O interrogador e as armadilhas da memória

Frederico Vasconcelos

Do jornalista Maurício Dias, em nota sob o título “Torturador”, publicada na coluna semanal “Rosa dos Ventos”, na revista “CartaCapital“:

Ao ser indicada, ela foi sabatinada no Senado, onde sofreu cronometrados 14 minutos de tortura psicológia infligida por Doméstenes Torres.

Naquele ambiente, ele valeu-se da tensão natural da ministra e formulou 22 perguntas que, com sofreguidão, Rosa Weber anotava.

No longo questionário, o senador usou a técnica maldosa de se referir a decisões tomadas nos últimos anos pelo STF. Não testou o saber. Tentou enredá-la nas armadilhas da memória.

Mesmo assim, a ministra saiu-se bem nas respostas. E também no quesito “honorabilidade”, exigido dos indicados.

Uma questão para a qual Demóstenes parece não dar muita importância.

Comentários

  1. No final de semana, assisti ao DVD do filme Conspiração. Guardadas as devidas proporções, identifiquei o Senador Demostenes no filme. É igualzinho. Quem tiver curiosidade, assista o filme, recomendo.

  2. Claro, ele precisava fazer “mise en scène” na sua atuação teatral de paladino da moralidade.
    Parabéns à PF por desmascarar esse senador a serviço do crime.

  3. Fred e colegas, talvez seja o caso de pararmos tudo, entao. Explico: Ha’ juizes trabalhando normalmente, despachando em processos mas a um passo de medida disciplinar. Ha’ legisladores no Congresso, decidindo sobre o futuro do pais mas sujeitos a perder o mandato caso sejam investigados seriamente. Existem altos burocratas com fantasticas quantias investidas no exterior. Todos eles decidindo sobre assuntos que nos influenciam, direta ou indiretamente.
    Paramos tudo?

  4. A sabatina dos indicados para a Corte, pelos senadores, é um artifício para manter a aparência de pesos e contrapesos no jogo dos “Poderes”. Os senadores, essencialmente mandatários de eleitores, assim como deputados, se fossem submetidos a uma simples prova sobre o procedimento legislativo certamente apanhariam muito, muito mais do examinador…

  5. O Demóstenes é um caso para ser estudado. Nem a criminologia deve explicar tamanha cara-de-pau. Nada obstante, é saudável que senadores usem das sabatinas em indicações para cargos de alta envergadura, com a finalidade de investigarem o perfil do indicado e pertinência da indicação.

  6. Independente do que Demóstenes seja, ele agiu corretamente na sabatina. Nos Estados Unidos, de onde copiamos esse modelo, a situação do entrevistado para a Suprema Corte é muitíssimo pior, com dias (e não horas) de sabatina e as mais diversas pressões (e não de um só senador, que , aliás, fez o seu serviço). Sabatina não é chá inglês da tarde como queria o jornalista Maurício Dias.

  7. o tempo e o senhor da razao.
    vamos aguardar a postura do senador fernando collor nessa cpi, pois, a exemplo do senador demostenes torres, ele tambem tinha como mote eleitoral a busca da transparencia e etica na politica, consubstanciada no jardao “caca aos marajas”

  8. O protótipo da moralidade, originário de uma Instituição respeitável como foi divulgado, recentemente, como tendo uma das melhores credibilidades do País.
    Alguma coisa esta errada nas nossas instituições.

    1. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Concordo com sua opinião e acrescento como coisas equivocadas: a) ficha limpa b) cnj como tribunal de exceção c) lei fiduciária. Lei 9.514/97 d) O formato atual inconstitucional da Lei 9.307/96, tribunal arbitral. e) O código florestal f) Os percentuais destinados à educação no Brasil. Alguns dos equívocos que podem nos levar para uma recessão e dificuldades climáticas e de consumo de água potável. Itens que precisam uma atenção especial e cuidadosa. OPINIÃO!

  9. Parece que entre as muitas interrogações que o caso Demostenes suscita, cedo ou tarde virá novamente à tona, a questão do “grampo”, amplamente alardeado pelo senador e seu interlocutor Ministro Gilmar Mendes, buscando semear dúvidas sobre a idoneidade da Polícia Federal. Ou como o Ministro fez questão de denunciar aos quatro ventos, a atividade “do Estado policialesco”. Cada dia parece que as coisas ficam mais claras.

