Mensalão: “Até a minha mequetrefe”
De Paulo Sérgio Abreu e Silva, defensor de Geiza Dias, ex-secretária da agência SMP&B, ao comentar o voto do ministro Joaquim Barbosa pela condenação do deputado João Cunha (PT-SP), em reportagem de Jailton de Carvalho e Evandro Éboli na edição de “O Globo” neste sábado (18/8) sobre a preocupação dos advogados com o primeiro voto do relator da ação penal do mensalão:
“Todo mundo vai ser condenado [pelo relator]. Até a minha mequetrefe. Em relação ao relator, não tenho esperança alguma de absolvição. A hora que começar o voto do revisor [ministro Ricardo Lewandowski], pode ser que tenha uma modificação em alguns tipos de crime. E também com a manifestação do plenário”.
“Mequetrefe” foi a expressão usada pelo defensor para qualificar Geiza como uma funcionária menor, sem poder de decisão na agência de Marcos Valério, na tentativa de isentá-la da acusação de formação de quadrilha.
Sobre essa classificação, que teria deixado a cliente radiante, segundo o advogado, que inicialmente pensou em usar a expressão “baranga”, o colunista Ruy Castro comentou, no último dia 11/8, na Folha:
“Nelson Rodrigues diria que não se chama uma baranga de baranga, jamais. Nem sei se é o caso de Geiza. Mas, mequetrefe ou baranga, não faz diferença, desde que passe por sinônimo de inocente”.
O julgamento do mensalão revela uma advocacia arrogante e despreparada. Argumentos falaciosos e alicerçados em emoções e crenças. Percebe-se claramente que o Brasil é corrupto e ineficiente porque é conduzido, em grande parte, por advogados e juristas ineptos e deslumbrados. É preciso retirar o poder desse tipo de gente.
Conta-se em Minas Gerais, com o exemplo do comentário do jogador de futebol (“uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”), que mequetrefe é uma coisa e baranga é outra coisa, bem diferente aliás. RUY CASTRO não era mineiro?