“É tempo de repensar a estrutura associativa”
Sob o título “Associações e Tribunais”, o artigo a seguir é de autoria de Antonio Sbano, presidente da Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages). Foi publicado originalmente no site da entidade.
Tenho, com frequência, questionado o modelo associativo da magistratura brasileira.
No passado, quando as associações locais eram dirigidas por desembargadores não existiam conflitos e as conquistas surgiam naturalmente. Enfim, a magistratura era respeitada e vista com reverência. Entretanto, só se conquistava aquilo que os tribunais permitiam, nada mais!
Com a democratização, juízes de 1º Grau assumiram as Associações e, a partir de então, as dificuldades afloraram.
As portas foram se fechando. Dirigentes locais, apesar de seus ideais e de suas lutas são asfixiados pelo poder concentrado e pouco podem fazer, sob pena de ter prejudicada sua progressão funcional. Uma ou outra luta pontual, mas sem grande poder de confronto, fazendo com que as associações estaduais busquem abrigo na AMB.
Por seu turno, a AMB, congregando magistrados federais, trabalhistas e militares deixa de exercer sua função maior, a de CONFEDERAÇÃO, agindo como a representante nacional da magistratura estadual, isto é, assumindo o papel de mera associação, enfraquecendo-se.
O cenário atual não é o mesmo de 60 anos passados, quando efetivamente se tinha predominância da magistratura estadual, hoje ainda em maior em número, mas com o concurso dos demais segmentos a integrar a MAGISTRATURA NACIONAL. Assim, nem sempre a AMB tem a oportunidade de agir em defesa dos interesses estaduais, evitando conflito entre seus demais associados, razão pela qual se sustenta e se luta pelo crescimento da Anamages, não como concorrente da AMB, porém como entidade independente e apta a lutar pelos magistrados estaduais, como tão bem fazem a AJUFE e a ANAMATRA em relação a seus juízes.
Questão tormentosa é saber se a associação deve agir quando se tem conflito entre o interesse coletivo e o individual. Na Anamages, após acaloradas discussões, chegou-se ao consenso de que a associação deve agir sempre em defesa do interesse coletivo e da legalidade, ainda que fira o interesse individual de algum ou de alguns associados. Paga-se um preço, os contrariados se desligam, mas outros, satisfeitos com as medidas, se filiam.
É constrangedor se ver a reação dos tribunais quando contrariados em especial com procedimentos junto ao CNJ. Os dirigentes não entendem que uma associação não é mero clube social, mas sim uma órgão de atuação sindical, com a obrigação de lutar intransigentemente pelos direitos e conquistas da classe. Tomam os procedimentos como algo pessoal, revivendo a vestuta postura: “se não concorda comigo, meu inimigo é”, chegando-se até ao pedido de desfiliação do que se sentiu atacado, quando o ataque é ao ato administrativo, nunca contra a pessoa. De outro vértice, devem as associações defender o bom combate e as boas práticas dos tribunais.
Já é tempo de se repensar a estrutura associativa, de se colocar de lado paixões, sentimentos pessoais e, acima de tudo, birras históricas típicas de tempos escolares que longe já se vão, para pensar no coletivo, no fortalecimento da magistratura como um todo e isto somente será alcançado quando os ideais associativos se colocarem acima da busca de vantagens ou de alavancas para o “subir” profissional.
Impõe-se que todas as associações locais se unam às nacionais de seu segmento e que estas, TODAS, se agreguem e integrem não uma mera associação, mas sim a uma grande confederação, ganhando forças para enfrentar as barreiras internas e as crescentes que os demais Poderes tentam nos impor.
O colega Francisco passa uma idéia de que na federal é só encontros em hoteis luxuosos e festinhas de posse. Só se for no âmbito da REJUFE. Na 3ª Região, temos a AJUFESP que faz um encontro a cada dois anos (vai ocorrer um agora no Hotel Jequitimar – Guarujá – os interessados pagam R$ 400,00, em quarto dividido com outro colega (apt-duplo) – dois ou três dias de duração – não há patrocinadores – ao menos isso não foi anunciado – não participarei por compromissos anteriormente assumidos).
E na AJUFE, é o encontro anual (o último em dezembro, no Rio de Janeiro – também não fui – e também não tinha patrocínio, ao menos não foi divulgado)
O resto é trabalho (dureza) dos associados em seus feitos. Já as associações, parecem estar mesmo um tanto quanto inoperantes. Daí o artigo de Sbano, que é presidente da ANAMAGES, dizendo sobre a superação desse modelo associativo atual. Deve saber o que diz.
Concordo que precisam haver mudanças.
Uma bandeira para isso: ELEIÇÕES DIRETAS JÁ. Não nas associações, obviamente, onde já são praticadas há muito tempo. E um princípio irrevogável (é lei do “mercado”, não adianta chiar): SÓ FUNCIONA NA PRESSÃO. Dos associados, é claro. Presidente em gabinete de Presidente, não é pressão. É promoção.
O uso do cargo para tanto tem sido comentado amiúde, nas coxias. Presidente da AJUFE é “promovido” a Conselheiro do CNJ – diz a lenda. E de fato uma meia dúzia, ou algo próximo dela, virou mesmo. Então, …. onde há fumaça, …
Por fim a questão dos coqueteis de recepção aos novos juízes: A AJUFE acaba de fazer uma consulta – posse de colegas na 1ª Região. Por maioria foi rejeitado. Eta povo muquirana. Não sabem nem receber os novos colegas.
(opinião)
Neste ponto, Sbano está com a razão: antigamente a coisa era diferente.
O articulista tem razão, pois na atualidade a maioria das Associações de Magistrados(como magistrado federal, eu sou associado de duas delas, a AJUFE e a REJUFE DE PERNAMBUCO)serve apenas para realizar encontros patrocinados por Bancos e Grandes Empresas, em hotéis de luxo, onde os Ministros dos Tribunais Superiores são recebidos como verdadeiros Reis, com toda pompa e ficam em suítes de luxo, ou então para realizar festinhas de comemoração de nomeações de novos juízes, recém chegados na categoria. E ainda, e isso é o pior, como trampolim para alguns ex-Presidentes galgarem cargos no CNJ ou no próprio Judiciário. É lamentável e por isso estou pensando em deixar de ser associado, porque afinal estou pagando para isso, com parte dos meus magros vencimentos, que, por inoperância dessas Associações, estão congelados há mais de três anos.
Na Anamages, após acaloradas discussões, chegou-se ao consenso de que a associação deve agir sempre em defesa do interesse coletivo e da legalidade, ainda que fira o interesse individual de algum ou de alguns associados. Paga-se um preço, os contrariados se desligam, mas outros, satisfeitos com as medidas, se filiam.
E quem vai escolher entre aqueles que ficam e os que partem??? O presidente ??? Então êh ditadura e nao vida associativa …