Entrevista de Eliana gera nova crítica da Ajufe

Frederico Vasconcelos

Entidade considera injustas as afirmações sobre a segurança dos juízes

A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) distribuiu mais uma nota criticando a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon. A manifestação, reproduzida a seguir, foi divulgada a título de responder às declarações da corregedora sobre a segurança dos juízes.

Resposta às declarações da Ministra Eliana Calmon quanto à segurança dos juízes

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) vem a público novamente manifestar veemente repúdio às declarações da Corregedora Nacional de Justiça, Ministra Eliana Calmon, no sentido de que “o juiz muitas vezes quer um segurança para ser diferente” e “quer uma mordomia para mostrar aos outros que ele é importante”.

É totalmente insubsistente, desrespeitosa e injusta a nova declaração genérica de Sua Excelência. Os magistrados federais são agentes políticos do Estado e trabalham, de modo corajoso e exemplar, no combate ao crime organizado e ao narcotráfico internacional em defesa da população brasileira, vítima da constante ação das organizações criminosas no Brasil.

Prova disso é que os grandes líderes do narcotráfico internacional e do crime organizado foram presos por juízes federais. O próprio CNJ destacou que existem 200 juízes ameaçados de morte, embora este número seja muito maior porque a criminalidade  não avisa quando vai atacar. Nos últimos anos, tivemos seis assassinatos de quatro juízes e dois promotores de justiça que, como a magistrada Patricia Acioli, foram mortos covardemente em virtude do exemplar exercício de suas funções constitucionais em defesa da segurança da população.

Em vez de pregar semanalmente contra a magistratura com frases genéricas de efeito veiculadas na grande mídia, deveria Sua Excelência colaborar para o efetivo combate ao crime no país e apoiar o PL 03/2010 que tramita no Congresso Nacional e cria o órgão colegiado de juízes e a segurança institucional dos magistrados que julgam narcotraficantes e líderes do crime organizado.

As famílias, amigos e colegas desses juízes e promotores assassinados, e a cidadania defendida por estes, podem ter a certeza de que a segurança que o Estado lhes negou jamais poderia ou poderá ser confundida com mordomia, mas antes uma obrigação do Estado de Direito não para com o juiz, mas para com a própria segurança da população brasileira.

O momento é de sensatez, equilíbrio, serenidade e verdadeiro combate à corrupção e impunidade nas vias legais adequadas. É chegada a hora da criação de uma agenda positiva que fortaleça o Poder Judiciário na luta contra o narcotráfico internacional e o crime organizado.

Gabriel Wedy

Presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil

Comentários

  1. Nos últimos meses, as diversas matérias e comentários sobre o Poder Judiciário levam às seguintes conclusões:
    1) Juízes não trabalham;
    2) Todos os juízes são morosos em sua atuação;
    3) Se em uma determinada Comarca/Vara o serviço está em dia, então, com certeza, não é o juiz quem faz as decisões, mas sim algum assessor, serventuário ou estagiário;
    4) Quando o juiz julga muito, com certeza as decisões são padronizadas;
    5) Todo juiz ganha diversos “penduricalhos”;
    6) Todo juiz não trabalha às segundas e sextas;
    7) Juízes são bandidos de toga ou vagabundos em resorts pagos por empresas com interesse no julgamento de determinadas demandas.

    Agora, com essa notícia, chegamos à mais nova conclusão acerca do Poder Judiciário:

    Juízes não recebem ameaças, apenas querem ser diferentes.

    Como bem assevera a nota da Ajufe, deve-se buscar EQUILÍBRIO E SENSATEZ, afirmações genéricas apenas desinformam a população.

    Que se coibam abusos, irregularidades, faltas disciplinas, crimes, etc., eis que juízes não são diferentes de nenhum cidadão, exceto pelo fato de que devemos manter uma conduta ainda mais ilibada e indene de suspeitas do que qualquer outra pessoa, o que não justifica palavras jogadas ao vento, com aparente “efeito midiático” para uma plateia muitas vezes desinformada. Dizer, de forma genérica, que os juízes são “assim ou assado” em nada contribui para um debate sério e uma autocrítica consistente da Magistratura.

