Janot: “Mais diálogo e transparência”
Eis as opiniões do Subprocurador-geral da República Rodrigo Janot sobre a sucessão do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel.
Blog – Como pretende desenvolver sua campanha para indicação da lista tríplice da ANPR?
Rodrigo Janot – A campanha será feita com base nas minhas ideias, profundo conhecimento e experiência adquirida em quase 30 anos de carreira. Tenho propostas para superar o isolamento institucional em que o MPF se encontra, modernizar a gestão da casa, torná-la mais ágil e eficiente. Para isso proponho ampliar o diálogo com as outras instituições, sistematizar a nossa produção de trabalho, criar estatísticas, deixar nossas ações mais acessíveis e valorizar a carreira. Pretendo, por exemplo, transformar o gabinete do Procurador Geral em um cartório, de tal forma que, com exceção dos processos que estão sob sigilo de justiça, qualquer pessoa possa ter acesso aos prazos de tramitação. Também pretendo reestruturar os gabinetes da PGR; atuar de forma coordenada junto aos tribunais superiores; trabalhar pelo regramento por meio da Lei de Ofícios; buscar o protagonismo do CNMP; melhorar a gestão administrativa; aperfeiçoar a estrutura do MPF nos tratados de cooperação internacional; manter paridade e canal de contato direto com os aposentados, entre outros. Em resumo, minha campanha está baseada em propostas de trabalho voltadas às necessidades estruturantes do MPF, e não em retórica política.
Blog – Entende que a consulta da ANPR é a forma mais adequada para a indicação do (a) futuro (a) Procurador (a) Geral da República?
Rodrigo Janot – Não existe hoje na legislação a definição sobre como deve ser a formação da lista tríplice do MPF. Portanto, a ANPR cumpre um importante papel institucional para a legitimidade desse pleito.
Blog – Pretende pedir férias ou licença para se dedicar à campanha?
Rodrigo Janot – Sim, a partir de hoje, dia 14 de março, estarei de licença por um mês para me dedicar ao diálogo com meus colegas da carreira, fazendo visita aos estados e acompanhando em loco as demandas enfrentadas para cumprir as obrigações institucionais do MPF. Acredito ser mais transparente tirar o período de licença neste momento, pois entendo que um procurador-geral deva conhecer em profundidade as realidades regionais. A experiência me mostrou que é mais adequado retirar este tempo, ao qual tenho direito legal e não vai onerar os cofres públicos, para me dedicar à campanha do que fazer isso enquanto estou trabalhando, o que prejudica, na prática, a atividade do procurador porque absorve seu tempo com demandas, debates e entrevistas.
Blog – Possui uma equipe para realizar sua campanha?
Rodrigo Janot – Não, e também por não ter equipe estou tirando a licença para poder me dedicar à campanha. Apenas conto com a colaboração de colegas do Ministério Público e amigos pessoais que apoiam as minhas ideias para valorizar a instituição e defender as prerrogativas de seus membros.
Blog – Como se trata de uma escolha prévia entre membros do MPF, considera adequado o apoio de uma assessoria externa de relações públicas/imprensa para contatos com a mídia? Supondo tratar-se de apoio voluntário, é saudável a um membro do MPF dever favores a uma empresa privada?
Rodrigo Janot – Uma das minhas plataformas é a ampliação do diálogo com todos os segmentos da sociedade, incluindo a imprensa. No entanto, sei que a relação do Ministério Público com a imprensa é delicada, exige técnica, transparência e diálogo qualificado. Por isso busquei ajuda de profissionais de comunicação para tornar essa relação a mais transparente e tranquila possível, seguindo os padrões de relacionamento entre fontes e jornalistas. Por isso, contratei o trabalho porque considero obrigatório que essa relação seja profissionalizada.
É pueril imaginar que um procurador da República, que goza de autonomia administrativa e funcional, além de vitaliciedade, ficaria devendo favores a uma empresa ou a uma pessoa por conta deste tipo de serviço.
Blog – De forma resumida, qual é sua principal proposta e o que espera mudar se for indicado para PGR?
Rodrigo Janot – Como dito, ampliar o diálogo institucional, pois vivemos período de isolamento, de autismo institucional. Minhas principais bandeiras são: diálogo, crescimento e profissionalização. Temos que aumentar a transparência na PGR. O que fazemos, quando e o porquê. Temos que dar respostas rápidas para as crescentes demandas, agilidade. Resumidamente são as grandes linhas das propostas e os efeitos esperados.