Mensalão: contra o desencanto com a política

Frederico Vasconcelos

Da ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ao final de seu voto na última quinta-feira no Supremo Tribunal Federal durante o julgamento do mensalão, segundo registra o jornal “O Globo”:

Estamos julgando pessoas que eventualmente tenham errado e contrariado o Direito penal. Mas, obviamente, isso não significa, principalmente para os jovens, que a política seja necessariamente ou sempre corrupta. Ao contrário. A humanidade chegou ao momento em que nós chegamos porque é a política ou a guerra.

Eu não poderia deixar de dizer isso a dez dias das eleições, porque eu não queria que a condenação tão triste de cada um, principalmente desses que receberam a confiança tão grande dos eleitores, tivesse a característica de ser uma forma de descrença na política.

Cada vez mais é preciso mais rigor na ética e no cumprimento das leis pelos políticos, para que a gente cumpra esse tão difícil modelo brasileiro, exatamente com o rigor que a sociedade espera de cada servidor público, de cada agente público.

É a ética ou o caos. Quem exerce o cargo político deve exercê-lo com mais rigor em termos de ética e cumprimento de leis do que aquele que resolve cuidar apenas das suas próprias coisas. Porque está cuidando da coisa de todos. E um malefício, um prejuízo no espaço político, principalmente de corrupção, significa não que alguém foi furtado de alguma coisa, mas que uma sociedade inteira foi furtada.

Comentários

  1. É verdade… Mas é inevitável meditarmos sobre um famoso ditado popular: de bem-intencionados o inferno está cheio. É perigoso destemperar o rigor com que temos que olhar a classe política. Rigor, sim, e muito. Há muitos por aí que, dissimuladamente, consideram o mensalão como um “mal necessário” para que o PT pudesse realizar seus intentos sociais. Balela… Se atenuantes houver, que sejam consideradas e que todos os que não estejam sob reais provas sejam absolvidos. Se for identificado um laranja, que seja afastado da punição. Mas, por óbvio, é preciso que a sociedade tenha uma responsta punitiva aos que traíram seus eleitores.

Comments are closed.