    1. Sr. Eduardo. Meu pai foi magistrado. Ele, por diversas vezes, teceu fortes críticas aos desmandos praticados nos Tribunais, notadamente por aqueles desembargadores que no poder amaelham benesses e fortunas. Veja o sr. que em São Paulo as anteriores gestões fartaram-se com o nosso dinheiro. No TJMG há coisas escondidas por anos a fio. A ministra Eliana vai lá em breve. São tantos “podres” que a sociedade está descrente do PJ, com razão. Mas, reafirmo: ao final essa sangria será benéfica. Os maus e “vagabundos” magistrados terão deixado a toga. Os bons e milhares de juízes serão reconhecidos. Aguarde e verá.

      1. O seu pai ter sido Magistrado (como sempre faz questão de lembrar aqui) não lhe dá nenhuma credencial para criticar ou elogiar a magistratura. Agora não se está falando de “podres”, mas autoridades sendo ameaçadas e mortas. Hoje o crime organizado está ficando cada vez mais organizado e armado e o Judiciário não tem estrutura para garantir a segurança dos Juízes. Criticas construtivas são bem vindas. Se não tiver nada a dizer na seara positiva, “porque non te callas”….

        1. Com o devido respeito ao seu comentário gostaria de fazer um adendo. Discordo da sua colocação quanto ao fato de ser filha de um juiz não contribuir em nada para a compreensão do funcionamento da Justiça ou da Magistratura. Uma filha interessada participa da vida dos pais e é influencia e informada sobre muita coisa. Acredito que a Sra. Clara Partes mantinha uma ligação estreita com o pai. E quanto à posição em relação à Segurança gostaria de lembra-lo do caso da Juíza Carioca que solicitou por motivos óbvios a Segurança que lhe foi negada pelo Presidente do Tribunal. Como vê o que faltam são critérios objetivos e a obrigação de serem respeitados os quesitos para o seu uso. Não faz sentido dar segurança de forma indiscriminada para todos os juízes e sim garantir que nos casos onde ela verdadeiramente se faz necessária, não ocorra o que aconteceu no Rio de Janeiro. A Juíza morreu por terem tirado a sua Segurança e ninguém pagou por isso. Segurança tem critérios bem objetivos para ser usada e a omissão de dá-la a quem de fato precisa deveria ser punida. Espero que a Corregedora Eliana Calmon contribua para que isso seja estabelecido nos tribunais e respeitado.

  2. NAO VOU COMENTAR AS DECLARAÇOES DA SENHORA CORREGEDORA NACIONAL.
    VOU SIM HIPOTECAR IRRESTRITA SOLIDARIEDADE A TODAS FAMILIAS ENLUTADAS QUE PERDERAM UM PARENTE NA INGLORIA FUNÇÃO DE JULGAR…
    O JUIZO DE VALOR QUANTO AO QUE FOI DITO DEIXO A CRITÉRIO DE CADA UM…

  3. Lembrei da frase do Lula “Não vejo diferença entre um cortador de cana de um Procurador da República”… Acho que sei onde ela está fazendo escola…..

  4. Bem, ela diz que não que o STF (duvido) então já deve estar pensando num cargo na política. Deixa ela se queimar no meio jurídico.

  5. Por que, afinal de contas, a AJUFE nada falou quanto à declaração de Gilmar Mendes de que “a 1ª instânica não funciona”??? Curioso. Há comentários de que, apaniguados de Gilmar foram contratados pela AJUFE (caso da assessoria de imprensa).

    1. Sr. Carlos Eduardo. O juiz Gilmar Mendes não disse, no contexto descrito por V. Sas. que a “a 1ª isntância não funciona”. Em outro post aqui desse bolg tive a oportunidade de me desculpar por um comentário errado quanto a essa imprópria afirmativa àquela magistrado atribuída. Ao fazer tal ponderação o ministro não achincalhou os magistrados. Muito ao contrário. Teceu fortes críticas pela absurda ausência dos Tribunais nas comarcas da vida.

  6. Nossa, como a Dra. ELIANA acerta na mosca, em seus comentários. Certadissima. Assino embaixo, as palavras da Ministra. Imagina se formos aceitar a teoria de agentes politicos e o Estado for deferir um segurança para cada agente politico no Estado brasileiro. Ahhh. Segurança para aqueles que realmente precisam de segurança, para aqueles que quer mostrar ser diferente que paguem com seu próprio bolso.

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