OAB-RJ quer retomada de investigação

Frederico Vasconcelos

A assessoria de imprensa da (OAB) Ordem dos Advogados do Brasil distribuiu a seguinte notícia:

O presidente da OAB do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous defendeu hoje (20) que o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) aprecie com urgência a decisão liminar (Mandado de Segurança 31085) que suspendeu as investigações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nas folhas de pagamento de 22 Tribunais do país.

A movimentação foi divulgada em um relatório elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificou o envolvimento de mais de 3,4 mil magistrados e servidores do Judiciário em operações suspeitas que somaram R$ 855,7 milhões entre os anos 2000 e 2010.

“Espero que o Supremo revogue essa decisão liminar proque a sociedade quer ver um Judiciário democratizado, transparente, com publicidade plena dos seus atos”, afirmou o presidente da OAB-RJ.

O levantamento, feito por ordem da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aponta, por exemplo, a movimentação bancária de R$ 282,9 milhões em 2002 feita por um servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (com sede no Rio de Janeiro).

O documento do Coaf aponta ainda supostas irregularidades cometidas por magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O CNJ investigava evolução patrimonial incompatível com a renda de magistrados e recebimento irregular de auxílio-moradia.

Em 19 de dezembro último, uma decisão provisória do ministro do STF Ricardo Lewandowski suspendeu investigações do CNJ em 22 tribunais do país. A liminar foi concedida em mandado de segurança ajuizado por três entidades da magistratura: Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).

A decisão de Lewandowski reacendeu o clima de crise no Judiciário e o debate sobre a transparência nas ações da magistratura.

“O Judiciário ainda é um poder muito fechado. Enquanto a sociedade está cobrando explicações, as suas associações de classe pedem sigilo”, protestou Wadih Damous. E acrescentou: “Quem ocupa cargo público vive dos seus vencimentos. Não há, pois, o que esconder. Se há movimentação atípica nas contas de alguns juízes e servidores, eles deveriam ser os primeiros a explicar o motivo”.

Comentários

    1. Concordo com o Carlos e com o Frederico. É isso ai, vamos abrir todas as caixas-pretas, liberar geral e quebrar os sigilos dos congressistas e ministros, já! Os magistrados abrem os seus e os demais poderes também, vamos ver se topam.

  1. A solução é muito simples: a criação de um órgão de controle externo da OAB. Muitos advogados apoiariam a idéia, afinal, somente quem está no poder e usufruindo das benesses e dos holofotes sabem o que se faz ali e, principalmente, para onde vão os milhões de reais arrecadados anualmente com anuidades e taxas e mais taxas que ali se paga. A sociedade também gostaria de saber detalhes desse órgão que se apresenta como o paladino da moral e dos bons costumes, porém, cujo presidente nacional é acusado de receber dinheiro público sem trabalhar no seu estado faz mais de dez anos e, pelo que tenho acompanhado, a OAB silenciou a respeito.

  2. Senhora Clara Leonor Vaz Guimaraes permita-me endossar integralmente suas ponderadas e sábias palavras.
    Os cidadãos contam com a tradicional e histórica atuação da OAB na defesa do Estado Democrático de Direito, que requer o correto funcionamento do Poder Judiciário.
    O advogado é indispensável à administração da justiça, de modo que compete a OAB contribuir para o aprimoramento institucional do Poder Judiciário.

      1. Prezado Carlos entendo que sempre deve haver a prestação de contas e isso é obrigação essencial quando se tratam de recursos públicos. E nesses casos a denominada caixa preta é absolutamente ilegal.

          1. Prezado Josenildo estou com sérias suspeitas que vão abrir a caixa preta da OAB e outras que por ventura existirem. A transparencia parece que entrou com força na moda. Aguardar para ver.

  3. Meu apoio ao Dr. Wadih Damous. Porém, a OAB nacional precisa de uma oxigenação, da entranda da democracia lá anqueles cantos. A luz do sol faria muito bem por lá. Que se faça as mudanças no Judiciário, no MP, no MPF, Advocacia Pública, mas, mudaremos as nossas casas primeiro para darmos o bom exemplo.

  4. Concordo com o Josenildo. Paguei por inúmeros anos a anuidade quando fui advogado. Nunca obtive uma prestação de contas que fosse. Agora, vem nos dizer que a remuneração dos magistrados é ‘dinheiro público’, vírgula. No momento em que creditados os haveres na conta do trabalhador/servidor, passa a ser dinheiro privado, portanto, sujeito à proteção constitucional. Que se investigue a regularidade da folha de pagamento, em especial, o teto remuneratório moralizador! Isto sim é lícito, pois não envolve quebra do sigilo de ninguém (sem indícios mínimos de irregularidade).

  5. Fred sem entrar nas questões “sindicalistas” da categoria, meu apoio a OAB-Brasil e RJ é total. Desde quando exigir prestação de contas do dinheiro publico é ser contra alguém ou grupo? Desde quando o uso indiscriminado e falseado do dinheiro publico é ato juridicamente legal? Desde quando cobrar responsabilidade, seriedade, honestidade dos funcionários e agentes públicos ou políticos é afronta? Senhores isso me lembra dos tempos do trabalho em favela. Quando se discutia as necessidades das comunidades e falta de verbas. “Os escândalos de corrupção nas manchetes dos jornais e o povo afirmava” tá vendo doutora isto não tem jeito. Vai ser sempre assim. “A gente trabalha, paga impostos e o dinheiro fica com caras” Hoje como naquela época eu não compartilho dessa opinão. E fico feliz de ver a iniciativa da OAB mostrando que o que eu acredito é viável. O respeito pelo dinheiro do povo mais cedo ou mais tarde vai existir.

  6. Olha, complementando: assim como nem todo juiz concorda com a ajufe, com a amb, nem todo advogado concorda com a Oab. Somos milhares pelo país e poucos participam da direção e usufruem de tais benesses. A situação da maioria é de dificuldades e pouco se faz. Já política, principalmente politicagem se faz muita. Falei.

  7. Sou advogado, mas não concordo com a minha entidade, que participa da atual campanha contra a Magistratura. Acho que a Oab precisa ser democratizada. Acho que a Ajufe está certa em exigir o cumprimento dos preceitos constitucionais. Isso é direito de todos, sejam eles juízes, advogados ou jornalistas. Ninguém aqui, em sã consciência, vai apoiar o assassinato de jornalistas, como ocorre em alguns lugares. Também não vamos apoiar que rasguem a nossa Constituição, que custou muito suor e lágrimas para ser escrita.

  8. A Oab precisa de um choque de realidade. Presidida por pessoas medíocres, está buscando holofote para tentar justificar seus gastos exorbitantes e ausência de serviço para a classe dos advogados. Muitos advogados não compartilham da forma como a entidade vem sendo dirigida. A busca do choque com a Magistratura não vai levar a lugar nenhum. A pelegada agradece.

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