Quer R$ 24 mil mensais e 60 dias de férias?

Frederico Vasconcelos

Sob o título “Quer um emprego de 24 mil reais mensais e 60 dias de férias por ano?”, o artigo a seguir é de autoria do Procurador Regional da República Osório Barbosa, da 3ª Região (SP e MS).

O título acima o animou?

Eu sei que sim, em especial aos jornalistas, que costumam chamar isso de privilégio.

Tem mais:  15 dias de recesso;  Sábados, domingos e feriados (vários) são para descanso e remunerados; Vários dias que são ponto facultativo (você não precisa ir trabalhar); Carro oficial e motorista para os deslocamentos em razão do trabalho; 2 assessores;  2 estagiários; 1 secretária;  Mestrado ou doutorado no exterior com salário pago pela Instituição; Gabinete amplo e refrigerado; Computadores e notebooks (estes pessoais); Materiais de expediente não faltam; Celular funcional com conta paga de até R$ 350 reais / mês e  vale refeição.

Não é o paraíso na terra?

Como você faz para chegar lá? É fácil. Veja: a) seja bacharel em Direito e b) tenha prática (forense) de mais de três anos.

Portanto, as portas do Ministério Público Federal (MPF) estão abertas a todos.

Na casa temos vários bacharéis em Direito, alguns optaram para trabalhar no setor de transporte, outros na reprografia, outros na administração, outros nas secretarias, outros nas assessorias, outros em serem procuradores da República etc.

Os benefícios acima são pagos aos procuradores da República.

Os cargos não se comunicam entre si (não há ascensão funcional). Quem assume um dos cargos acima somente muda para outro se fizer novo concurso.

Todos os brasileiros (e até não brasileiros) podem prestar os concursos públicos ofertados pelo Ministério Público Federal.

No MPF, desde que cá cheguei, nunca ouvi falar de fraudes em nossos concursos. Portanto, todos podem ter a segurança de que estão prestando um concurso sério. Não há, aqui, “peixada” (o famoso “apadrinhamento”).

Em tribunais de Justiça, por exemplo, sabe-se de caso em que os filhos (e outros parentes) de desembargadores eram aprovados em concursos públicos promovidos por esses tribunais.

E é proibido filho de desembargador ser aprovado em concurso público? Você me perguntará. Não. É claro que não! Eu vos responderei.

O que é proibido, e até criminoso, é o filho só conseguir ser aprovado nos concursos promovidos por tribunais onde seus pais são integrantes (membros), e até mais, – arrepiem-se -, participarem das comissões de concursos (aquela que elabora, aplica e corrige as provas) em que seus rebentos se saem tão bem!

Outros cargos públicos pagam benefícios similares aos pagos pelo MPF. Juízes Federais;Advogados da União, Procuradores da Fazenda Nacional e outros.

Os candidatos, dos mais humildes àqueles que se acham superiores aos demais seres humanos, podem adentrar pelas portas democráticas do concurso público no MPF. Diz o dito popular que “só ladrão entra pela janela”!

No Poder Judiciário, que parecia ser um poder hereditário (onde os cargos passavam de pai para filho, quem desejar comprovar basta ver a história do mesmo), sempre tem alguém de uma mesma família para dar continuidade ao legado familiar. A situação, felizmente, está melhorando! E muito!

Decisões do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça estão pondo fim ao imoral nepotismo que grassava nesse Poder da República.

Os tribunais têm contratado outras instituições especializadas para aplicarem as provas. A imprensa está vigilante e as pessoas (candidatos) prejudicadas têm a quem reclamar (ao CNJ, por exemplo).

A moralidade, enfim, está se impondo.

As afirmações acima, em especial a constatação de que as portas do MPF estão abertas a todos, decorre do fato de eu, por exemplo, ter saído de Maraã, interior do Amazonas, e ter adentrado nessa casa em 1995, depois de quase dois anos de duração do concurso e de ter concorrido com milhares de candidatos.

Ainda sobram vagas!

Acresço a isso que nunca tive parentes ou aderentes ligados a altos cargos públicos, menos ainda no Poder Judiciário e no próprio Ministério Público, logo, nunca pude me valer (e acho que nem precisaria) do famoso “Q.I” (quem indica), praga que se ainda não chegou, espero que chegue logo ao fim.

Por derradeiro, não fui eu, nem meu pai analfabeto, quem criou esses direitos “trabalhistas” para determinados cargos; foram imperativos da vida em sociedade, acredito, exatamente para dar aos servidores aprovados em concursos públicos (repita-se: onde qualquer um pode se candidatar/inscrever) estabilidade, conforto e altivez para não ser curvarem aos poderosos de plantão, aqueles que hoje estão e amanhã não estão mais. Tudo isso para que não se tornem corruptos de carteirinha, como aqueles que andam extorquindo os cidadãos nas esquinas. Minha dica final para você conseguir o “emprego” da sua vida: “ESTUDE”.

Fácil, portanto, não é mesmo?

