TJ-SP retira do ar o programa “Contraponto”
Tribunal alega restrições orçamentárias; produção era paga pela Apamagis
O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu encerrar o programa “Contraponto”, produzido e apresentado por Cacilda Decoussau Affonso Ferreira e veiculado pela “TV Justiça” e pela “TV Aberta”.
O novo presidente do TJ-SP, desembargador Ivan Sartori, alegou “restrições orçamentárias”, segundo informa a advogada e mestre em Jornalismo, ao comentar o “inesperado encerramento”.
O programa era produzido pelo TJ-SP e pela Associação Paulista de Magistrados (Apamagis), mas quem pagava era a associação de juízes. Segundo a apresentadora, “a palavra inicial e final” –ou seja, quem decidia– sempre foi do tribunal, cuja nova administração não renovou o apoio. Consultado pelo Blog, o TJ-SP não comentou a decisão.
Segundo informativo da TV Justiça, o programa de entrevistas tinha o objetivo de “discutir, abertamente e sem quaisquer reservas, as mais relevantes e contemporâneas questões de interesse do mundo jurídico”, além de “traçar um perfil pessoal dos convidados”, “distanciando-os assim da costumeira dimensão exclusivamente profissional e jurídica”.
“Contraponto” recebeu quase 300 entrevistados, entre magistrados, advogados, promotores, delegados de polícia e jornalistas.
“Os aprendizado, carinho e apoio que recebi ao longo desses sete anos jamais se apagarão da minha memória”, afirma Cacilda, em comunicado que distribuiu com depoimentos de alguns dos convidados, entre os quais os ministros Ayres Brito e Marco Aurélio, do STF, Mauro Luiz Campbell Marques, do STJ, e Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, do TST.
Ao lamentar sua retirada do ar, o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira disse que o programa “indiscutivelmente colocou o Poder Judiciário mais perto do povo, contribuindo, perante a sociedade, para a quebra do seu hermetismo e da incompreensão que marcam as funções judicantes”.