Reflexões sobre a cassação de um ex-caçador

Frederico Vasconcelos

“Fui perseguido como um cão sarnento (…) Fui investigado como ninguém foi investigado no Brasil, dia e noite, e não apareceu nada, nada, nada, nada. (…) Fui chamado, pela imprensa, de bandido, pilantra, psicopata, braço político, desonesto, uma pessoa que tem dupla personalidade, que coloquei o meu mandato à disposição de uma quadrilha, que era um despachante de luxo.” (Demóstenes Torres, em “O Globo“)

“Demóstenes agora é passado. O que fica é a conclusão de que este foi um caso diferente. E que o Senado não teve um arroubo ético. Parlamentares mais enrolados que ele continuarão a se salvar.” (Alan Gripp, jornalista, na Folha)

A saída de Demóstenes, que nos dias de glória apontou o dedo para os coronéis José Sarney e Renan Calheiros e ontem pedia perdão aos que ‘levianamente’ atacou, deixa o Senado sem alguém para acusar colegas pegos com a boca na botija.” (Bernardo Mello Franco, jornalista, na Folha)

Foi difícil para todos nós, senadores, participar da sessão, mas tínhamos que cumprir com o nosso dever.” (José Sarney, PMDB-AP, em “O Estado de S. Paulo“)

É uma coisa constrangedora, abjeta, ter que julgar um companheiro. Não faz bem à alma.” (Renan Calheiros, PMDB-AL, no “Valor Econômico“)

Se Demóstenes Torres fosse do PMDB ou do PT, não haveria cassação. O fato mais invocado pelos senadores, como peso decisivo para cassá-lo, foi ter mentido ao Senado” (…) Muito mais acintosas e numerosas foram as mentiras de Renan Calheiros e suas vaquinhas milagrosas.” (Janio de Freitas, jornalista, na Folha)

Não se trata só de ter mentido e sim de ter atuado, ao lado, na defesa dos interesses de uma organização criminosa.” (Randolfe Rodrigues, do PSOL-AP, no “Correio Braziliense”)

Vejo que o trabalho foi reconhecido e que se fundamentou em provas contundentes. É uma página difícil para o Senado, mas é um momento de afirmação da democracia.” (Humberto Costa, PT-PE, no “Correio Braziliense“)

Eu cumpri o meu papel. Para mim, o processo terminou hoje. A decisão do Senado é soberana.” (Antonio Carlos de Almeida Castro, o “Kakay”, advogado de Demóstenes, em “O Estado de S. Paulo“).

“O Senado expurgou o tartufo Demóstenes Torres, paladino da moralidade e praticante da imoralidade. No entanto sobraram pelo menos outros 19 parlamentares, que, ao abrigo do voto secreto na Casa, optaram por sua absolvição.” (Hélio de Lima Carvalho, leitor, na Folha)

Comentários

  1. Demostenes Torres, está muito bem, volta ao Ministério Público de Goias, como Procurador de Justiça, com salário integral, como fez Ibsen Pinheiro, no caso dos anoes do orçamento, que hoje e deputado federal. Nas proximas eleições, Demostenes Torres, voltara ao Congresso Nacional, mesmo ao arrepio da CF que veda o exercicio de qualquer atividade politico-partidaira dos membros do Ministerio Público, art. 128, paragrafo 5o., inc. II, alinea E. Leia e Lembre.

  2. O sistema, pra se manter, necessita de vez em quando levar um bode expiatório ao altar do sacrifício. Calha então lembrar Diógenes, na velha Grécia, que diante da passagem de condenados à forca pronunciou: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos”.

    1. Caro Bruno, Grato pelo alerta. Por cochilo deste editor, a citação reproduziu o erro cometido pelo jornal. Feita a correção. abs. fred

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