Comentários

  1. Discussão insensata. O articulista faz crer que todos os membros do MPU possuem os benefícios ali citados, o que não é verdade. Os membros do Ministério Público do Trabalho não possuem assessores, motoristas, carros oficiais, celular pago, e trabalham sem estrutura mínima de gabinete. Para piorar, sequer podem contar com o apoio do Ministério do Trabalho, que quase nunca está à disposição para realizar inspeções urgentes. E criticar o Poder Judiciário, generalizando procedimentos e condutas irregulares de uns e outros, é medida imprudente, quando sabemos que os concursos públicos para a Magistratura são, em regra, muito sérios. E não são poucos os juízes que se desdobram para vencer a infinidade de processos que atulham seus gabinetes e varas, num sistem absolutamente impossível de ser vencido sem uma reforma processual de urgência. Colocar os vencimentos e justificar seu valor com o esforço para vencer os concursos não é medida apropriada. O melhor seria discutir a questão sob o enfoque da Constituição Federal que, votada pelos representantes do povo, aprovou o valor e a forma do pagamento do subsídio. Cumprir a constituição e a vontade do povo e revisar anualmente o subsídio, no valor ali estipulado, e nada mais. Se merece ou não, é questão de lege ferenda. Não se descumpre uma lei em razão de dotação orçamentária, sob pena de não se poder financiar o próprio Estado Brasileiro.

  2. Perfeito. Resumiu em poucas palavras as razões de tanta fúria contra o Poder Judiciário e o Ministério Público: RECLAQUE E INVEJA! Criticar é muito fácil, mas, mais fácil ainda é, ao invés de se debrçar sobre um livro, sentar num sofá e passar os fins de semana enchendo a cara de cerveja e assistindo Faustão. A raiz do recalque está justamente o fato de os cargos de MP e juiz serem acessíveis a todos, diferentement dos mandatos eletivos – pois estes demandam o dispêndio de fortunas para uma eleição – porém nem todos tem a força de vontade necessária…

  3. Que absurdo isso, esse povo – que todo mundo sabe que não entende de nada – querer ficar criticando os salários e os períodos de descanso dos servidores públicos, não é?
    Vão estudar e passar no concurso antes de levantarem suas vozes contra os benefícios dessa gente incompreendida!
    Ah, sim, mas não esqueçam de pagar seus impostos em dia, porque vocês é que financiam a festa.

    1. Na verdade ,não há a possibilidade de esquecer o pagamento de qualquer tributo( não só dos impostos), pois todos são de caráter compulsório(obrigatório) – artigo 3º do Código Tributário Nacional. Caso exista esse esquecimento e a depender do caso concreto pode se configurar o crime tipificado no artigo 1º da lei nº 8.137/90 que tem pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa.

  4. Interessante o artigo, porque parte do principio que a maioria das pessoas quer desfrutar das mesmas condicoes. Nao vou me enganar. Provavelmente muita gente gostaria.
    So’ nao fica claro para ele e para muitos que a burocracia nao pode ser um fim em si mesma.
    Existe ate’ o fenomeno dos “concurseiros”, pessoas que nada fazem a nao ser prestar concursos pais afora.
    Uma vez que conseguem o cargo publico estao realizadas, aparentemente como e’ o caso do articulista.
    Um pais nao se constroi apenas com uma burocracia forte. Alem e mais importante e’ que a sociedade seja forte. O que se consegue atraves de educacao, de boa qualidade para todos. De boas oportunidades para todos.
    Onde o trabalho, qualquer que seja, receba remuneracao digna.
    Caso contrario, a Nacao sera’ composta de uma burocracia forte, uma chusma de “concurseiros” e a massa ignara. E os bons cerebros que nao se enquadram nas categorias acima, procurem outras paragens.

  5. Toda essa discussão é a coisa mais ridícula que já vi .Pessoas com comparações desproporcionais e argumentações com fundamento no achismo.Para ser bem sincero, os Magistrados e membros do MP recebem pouco pelo trabalho ESPECIALIZADO que exercem.

  6. Nada mais justo esse salário pra quem se privou de muita coisa na vida pra estudar, e dedicar sua carreira à carreira pública, funções essenciais ao mesmo povo que vê nisso regalia.
    Privilégio tem sim aquele povo do Executivo, com verba de gabinete, dezenas de apadrinhados e tudo o mais, pra (alguns deles) semi-analfabetos, ignorantes e que enchem a boca pra dizer que estam lá pela grana (como Tiririca).

  7. Muito didático!!! Agora o Dignissimo poderia nos esclarecer porque tantos políticos e servidores corruptos no Poder Federal não são processados pelo MPF? Porque os MP’s estaduais se omitem em relação às bandalheiras dos TJ’s Estaduais? Por qual razão tantos membros do MPF tem que dar aulas em cursinhos preparatórios se são tão ‘privilegiados’. Submissão!!!???? Medo de perder as regalias acima citadas!!!???? Ganhar um ‘troquinho’ a mais para pagar o financiamento do ‘carrão’!!!????No intuito de demonstrar a gloriosa carreira, paga com dinheiro público, é recomendável às pessoas com um mínimo de bom senso divulgar o texto acima nas redes sociais para que as pessoas tenham conhecimento dessa ‘fantastica’ profissão… Talvez todos irão correr amanhã para ESTUDAR mais!!! OBS: E pensar que pessoas que pensam assim são aqueles que tem o encargo de zelar pelas Leis…. Lamentável sob todos os aspectos.

