, concede uma promoção a um oficial, concede uma medalha a outro, e os detém nas suas mãos para serem usados contra revoltosos, um dos grande avanços políticos no Brasil seria acabar com a Policia Militar, unifica-las, e dar-lhes melhor preparação profissional, portanto, retirar os subordinados PM do jugo dos coroneis, que possui vida mansa e sofisticada no âmbito policial militar, para mim PM é uma praga que deveria acabar imediatamente, ser abolida, contudo, reconheço o trabalho que eles fazem nas ruas, bem ou mal, no combate ao crime, mas com relação as passeatas, são um desastre.

  7. Sinto apenas que já não hajam nem black blocs, nem pobres, nem mendigos, nem “classe média”, nem ninguém reivindicando coisa alguma. Existe somente uma dor imensa de desilusão, desconforto, falta de tudo para o povo brasileiro necessitado. O que virá?

  8. Justo. O procurador só esqueceu que os pobres também poderão ir às ruas cobrar seu quinhão justo nos serviços prestados às classes A e B e aos ricos, requerendo uma distribuição mais justa, inclusive da propriedade privada. Ou a exploração da mão de obra dos mais pobres pelos mais favorecidos, a começar dentro de casa com a empregada doméstica, não entra em discussão, apenas a omissão do governo?

  9. Caros, penso que não devemos defender o anarquismo. Os atos de violência são danosos a todos, o que não significa que o povo não possa protestar e se indignar com atos ilícitos dos governantes. Na realidade, precisamos de união. A população precisa deixar de ser conivente com os abusos e deve delatar toda e qualquer ilegalidade aos órgãos públicos ou à imprensa. Hoje há a internet e os fatos devem ser revelados para a mídia internacional. O Brasil tem que deixar de ser um país campeão em violência, lavagem de dinheiro, corrupção e desrespeito à população. Morre mais gente no Brasil, em decorrência de acidente de trânsito e assassinatos, do que na guerra do Afeganistão. Outrossim, é o país campeão em arrecadação de impostos e o governo quer, ainda, aumentar a alíquota do Imposto de Renda. (O mais curioso é que a sociedade tem os piores serviços públicos do mundo, mas a população paga mais impostos que a população dos países desenvolvidos). Penso que a situação é indigna para a maioria dos brasileiros, mas devemos agir de forma mais inteligente, por meio do voto, de protestos e de denúncias. att.

  10. Certo ou errado, o que a história demonstra repetidas vezes é que um povo espoliado, massacrado e violentado em seus direitos para o sustento de uma classe política paquidérmica e desonesta como a brasileira uma hora se rebela de forma incontornável. A sorte destes nossos “homens públicos” é que o povo brasileiro é muito bovino. Se acontecesse em qualquer outro país desenvolvido 1/3 do que se passa nessa república da impunidade, a população já teria deposto os seus governantes há muito tempo. Por isso, é completamente despropositada a comparação com Alemanha, Suíça, Noruega e países afins (como o fez um comentarista abaixo), nos quais o padrão de honestidade da classe política é elevadíssimo. Na Alemanha, p.ex., o Ministro da Justiça, salvo engano, pediu sua exoneração porque ficou comprovado que a sua tese de doutoramento era um plágio!!! Vejam, se a população não tolera um plagiador em órgãos de governo, o que não dizer de um corrupto! Por isso, os black blocks podem ser apenas a “ponta do iceberg” de um movimento muito maior de descontentamento geral do povo (assim espero). Porque o Brasil simplesmente chegou na lama, em TODOS OS ASPECTOS, na lama. Quem aqui não tem vontade de sair quebrando tudo em SP diante do aumento de mais um tributo, o IPTU? Quem? Ainda mais quando pensamos sobre o que recebemos em troca (hospitais sujos, escolas falidas, serviços públicos deficitários etc)? Causa-me nojo quando vejo qualquer político do PT ou do PSDB se digladiando nos meios de comunicação, discutindo qual partido é o menos sujo. Essa corja domina o Brasil há décadas e tem contribuído para essa degradação moral e política que presenciamos hoje!

  11. Caros, penso que não devemos defender o anarquismo. Os atos de violência são danosos a todos, o que não significa que o povo não possa protestar e se indignar com atos ilícitos dos governantes. Na realidade, precisamos de união. A população precisa deixar de ser conivente com os abusos e deve delatar toda e qualquer ilegalidade aos órgãos públicos ou à imprensa. Hoje há a internet e os fatos devem ser revelados para a mídia internacional. O Brasil tem que deixar de ser um país campeão em violência, lavagem de dinheiro, corrupção e desrespeito à população. Morre mais gente no Brasil, em decorrência de acidente de trânsito e assassinatos, do que na guerra do Afeganistão. Outrossim, é o país campeão em arrecadação de impostos e o governo quer, ainda, aumentar a alíquota do Imposto de Renda. (O mais curioso é que a sociedade tem os piores serviços públicos do mundo, mas a população paga mais impostos que a população dos países desenvolvidos). Penso que a situação é indigna para a maioria dos brasileiros, mas devemos agir de forma mais inteligente, por meio do voto, de protestos e denúncias.

