CNJ revoga aposentadoria de juíza do Piauí

Frederico Vasconcelos

Marcelo Nobre: “Decisão demonstra que conselho não é apenas instância punitiva”

O Conselho Nacional de Justiça revogou nesta terça-feira (13/3) a aposentadoria compulsória da juíza Loisima Barbosa Bacelar Miranda Schies, imposta pelo Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região (TRT-22), reduzindo a pena para censura.

O órgão determinou a imediata reintegração da magistrada a suas funções.

Segundo informa a assessoria de imprensa do CNJ, o Tribunal havia aposentado a juíza do Trabalho de Parnaíba (PI) alegando mau funcionamento da vara, desídia e má gestão, desrespeito e insubordinação do TRT, e falta de urbanidade no trato com os servidores. Mas as alegações não foram confirmadas pelo Conselho.

“Ficou claro que a vara tinha muitos processos, poucos servidores e uma magistrada com problemas que o tribunal não ajudava a solucionar”, afirmou o conselheiro Marcelo Nobre, relator do processo.

A vara teve sua abrangência ampliada de quatro para 15 municípios, enquanto o número de servidores caiu para a metade. O tribunal rejeitou os pedidos da juíza para aumentar o número de servidores, mas assim que ela foi aposentada, concedeu mais funcionários.

“O processo em revisão realmente se desenvolveu numa sequência de extraordinários equívocos”, relata Nobre.

Segundo ele, a magistrada “trabalhou sob condições insuportáveis, sem servidores, com grande número de processos e em situações adversas para realizar a contento seu trabalho”.

A ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, ressaltou que nem mesmo a acusação de desídia pode ser levada em conta, já que a Corregedoria-Geral do TRT autorizou que os juízes comparecessem às varas de terça a quinta-feira.

O voto do relator só não foi acompanhado pelo conselheiro Fernando da Costa Tourinho Neto, que queria a anulação da penalidade aplicada pelo TRT sem a aplicação de qualquer outra punição.

“A decisão unânime para reduzir a pena imposta pelo Tribunal à juíza demonstra que o Conselho existe para proteger a magistratura e fazer Justiça. O CNJ não é apenas uma instância punitiva, mas é o órgão para o qual os juízes podem recorrer se seus direitos forem violados. Este também é o fórum para evitar o desrespeito aos direitos dos magistrados”, afirmou Marcelo Nobre.

(*) Revisão Disciplinar 0006965-72.2010.2.00.0000.

Comentários

  1. Fred, eu gostei dessa atuação. Malandragem não pode ser bem sucedida. A transparência que vai imperar em todos os seguimentos do Governo vai coibir muita coisa mal feita que exista por ai.

  2. As corregedorias não funcionam? Esse fato derruba aquelas insinuações genéricas nesse sentido, feitas por vários “entendidos” em Poder Judiciário…

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