O mensalão e a morosidade, renitente inimiga
De Almir Pazzianotto Pinto, Advogado, ex-ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho, em artigo publicado no “Correio Braziliense“, sob o título “Mensalão e Judiciário”:
A morosidade é renitente inimiga do Poder Judiciário, cujos melhores e mais operosos integrantes mostram-se incapazes de derrotar. Para certos magistrados, o tempo inexiste; ou não importa. É da lentidão, contudo, que crime e impunidade se alimentam. Não se conhece melhor fermento para a corrupção do que a certeza de que o tempo agirá com solvente, e fará desaparecer, no esquecimento, o enriquecimento ilícito.
(…)
Há pressão no sentido do julgamento da causa [ação penal do mensalão]. Pressão legítima, que resulta do sentimento nacional de cidadania, rogando ao Supremo o cumprimento do dever de se pronunciar. Tanto quanto o Legislativo e Executivo, o Judiciário é pago com o suado dinheiro do contribuinte, criminosamente desviado pelos envolvidos nos escândalos que abalam a República, o governo, e corroem a imagem da democracia.
O Supremo está farto de saber que não goza de imunidade diante do correr dos dias.
Fred nossa Justiça foi estruturada para dar retaguarda aos políticos cujos atos deveriam lhes custar o cargo e, no entanto, eles continuam se reelegendo e elegendo quantas vezes quiserem. Ex. Sarney, Maluf, Garotinho etc. Esses jamais responderão pelos seus atos. Agora ao povo resta…
O mais irritante é ver a cúpula do Judiciário impondo um sistema de metas para a primeira instância, obrigando Varas, Juíze e Servidores a constantes maratonas (meta 1, meta 2, meta 3, meta xxx), tanto quanto vários Tribunais em esforços homéricos de tentativa de conciliação, enquanto que o MENSALÃO, que toda a sociedade espera ver julgado e PUNIDO, continua pendente de apreciação.