Não é de semântica que se trata

Frederico Vasconcelos

Do editorial da Folha, nesta quinta-feira (22/3), sobre a afirmação do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, “de clara índole intimidatória”, de que moveria 354 ações se o jornal não se retratasse por ter usado o verbo “investigar” para descrever a ação do Conselho Nacional de Justiça naquela Corte:

(…)

O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, confundindo talvez o renome da instituição que dirige com os interesses dos integrantes de sua cúpula, tem tomado as dores da ala da Justiça mais refratária ao escrutínio pelo CNJ e pela imprensa. Nessa visão distorcida, estaria em andamento uma campanha para “denegrir” o Tribunal de Justiça de São Paulo.

(…)

Se há maus juízes, os pares não devem protegê-los. São eles a prejudicar a reputação da Justiça, e não quem expõe suas mazelas perante o público.

Comentários

  1. Infelizmente isso tem acontecido muito. A imprensa formada por muitos jornalistas que não sabem e nem entende o que escrevem, falam um monte de bobagens sem nexo, misturam as coisas, e sem contar a parcialidade que vem dos interesses pessoais dos donos dos jornais, tvs , rádios, etc.
    E pior, ningúem pode falar contrar a ‘Deusa Imprensa” que a gritaria começa…
    Imagina se muitos dirigentes públicos quisessem abrir processos, com certeza teríamos milhões de processos tramitando. Felizmente muitos são passivos ao extremo e passam por cima como nada tivesse acontecido…
    O “Quarto Poder” também precisa de regras…

  2. O engraçado é que parece que ninguém faz nada de errado no Poder Judiciário… Tudo é invenção da mídia… Que maldade!!! O que acontece no TJ de Tocantins, Paulo Medina, Rocha Mattos, Lalau, Carreira Alvim, os pagamentos milionários dos Desembargadores do TJSP, a farra do bacalhau em Minas Gerais, ah, isso é invenção da mídia!!! Ainda bem que ainda existem alguns juízes que só se preocupam em julgar…. Esses, sim, honram a toga que vestem, por talvez não dever nada!!!

    1. Está errado, Paulo Neves! Puxou da “manga” com ar de triunfo uma relação minúscula de juízes que erraram e um caso que ainda está sendo apurado (Desembargadores do TJ/SP) para justificar os ataques sistemáticos que o Poder Judiciário inteiro vem sofrendo. Para disfarçar, emendou, ao final, com o “Ainda bem que ainda existem ALGUNS juízes que só se preocupam em julgar…” crente que aplicou um xeque-mate. Nada disso. Não são ALGUNS juízes, meu caro, são MUITOS JUÍZES, a MAIORIA, que se preocupa em julgar. Esta maioria é composta por pessoas, honestas, e não se preocupam SÓ em julgar, pois como cidadãos também se preocupam em questionar e opinar sobre esta campanha negativa organizada que os atinge. Tais juízes, trabalhadores e íntegros, também têm o DIREITO de exercer a cidadania expondo suas opiniões. O engraçado é que os detratores ainda querem que os juízes fiquem calados, só ouvindo e lendo os ataques da imprensa marrom!

      1. De acordo, Carlos. Muitos, muitos juízes são preocupados em julgar. Talvez se devesse reservar um tempo para responder aos ataques injustificados e ferozes que vêm sofrendo.

      2. Muito bem colocado, Carlos. E vale lembrar que para julgar é preciso serenidade e tranqüilidade, o que fica difícil com questionamentos de amigos e até familiares diante da manifesta campanha de difamação de toda a magistratura.

      3. Prezado Carlos, não é disfarçar, é a realidade, nua e crua. se são poucos os juízes envolvidos nessa “podridão” que estamos assistindo, que bom! Mas não engane a voce mesmo, veja as notícias com um pouco mais de serenidade e menos parcialidade. Talvez assim poderemos recuperar um pouco a imagem do Judiciário, que hoje está se assemelhando a do próprio Congresso, ou até pior.