    1. Caro Jose Antonio, sem dúvida, seus comentarios são oportunos. A livre manifestação de opinião só vale quando nao nos dizem respeito. Poderia voce imagirnar uma varredura geral nos detentores do Poder. O que restaria ? A escuta telefonica só vale para quem não esta no exercício do Poder.

    2. José, sabe por que razão os políticos usam tanto o princípio da prova ilícita? Pelo simples fato de que não há a menor possibilidade de tais provas serem colhidas de forma lícita.
      Por que motivo você acha que o Senador Demóstenes, Procurador de Justiça “escolado” e conhecedor de que provas contra ele somente poderiam ser colhidas com autorização do STF manteve os tais contatos com o Cachoeira? Respondo. Porque ele sabe que se em algum momento uma investigação se iniciasse no STF ele seria imediatamente avisado e deixaria de manter os contatos.
      Fui policial federal por 3 anos e sei que os bons Delegados e Agentes querem trabalhar, mas não conseguem. Nesse país, toda e qualquer investigação da PF é
      “vigiada” pelos párias que estão lá dentro. Tudo só segue adiante se o “comando” quiser. E em alguns estados da Federação a PF é dominada por Deputados Federais, que sabem tudo. Os tais deputados, que são os mais corruptos, sabem de tudo o que se passa lá dentro.
      E nessa linha de raciocínio, alguns delegados só conseguem trabalhar mesmo “na pressão”, ou seja, agindo fora da lei, ou melhor, fora das interpretações absurdas e estritamente restritivas dadas pelo STF, que sempre abarca as teses dos grandes escritórios de advocacia.
      Vivemos em um país atrasadíssimo, onde permanecem os feudos dos inescrupulosos, em detrimento do povo.
      Mas, ao menos, as máscaras vão caindo. Ainda que “eles” não sejam condenados pelas Cortes, são desmascarados por nós.

    3. Hoje a imprensa voltou a noticiar a “ligação” de um e outro, que passa pela nomeação da enteada de GILMAR como assessora do gabinete de DEMÓSTENES. Exposto o escândalo, ela foi “removida” para outro órgão. Pode até não haver nada de ilícito nessa ‘movimentação funcional”, mas o bem das instituições reclama que os fatos sejam aclarados. Com ou sem “estado policialesco”.

      1. A propósito, se a enteada foi nomeada, isso não caracterizava nepotismo? Sou juiz e tenho dosi filhos e esposa formados em Direito e não posso nomeá-los. Qualquer pessoa que eu nomeie tem de assinar um termo afirmando não ser parente de magistrados e etc…será que deram um termo desses pra enteada do ministro Gilmar assinar? E o CNJ, não vai investigar essa nomeação da enteada do ministro?

  10. É… Todo megalomaníaco tenta sabatinar as pessoas em demasia, principalmente se forem mulheres. Satisfaz seu imensurável ego…E quanto à HONORABILIDADE, as reportagens da mídia e as gravações da Policia Federal derrubam quaisquer lampejos ou cacoetes de honra que talvez algum dia já teve ( se é que teve…) o Senador…

  11. Ainda padece de esclarecimento, certamente intensional, sobre quem patrocinava o promotor Demóstenes na sua tentativa de enfraquecer a magistratura criando mecanismos administrativos de intimidação!!!! E cade as ligações do Demóstenes e Eliana Calmon, sobre o que será que falavam…

  12. Ora, mas nessa sabatina feita no Senado o Senador Demóstenes deveria fica bajulando a Indicada, ou mesmo se omitir de fazer qualquer pergunta, evitando indisposições? Afinal, pra que serve a sabatina?

  13. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! O que causa profunda espiação nesse evento é a atitude inversa da moral e da ética. Uma espécie de esporão por espora que deseja na aparência argumental espoliar, porém, inversamente, a espoliação é apenas dos desafetos, apesar das aparências argumentais do então ou por agora senador. Entretanto, pretendia apenas com espetacular questionamento esconder ou obnubilar a especulação por meter-se em operações financeiras escusas. Nada como um bom escriba para cuidar do escrínio político difuso. O que estamos observando nas casas legislativas brasileiras, e, congresso nacional é infelizmente o desabrochar por afloramento proveniente de sonhos oníricos, a onipotência por onisciência, que imita nos argumentos balbuciantes do palco teatral político, nos seus púlpitos, uma onomatoméia discursal invertida e falsa. Onde o significado é o contrário de dito. Foi pelo visto um questionamento ominoso. Assim caminha a azáfama discursal intencional política por celeridade e falsa moralidade, típico azedume de aziago. OPINIÃO!

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