Um tapa na cara de cada brasileiro

Frederico Vasconcelos

Lula Tapa na caraTrechos de artigo do desembargador aposentado Aloísio de Toledo César, do Tribunal de Justiça de São Paulo, sob o título “Desta vez Lula está com a razão”, publicado no último dia 30/4 no jornal “O Estado de S. Paulo“, sobre o fato de o ex-presidente ter afirmado que o julgamento do mensalão foi 80% político:

 

“Se não tivesse sido político aquele julgamento, Lula poderia estar atrás das grades (…). Quando houve a denúncia do escândalo, teve início o devido processo legal para a apuração dos fatos apontados como criminosos e, ao final, o Ministério Público Federal, a quem competia denunciar os acusados perante o Judiciário, deixou de fora o principal deles- e foi assim que Lula, por evidente influência política, ficou de fora”.

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“O Ministério Público Federal, no entanto, apesar de todas as evidências de que Lula tinha conhecimento e, portanto, participara da trapaça, deixou-o de fora. E por que assim agiu? A primeira versão é a de que faltou coragem, mas a segunda certamente talvez seja a mais verdadeira: não seria oportuno denunciar um presidente da República, e, assim, causar enorme trauma ao País, principalmente o presidente que acabara de nomear o procurador-geral de Justiça”.

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“A omissão no caso se torna penalmente relevante, porque o agente Lula tinha condições de agir para impedir o resultado final e evitar o assalto aos cofres públicos. O ex-presidente, naquele momento, se estivesse realmente isento de culpa, poderia acabar com a trapaça e pôr para fora do Palácio do Planalto, e até mesmo da vida pública, aqueles seus amigos que enchiam os bolsos de dinheiro e permaneciam ao seu lado”.

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“A ausência de ação punitiva pelo Ministério Público Federal representa até hoje um tapa na cara de cada um de nós, brasileiros. Tanto que o próprio inocentado até hoje dá entrevistas para criticar o julgamento e alegar que nele houve influência política”.

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“O que se mostra ofensivo à inteligência de cada um de nós é o fato de alegar que o julgamento foi político, como se ele próprio não tivesse sido o principal beneficiário dessa conduta lamentável e que projeta uma luz negra sobre uma instituição à qual, em milhares de outros assuntos, o País tanto deve: o Ministério Público Federal”.