  12. O artigo caminha na mesma linha de pensamento expressado pelo sociólogo Francisco de Oliveira, em entrevista na Folha. É claro que históricamente, as constituições dos países democráticos legitimam o recurso à violência, pois são decorrentes de processos revolucionários e transformações sociais. É o que poderíamos chamar de legalidade revolucionária, claramente expressa na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, que admite o recurso da violência contra a tirania. Movimentos como os black blocs podem perfeitamente ser coerentes com esta leitura pois, em tese, a Declaração não deixa claro se esta tirania é apenas de ordem sómente política, ou poderia se constituir como tirania econômica. Porém, dialéticamente, o artigo envereda por uma historicidade ainda não compreendida, pois os eventos históricos não podem ser entendidos parcialmente, naquilo que a Escola histórica dos Annales chama de “a curta duração”. A mesma perplexidade histórica mascarou que o grande massacre de gatos ocorrido em Paris nos anos que antecederam a Revolução Francesa era apenas uma prévia do que estava para vir. Mas o fenomeno black bloc em um país sem tradições revolucionárias pode indicar movimentos mais intensos abaixo da superfície.

  13. Será, realmente, tão difícil entender que os movimentos massivos de reivindicação trazem sempre a reboque os convulsionários, sejam ideológicos ou simples manipulados?

    Desde os tempos da faculdade que sabemos: qualquer diretório acadêmico que inicie protestos contra a reitoria dá ensejo a efeitos colaterais do tipo “vamos fazer paredão”… Os idealistas do “passe livre” não têm NADA a ver com os vândalos, tampouco acredito que em meio a eles haja muitos com ideais de qualquer natureza…

    O resto é poesia…

  14. É bom ver um procurador da República criticar a falácia do estado de direito brasileiro.
    No entanto, apesar das intenções, esse movimento, ao adotar uma postura violenta, acabou contribuindo para minimizar a adesão popular aos protestos nas ruas, não por sua própria violência, mas devido às reações exacerbadas da polícia.

  15. Sessenta parágrafos de gramática pedestre (e o cara é procurador da República!) e chicanas retóricas resumidos num só, por assim dizer, pensamento: a violência é legítima, contanto que a causa seja justa.

    E quem decide o que é justo? Eles mesmos, os que empregam a violência, e seus comparsas intelectuais.

    É tão difícil assim ver o atoleiro autoritário para onde esse arranjo vai nos levar? No fim das contas, essa situação toda é só mais uma manifestação do jeitinho brasileiro: ao invés de trabalhar para fortalecer nossas instituições a fim de que elas cumpram suas obrigações e nos sirvam no futuro, vamos depredá-las agora num espetáculo de fúria adolescente, só pra ver o que acontece.

    Responda-me uma coisa: se um bando de baderneiros mascarados é mesmo a chave para serviços públicos de qualidade, onde estão os black blocs da Suíça? Da Noruega? Da Alemanha? Dos EUA? Da Austrália? Do Chile? Do Japão?

  16. Gostaria que o repórter Frederico Vasconcelos, me informasse onde foi parar a gente de bem que foram para rua protestar,ficando em seu lugar um bando de desordeiros quebrando bares, restaurantes,saqueando lojas etc.

  17. Só há um equívoco nessa atuação desses “vândalos”: a destruição de patrimônio particular, de pessoas que lutaram muito para conseguir alguma coisa e em minutos perderam tudo em razão da atuação selvagem dessa gente. Se a manifestação é política, que atinjam apenas bens do Estado, atingindo a população como um todo e não individualmente. Tenho certeza que se esses vândalos destruíssem os bens particulares do autor do texto acima, muito provavelmente ele não seria tão compreensivo com tais vândalos.

  18. Por enquanto Black blocs, mas, podem vir as armas, junto com outros revolucionários. O país precisa passar por momentos chocantes e tristes, para que possamos reconstruir a politica e os poderes. Os black blocs são efeitos e consequencias da corrupção e da irresponsabilidade politica no Brasil. Devemos revolucionar, plantar a quilhotina em Brasilia, nas sedes das capitais do Estados-Membros e nas sedes dos Municipios, senão o Brasil nunca vai ser um país sério.

  19. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Muito bom esse texto. Bastante esclarecedor. Análise próxima da realidade, e caminhamos para eventos mais confirmadores no horizonte que se avizinha. Nossa elite social está podre, corrompida, cínica, enclausurada em sua IGNORÂNCIA DOENTIA e nossos dirigentes dos três poderes NÃO merecem nosso RESPEITO. Por sinal, NÃO se dão ao respeito. A lógica social atual é uma lógica SOCIOPATA e de reprodução de SOCIOPATAS. A Face Black Blocs é “espelho” da face político governamental e jurídica existente no País. Tudo a mesma coisa. Essa deterioração, sadomasoquista e, à moda Sodoma Gomorra, “causa” “produzida pelo ESTADO e, confirmada pelo GOVERNO” vivida no Brasil – corrupto – Não por natureza, mas pela natureza das coisas causa esse “efeito”. E, na minha visão, só vai PIORAR! Os políticos brasileiros vivem uma catarse ESQUIZOFRÊNICA e quando sorriem apresentam o chamado SORRISO DOS IDIOTAS. Nossa sociedade está em condição PRÉ-PSIQUIÁTRICA! OPINIÃO!

  20. Óbvio que ninguém e contra o mérito dos protestos de rua (incluindo os dos “black blocks”). Todos queremos políticos honestos, segurança, educação e prestação de saúde de qualidade pelo estado. No entrando, ninguém pode ser a favor de quebra quebra, depredação do patrimônio, público e privado, desrespeito à ordem…
    O que me causa espécie (para usar expressão do vocabulário do Min. Joaquim Barbosa) é que um procurador da república não saiba separar os meios dos fins.

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