O que pesa contra Fleury no Ministério da Segurança Nacional

Frederico Vasconcelos

O “Massacre do Carandiru” não seria o único dado da biografia de Luiz Antônio Fleury Filho, ex-governador de São Paulo, capaz de dificultar um convite para assumir o Ministério da Segurança Nacional no governo Michel Temer, como especulou a imprensa nos últimos dias.

Na gestão de Fleury Filho ocorreu a rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 1992. A ação da Polícia Militar resultou na morte de 111 presos.

Eis o que diz o site “Migalhas“, que circula entre advogados:

Ao lançar o nome de Fleury nas cotações, o Planalto talvez esteja fazendo um balão de ensaio, para medir as temperaturas. O fato é que nessa onda de “bandido bom é bandido morto”, Fleury viria a calhar. Nascido na política pelo calabrês Quércia, Fleury teria se mudado para a ala Temer. O fato é que se para o governo Fleury pode ser bom, para Fleury o governo pode ser péssimo. Com efeito, o telhado do ex-governador pode vir a ser bombardeado. Quem viver, verá.

Há um episódio controvertido, para dizer o mínimo, que aproxima Fleury e Temer.

Fleury foi secretário de segurança pública no governo do peemedebista Orestes Quércia (1987-1991), quando foram realizadas as importações superfaturadas de equipamentos de Israel para as polícias estaduais e para as universidades.

A importação –sem licitação– somava US$ 310 milhões. O negócio foi feito com triangulação, envolvendo uma empresa de papel registrada no paraíso fiscal de Dublin, na Irlanda. Os pagamentos deveriam ser feitos em bancos na Suíça, em Londres e em Nova York.

Procurador-geral do Estado no governo de Fleury Filho –que sucedeu a Quércia– Temer aprovou a operação suspeita. Assumiria, depois, a secretaria da Segurança Pública.

O ex-senador Severo Gomes (PMDB), então secretário de Ciência e Tecnologia, deixou o governo porque não conseguiu convencer Fleury a interromper a negociata iniciada na gestão anterior.

“Estou saindo porque constatei uma fraude e acho que minha missão se encerra num governo quando não posso impedir esse tipo de coisa”, disse Severo Gomes.

A repórter Andréia Sadi, da GloboNews, publicou que Temer “cogita o nome de Fleury Filho”.

“Sou amigo do Michel há muitos anos, ele foi meu secretário de segurança pública em São Paulo. Mas eu não tenho pretensão de voltar para a vida pública, posso contribuir fora de qualquer cargo”, afirmou Fleury Filho à jornalista.