Juízes sugerem um mutirão no próprio CNJ

Frederico Vasconcelos

Diante do acúmulo de processos adiados, Anamages propõe duas sessões semanais

A Anamages (Associação Nacional dos Magistrados Estaduais) protocolou pedido para realização de um imediato mutirão no Conselho Nacional de Justiça, diante do acúmulo de processos para julgamento.

Até que haja a regularização dessa “taxa de congestionamento”, a entidade sugere que sejam realizadas duas sessões semanais para julgamento dos casos adiados, e que ocorra novo mutirão sempre que houver acúmulo de processos.

Por trás da sugestão, há o entendimento –manifestado por um associado na lista de discussão dos magistrados– de que o órgão que cobra metas dos juízes deveria ser o primeiro a dar o exemplo de eficiência e produtividade. Algo como “casa de ferreiro, espeto de pau”.

“Pode ser vislumbrado, ao primeiro súbito de vista, que o valoroso trabalho do CNJ pode estar sendo prejudicado, sobremaneira, diante das questões administrativas que o mesmo tem que enfrentar”, alega no requerimento o juiz Antônio Sbano, presidente da Anamages.

A associação calcula que a pauta de cada sessão do CNJ reúne entre 50 e 60 procedimentos. Normalmente, o relator gasta em torno de 10 a 15 minutos para fazer o relatório. É dada a preferência para as sustentações orais. A sessão tem em média de 8 a 12 sustentações orais. Novamente com a palavra, muitas vezes o relator repete todo o relatório e passa a proferir o seu voto, gastando entre 20 a 30 minutos. Na votação, há a hipótese de manifestação por todos os conselheiros. Ao ser proclamado o resultado, gastou-se um mínimo de 30 minutos por procedimento, estima a Anamages.

As sessões quinzenais duram no máximo seis horas, com, no máximo, 12 julgamentos. Como a pauta prevê em torno de 50 a 60 procedimentos, há um adiamento médio cumulativo de 40 procedimentos. Ou seja, 80 procedimentos por mês, chegando-se, também em média, a 1.000 procedimentos por ano.

Para verificar se havia necessidade ou não do mutirão, o relator, Fernando Tourinho da Costa Neto, solicitou a todos os conselheiros –incluindo a corregedora nacional de Justiça– que informassem a quantidade de processos em tramitação em cada gabinete e há quanto tempo se encontravam conclusos. Pediu ainda aos colegas que apresentassem sugestões para aprimoramento dos julgamentos no plenário.

“Nenhum dos conselheiros, no entanto, se manifestou nos autos”, registrou o relator.

A Secretaria Processual informou que remanesciam 95 processos da pauta da 142ª Sessão Ordinária pendentes de julgamento.

Tourinho Neto entendeu que o não-atendimento à solicitação, pelos demais Conselheiros, impede saber a quantidade de processos acumulados, e, por conseguinte, a necessidade, ou não, de realização do pretendido mutirão.

Determinou, no último dia 27/3, que os autos fossem remetidos ao presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso, “para as providências que entender cabíveis”.

Pedido de Providências – 0006498-59.2011.2.00.0000

Comentários

  1. Tourinho Neto é, sem dúvida alguma, um magistrado destemido, que enobrece a magistratura.

  2. De a notícia: “A Anamages (Associação Nacional dos Magistrados Estaduais) protocolou pedido para realização de um imediato mutirão no Conselho Nacional de Justiça, diante do acúmulo de processos para julgamento”. rs..rs..rs…é para sorrir ou chorar?
    Sr. Frederico, do que trata esses processos? V. Sa., tem de falar sobre o conteúdo desses processos. O povo, principalmente os comprados em suas consciências com migalhas, não sabem do que trata esses processo do CNJ, sobre os quais, não há ninguém para julgar sobre eles…rs…rs…Calmon que o diga! Para criticar o CNJ, há juízes gritando pela culatra, e para analisar os processos? dar parecer e julgar, cadê os responsáveis. Nós queremos publicidade sobre os conteúdos desse processos. Este é o cerne da questão. Em: 09.04.2012 – 07:50

  3. Ai, ai, ai… Os servidores do Judiciário estão acostumadíssimos a levar bronca pelo acúmulo de serviço a que não deram causa, mesmo estando os Tribunais afogados até o pescoço com processos aguardando julgamento… Agora os Magistrados estão dizendo o que os servidores apenas podem pensar… Que vida irônica…

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