  3. Guilherme, um problema dos juízes, desembargadores e ministros brasileiros é que eles não têm representantes no Congresso Nacional, pois juiz não pode se candidatar a nenhum cargo político-partidário. Daí, quando o Poder Judiciário é atacado, como está sendo atualmente, não aparece ninguém para defendê-lo na tribuna do congresso ou nos bastidores. Já existem vários Projetos de Lei no Congresso para enfraquecer o Poder Judiciário e ninguém se mobiliza energicamente para contê-los. Outro problema é que eles, os juízes, não têm uma ASSESSORIA DE IMPRENSA COMBATIVA, VIGILANTE e CENTRALIZADA, com site especializado (tipo “Blog do Fred”, “Consultor Jurídico” ou “Migalhas”) com jornalistas profissionais (diplomados) preparados para o contra ataque midiático, do tipo “bateu-levou” e para divulgar as suas virtudes de forma JUSTA, VERDADEIRA, CLARA e OBJETIVA!
    Enquanto os integrantes do Poder Judiciário ficarem nessa calmaria, dando a outra face para o inimigo, vão continuar sendo atacados sem piedade pelo jornalismo marrom travestido de democrático. No mundo de hoje o que vale é a PROPAGANDA, arma que está sendo muito bem usada pelo inimigo para tentar desmoralizar o Poder Judiciário Brasileiro.

  4. Uma coisa é expor mazelas … outra coisa é distorcer a chamada de capa “Corregedoria investiga todos os juízes de São Paulo” (Quando Corregedoria é CNJ, juízes são Desembargadores, e investigação, na verdade, trata-se de inspeção), e no corpo da reportagem dizer outra coisa …
    E na verdade, não falamos de mera questão de semântica, não … uma coisa é falar de investigação (da qual se parte do pressuposto que algo está errado) e outra coisa é falar de inspeção (da qual se parte do pressuposto que tudo está certo) …
    Falar que os Juízes de São Paulo estão sob investigação, da maneira que foi colocada, sem preocupação com a semântica, é colocar toda uma INSTITUIÇÃO sob suspeita, o que não pode ser admitido por toda a Matratura Paulista … isso não é papel do jornalismo que pretende ser considerado sério …

  5. 354 ações indenizatórias (movidas por Juízes/Desembargadores) a serem julgadas por seus pares é intimidatório ao extremo.

    1. O cidadão tem o direito de procurar o Judiciário. Porque os juízes não teriam? Por acaso não são também cidadãos? Ou seriam de 2a categoria? Ora, pois…

      1. Não necessariamente de 2a categoria, agora de uma categoria especial/privilegiada, acredito que sim.
        Concordo contigo, aduzir que entrará com ações jamais pode ser confundido com ameaça, pois ajuizar ação não denota fato ilícito, e sim exercício de direito.

    2. E quem, entao, deveria julga-las? Soh gostaria de saber isto… Vc? Cada bobagem que se lê aqui…por Cristo!

  6. Tanto o Estado de São Paulo como a Folha de São Paulo é quem tem propalado uma visão unilateral e distorcida da Justiça, olvidando-se do jornalismo responsável e imparcial. Se o Poder Judiciário julgasse como estes jornais se manifestam em relação à Justiça estaria abolido o Estado de Direito no Brasil. E talvez estejam assustados com um presidente de Tribunal que tem a coragem de botar os pingos nos is.

  7. Não haverá nenhum comentário sobre o assustador voto da Ministra Rosa, proferido 21/03, em reconhecer como fato consumado as inconstitucionais delegações de cartórios após a Constituição de 1988, reformando decisão do CNJ?

  8. É curiosa essa convergência simultânea e em massa da mídia (vide, só hoje, posts sobre reportagens da Folha, de O Globo e do Estadão) atacando o Judiciário. Será que tem alguma coisa a ver com a proposta legislativa que vai assegurar a ofendidos pela mídia o direito de resposta? Afinal, não será o Judiciário o responsável para conter abusos e erros de reportagens com a aplicação do direito de resposta? Curioso, muito curioso….

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