  8. Nem preciso comentar mais nada. Fernando falou tudo e mais um pouco. Bando de privilegiados escondidos atrás de seus concursos publicos.

  9. Não se deve nivelar por baixo. Tem advogado que faz sustentação no STF e ganha em uma causa mais que o um Ministro ganha o ano todo. Olha que não são poucos. Os frustrados e que desistem dos concursos e vão advogar por opção (e destestam o que fazem) é que têm problemas com os salários dos Juízes e Procuradores. Fiz estágio em um escritório no Rio de Janeiro e os donos chegavam (já lá nos idos de 1992) de Jaguar, Mercedez com motorista. Tem muitos assim. Eu já vi vários que não assumiriam um cargo pois perderiam muito dinheiro. Esse têm pena dos Ministros e outros Juízes e Procuradores.

    1. Gostei do comentário. Em regra quem critica “altos salários” e “privilégios” da magistratura, MP, etc…são advogados frustrados profissionalmente ou por questões políticas ou classistas. Nunca vi advogado bem sucedido andar por esta seara…

  10. Artigo extremamente contraditório para quem tem suas origens na simplicidade, na humildade e na pobreza, como o prórpio insinua. Infelizmente a arrogância chegou aos extremos nos serviço público, e tudo com o dinheiro público, o que é mais chocante. Ora, se o Procurador, afirmar saber das fraudes nos cincursos da magistratura, porque eles não tomaram as providências cabíveis, todos nós sabemos dessas fraudes, até as pedras, mas, é como disse a Dra Eliana Calmom ” no dia que o Sgt Garcia prender o Zorro….(…).” è isso Brasil, vamos mudar, colocar esses funcionários públicos nos eixos, nos trilhos, fazê-los trabalhar em prol da sociedade. O STF vem mudando as coisas, devagarinho, as mudanças chegam em vcs, esperem, não se apoquentem.

  11. Muito bom o artigo. Só um detalhe: quem paga esses R$ 24 mil, vantagens e privilégios, é o bolso do povo.
    Portanto cabe ao povo decidir se o valor é justo ou não.
    Afinal, o MP tal qual a Magistratura não são um fim em si mesmo e têm um mesmo patrão a quem devem servir: o povo.

    1. Ao invés de reclamar, estude…. O cargo é aberto a todos preencham os requisitos… Os recalcados é que reclamam.

      1. Onde está escrito que um cidadão e contribuinte precisa prestar concurso para alguma coisa para reclamar do que fazem com o dinheiro dos seus impostos?
        Reações desse tipo mostram como estão fora de sintonia com a realidade.

  12. Se considerarmos os valores auferidos por muitos (ou poucos) advogados que defendem os clientes do MPF/JF etc, esse salariozinho seduz, porém não convence, ao passo que isso é cobrado por simples HC’s.

  13. Típico dos membros do MP, para justificar suas prerrogativas, atacam o Judiciário. Oras, então os membros do MP são impolutos, defensores da moralidade, enquanto os do Judiciário são colocados sob suspeita. O articulista dá a entender que só nos concursos do MP não existem fraudes? Também podia acrescentar que ao contrário dos membros do Judiciário que precisam ir ao Fórum pelo menos para presidir audiência, os do MPF aparecem uma vez por mês e quando a bomba estoura, ajuizam ação civil pública com 08 anos de atraso como no caso Pinheirinho. CErtamente os impolutos membros do MPF estavam deitados em berço esplêndido com seus motoristas, R$ 24000,00, aulas e compromissos com editoras nestes oito anos.

    1. Concordo integralmente com o Fernando. Além disso, os juízes não tem: “Carro oficial e motorista para os deslocamentos em razão do trabalho; 2 assessores; 2 estagiários; 1 secretária; Mestrado ou doutorado no exterior com salário pago pela Instituição; Gabinete amplo e refrigerado; Computadores e notebooks (estes pessoais); Materiais de expediente não faltam; Celular funcional com conta paga de até R$ 350 reais / mês e vale refeição”.

      Então, porque os juízes são os mais atacados? Atenção associações e tribunais, queremos igualdade (ISONOMIA) COM O MP!

      1. Pezados,
        Somente o MPF tem esta estrutura. No estadual não há carro oficial para deslocamento, nem esta equipe de apoio que há no MPF…
        Acho besta esta disputa entre MP e Magistratura, as carreiras são coirmãs! As mesmas prerrogativas devem haver para ambas. O que assusta, no entanto, é o descompasso entre o MPE e os TJs e o MPF e os TRFs.
        Se uma sala dum fórum estadual é refrigerada é dinheiro particular que bancou o ar condicionado. Deslocamentos são com dinheiro próprio.
        Gabinete amplo é uma quimera… E eles respondem por uma parcela infinitamente menor das atribuições… vá entender…

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