MPF denuncia Curió, acusado de sequestro

Frederico Vasconcelos

Coronel da reserva do Exército coordenou repressão à guerrilha do Araguaia

O Ministério Público Federal vai encaminhar nesta quarta-feira (14/3) denúncia à Justiça Federal em Marabá (PA) contra o coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, acusado de sequestro qualificado contra cinco militantes capturados durante a repressão à guerrilha do Araguaia, na década de 70.

Conhecido então como Dr. Luchini, o militar é acusado de comandar a denominada Operação Marajoara, quando Maria Célia Corrêa (Rosinha), Hélio Luiz Navarro Magalhães (Edinho), Daniel Ribeiro Callado (Doca), Antônio de Pádua Costa (Piauí) e Telma Regina Cordeira Corrêa (Lia) foram levados às bases militares coordenadas Curió e submetidos a sofrimento físico e moral. Os cinco militantes nunca mais foram encontrados.

Se condenado, Curió pode pegar de 2 a 40 anos de prisão.

“As violentas condutas de sequestrar, agredir e executar opositores do regime governamental militar, apesar de praticadas sob o pretexto de consubstanciarem medidas para restabelecer a paz nacional, consistiram em atos nitidamente criminosos, atentatórios aos direitos humanos e à ordem jurídica. Note-se, aliás, que “o Estado brasileiro reconheceu oficialmente a existência dos ilícitos de sequestro” e desaparecimento de pessoas no episódio do Araguaia, afirma o MPF na peça acusatória.

A denúncia é assinada pelos procuradores da República Tiago Modesto Rabelo e André Casagrande Raupp, de Marabá, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr., de Belém, Ivan Cláudio Marx, de Uruguaiana, Andrey Borges de Mendonça, de Ribeirão Preto e Sérgio Gardenghi Suiama, de São Paulo.

A repórter Nádia Guerlenda, da Folha, informa que tentou ouvir o coronel Curió, mas ele desligou o telefone após a jornalista se identificar e não atendeu mais as ligações.

Comentários

  1. Mudando o foco da questão, o Jornal Nacional, Rede Globo, mostrou hoje a modesta casa do Coronel. É interessante contrastar com o patrimônio atual dos outrora comunistas que, diga-se, posteriormente assumiram os poderes no Brasil. Assim, como uma imagem fala por mil palavras.

  2. O sequestro terminou antes da anistia. O crime já se exauriu em homicídio. O homicídio é crime instantâneo de efeitos permanentes. Sou a favor da punição e contra a anistia, mas esse caminho que o PMF acho não deve prosperar.

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