Mensalão: dever de casa incompleto

Frederico Vasconcelos

No longo voto proferido no último dia 1/10, durante o julgamento da ação penal do mensalão, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, disse que “o cidadão tem o direito de exigir que o Estado seja dirigido por administradores íntegros, por legisladores probos e por juízes incorruptíveis”.

A propósito, Celso de Mello mencionou, durante os debates, uma ação penal que tramita no Superior Tribunal de Justiça contra o juiz Paulo Theotonio Costa, denunciado sob acusação de lavagem de dinheiro. O juiz se encontra afastado do TRF-3.

Tivesse o decano aprofundado mais a narrativa sobre a situação daquele magistrado, a sociedade saberia também que Theotonio Costa foi condenado pelo STJ em 2008 por corrupção passiva, com a perda do cargo, mas o Ministério Público Federal não consegue ver cumprida essa condenação, pois os recursos protelatórios no Supremo impedem a execução do acórdão.

Comentários

  1. E,”QUANDO SERÁ “?QUE O “CIDADÃO”PODERÁ “TAMBÉM”EXIGIR O “FIM DESSES ABSURDOS RECURSOS PROTELATÓRIOS”NO SUPREMO,ONDE ,EM VEZ DE “PUNIR”COM PENAS QUE “DEVERIAM(ATÉ PELO CARGO QUE OCUPAM)SEREM MAIS “SEVERAS”,”PREMEIAM”COM “APOSENTADORIAS COMPULSÓRIAS INTEGRAIS”?”VERDADEIROS INCENTIVOS Á CORRUPÇÃO!!!!

  2. Se os problemas do TRF-3 nessa seara fossem apenas o que o post menciona, até que tudo seria administrável. Mas quando se lembra do caso do juiz (depois eleito presidente) que até falsificou recibo de entrega de declaração de imposto de renda e conseguiu “livrar a cara” por decisão do Supremo Tribunal… Lamentavelmente não são casos isolados.

  3. Taí algo quase impossível de ser visto no Brasil: juiz corrupto perder o cargo e ser preso. Agora pergunto: onde estão os costumeiros comentaristas que sempre reclamam que a mídia move uma campanha contra o poder judiciário? POR FAVOR, COMENTEM!

    1. Júnior, desista. Esses comentaristas não podem justificar o injustificável. Quem conhece só um pouquinho o nosso judiciário tem todos os motivos para ficar revoltado. Como é possível, por exemplo, não notar a enorme quantidade de pessoas ocupando cargos por indicação política, magistrados e servidores ineptos, o uso de veículos e motoristas para fins particulares, a apropriação de diárias e valores sem uma efetiva contrapartida, a falta de punição para membros do judiciário corruptos e prevaricadores, a mania que alguns têm de dar carteiradas etc etc etc. E há apenas “maçãs podres” nesse ambiente? Claro que não! Há muitas pessoas honestas e competentes, tão como existem alguns que são motivo de desprezo. Os dois lados existem em qualquer grande instituição. O que não dá pra engolir é a total apatia no sentido de mudar essa realidade e, principalmente, esse discursozinho batido de que o judiciário é um “bode expiatório” ou uma “Geni”. Sempre que leio argumentos desse “quilate”, desconfio seriamente da sinceridade de quem os escreve.

      1. Sr. Carvalho, sou Magistrado com muito orgulho e concordo com o sr. quando diz que existem bons e maus juízes. Mas como o sr. diz conhecer um pouquinho o nosso Judiciário, poderia, pelo menos, citar bons magistrados compromissados com a função e suas boas práticas (nem precisa citar nomes), para que os leitores saibam mesmo que existem os dois lados? Quanto aos maus juízes que o sr. conhece e suas práticas indevidas, seria ótimo se o sr. encaminha-se os nomes para o CNJ apurar tudo, aí, nós, Magistrados de bem, ficaríamos muito gratos.

  4. Jovem Fred,
    Pelo visto o Min. Celso de Mello foi incauto, ao mencionar caso que dormita no próprio STF.
    Agora sua perspicácia é incrível.
    Parabéns

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