Procuradores repudiam novo Código Florestal

Frederico Vasconcelos

Nota afirma que projeto atende principalmente a interesses de setores produtivos

Procuradores da República em Minas Gerais assinaram nota de repúdio ao Novo Código Florestal. Segundo a manifestação, o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados revela descompromisso com a proteção ao meio ambiente e atende primordialmente aos interesses econômicos de setores produtivos e de pequena parcela da população.

Eis a íntegra do documento:

A recente aprovação do projeto de lei do novo Código Florestal pela Câmara dos Deputados revela completo descompromisso com o direito transindividual, intergeracional e fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O projeto aprovado, ao invés de garantir adequada proteção ao meio ambiente – que é essencial à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações -, atende primordialmente aos interesses econômicos de pequena parcela da população.

As recentes catástrofes ambientais e as constantes mudanças climáticas indicam que a tutela ambiental é hoje, na verdade, insuficiente, e precisa ser ampliada para garantir com eficácia sadia qualidade de vida a esta e a futuras gerações.

Não obstante e apesar das várias manifestações contrárias de organizações da sociedade civil, integrantes do poder público, Ministério Público e instituições científicas demonstrando a ausência de base científica, bem como a desnecessidade e inadequação da reforma pretendida, os deputados federais parecem ter ouvido apenas os anseios dos setores produtivos. Assim, desconsiderando as legítimas expectativas do restante da população, renunciaram ao padrão de proteção ambiental hoje proporcionado pela legislação e que já estava incorporado ao rol de direitos fundamentais de cada cidadão.

Ademais, em prejuízo da segurança jurídica e demonstrando total desprezo pelos milhares de produtores que cumpriram a legislação vigente, o projeto chancelado pela Câmara dos Deputados anistia aqueles que ilegalmente suprimiram vegetação nativa.

A exemplo do que já ocorreu em outras unidades da federação – dentre as quais o Estado de Minas Gerais, que reduziu sem respaldo técnico a proteção das margens de reservatórios artificiais em benefício de parcela da população e em detrimento do direito ao meio ambiente – e em total inobservância aos compromissos internacionais assumidos pela República Federativa do Brasil, os deputados federais chancelaram diminuição da preservação ambiental, em inaceitável retrocesso, o que é veementemente repudiado pelos Procuradores da República em Minas Gerais que abaixo assinam:

Adailton Ramos do Nascimento

Águeda Aparecida Silva Souto

Allan Versiani de Paula

Antônio Arthur Barros Mendes

André de Vasconcelos Dias

Carlos Henrique Dumont Silva

Daniela Batista Ribeiro

Edmar Gomes Machado

Edmundo Antônio Dias Netto Júnior

Eduardo Morato Fonseca

Fernando de Almeida Martins

Frederico Carvalho de Paiva

Helder Magno da Silva

Isabela de Holanda Cavalcanti

Leonardo Augusto Santos Melo

Ludmila Junqueira de Oliveira

Marcelo José Ferreira

Mirian do Rozário Moreira Lima

Patrick Salgado Martins

Raquel Cristina Rezende

Silvestre Rodrigo Leite Prado

Silmara Cristina Goulart

Zani Cajueiro Tobias de Souza

Comentários

  1. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Há má fé na alteração feita sobre “margens dos rios”, “córregos” e, etc. Não há proibição de utilização das margens pela ambiente agrícola. O que precisa é: Recuperar o estrago já feito. E, é importante, que preservem no mínimo 50 metros de cada lado das margens e podendo chegar até 02 kilómetros nos rios do grande amazonas. Essa preservação NÃO impedirá atuação AGRICOLA E PASTORIL, impedirá que: Movimentos imobiliários somados aos agrotóxicos e substâncias tóxicas, de caráter industrial e mesmo comercial se apropriem das margens dos RIOS. Há necessidade de proteger as nascentes. O que impera nesse Código Florestal é a IGNORÂNCIA e MÁ FÉ! Sou pelo VETO INTEGRAL e reedição de medidas provisórias que cumpram sua função. Preservar a água POTÁVEL de BEBER. OPINIÃO!

  2. O pais esta sendo saqueado e o mp preocupado com o meio ambiente, os indios, etc. Ambientalismo nesse pais causou efeito manada, virou verdade absoluta.
    Vamos se práticos. Porque não fazemos um código florestal como os do eua, ou da frança, ou da alemanha? Porque o greenpeace$ não quer.
    Quero ver os franceses arrancarem suas vinhas da upps.

  3. Quando se iniciou a defesa dos direitos trabalhistas, ou a defesa dos direitos dos consumidores, coisa semelhante houve. No começo há uma ENORME tendência protecionista que, com o tempo e a experiência acumulada, destempera-se para níveis coerentes com um espectro mais amplo dos interesses envolvidos. A questão do meio ambiente ainda está naquele patamar de defesa sem critério. AO CONTRÁRIO DO QUE POSSA PARECER, isso gera normas imprecisas ou que recebem críticas como se fossem normas tendenciosas, em detrimento de um meio ambiente que estaria sendo violado em prejuízo da viabilidade da vida humana na Terra… Calma lá… Os produtores não usam as áreas, sim, mas o alimento tem que ser produzido, ou não? Nem tanto ao céu, nem tanto à terra…

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