Rosa: desocupação prejudica população

Frederico Vasconcelos

Ministério Público de SP não obtém liminar para sustar ato da presidência do TJ-SP

 

 

O conselheiro José Guilherme Vasi Werner, do Conselho Nacional de Justiça, negou pedido de liminar feito pelo Ministério Público de São Paulo para barrar o ato do Tribunal de Justiça de São Paulo que visa desocupar as salas utilizadas pelos promotores em 58 fóruns do Estado.

O MP-SP pretendia obter liminar para determinar a abstenção, por parte da Presidência do TJ-SP e dos diretores de fóruns, de qualquer iniciativa para desocupação unilateral dos gabinetes, salas e espaços ocupados pelo MP nos referidos prédios.

Para Vasi Werner, o fato de o Tribunal ter estabelecido novo prazo mínimo de seis meses para que sejam tomadas as providências não justifica a urgência em atender o pedido.

No mesmo despacho, o conselheiro aceitou o pedido da Associação Paulista do Ministério Público de figurar como entidade interessada no processo.

No último dia 24/4, o Procurador-Geral de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa, requereu, ao presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa, a instauração de Procedimento de Controle Administrativo em face de “ameaça de realização de ato ilegal” promovido pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori.

Rosa afirma que o pedido não tem amparo legal, mas Sartori entende que a Constituição de São Paulo dá ao Judiciário o poder de decidir como os fóruns devem ser ocupados.

Na representação ao CNJ, o Procurador-Geral alinhou os seguintes fatos e motivos contra a retirada unilateral de gabinetes utilizados pelo MP:

– A desocupação anunciada atingirá, no mínimo,522 Promotores de Justiça e 1290 servidores do Ministério Público;

– O ato viola a autonomia administrativa constitucionalmente deferida ao MP, impondo a paralisação de serviços públicos essenciais;

– A obtenção de sédes próprias não se concretiza em pequeno lapso temporal;

– Foram infrutíferas as tentativas de desconstituição dos prazos de 40 a 90 dias para a desocupação;

– Infelizmente, uma vez vencidos os prazos “decididos” pelo TJ-SP, “realizará o Poder Judiciário, de forma unilateral, medidas para a desocupação forçada das salas”;

– Em 2012, o MP concluiu e instalou novas unidades nas comarcas de Araraquara, São Carlos, Mirassol, Penápolis e Martinópolis, além de transferir parcialmente suas unidades nas comarcas de Guarulhos, São José do Rio Preto, Brás Cubas, entre outras. “Prazos exíguos para a desocupação e os motivos que inspiram aquela decisão conflitam com a realidade”;

– No sistema eletrônico utilizado pelo TJ-SP, o acesso aos processos digitalizados é viável apenas com a presença física dos Promotores de Justiça nos prédios dos fóruns;

– Não cabe ao Poder Judiciário desalojar órgãos de execução do Ministério Público das salas ou gabinetes por este utilizados no recinto do fórum, sob a gestão administrativa exclusiva do Procurador-Geral de Justiça;

– Historicamente, no Estado de São Paulo, a construção destinada aos prédios dos fóruns, bem como sua ampliação ficam a cargo do Governo do Estado, sob a gestão da Secretaria da Justiça;

– Não há previsão orçamentária no MP para a realização imediata das despesas com a desocupação;

– O MP tem a prerrogativa de elaborar sua proposta orçamentária e é vedado dar início a programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

– Caso concretizada, a ameaça de desocupação representará “prejuízo irreparável para a população das cidades envolvidas, destinatárias dos serviços prestados pelo Ministério Público e pelo próprio Poder Judiciário”.

Comentários

  1. A verdade é que a imprensa sabe de todas estas ilegalidades recorrentes praticadas pelo MP e que violam a moralidade e por razões obscuras, ou nem tanto assim, não divulga nada. Calam-se, inclusive, sobre os SECRETOS salários, a ausência de publicidade em julgamentos de promotores e procuradores, etc… Uma coisa é certa, em SP os prefeitos estão liberados a não divulgar nada na internet no que se refere a salários, pois o MP sempre ambiguo não tomará providências, pois tem o rabo preso com os seus salários secretos…a propósito, poderia também ter uma campanha para saber se promotores ficam no forum de segunda a sexta…

  2. E começou o processo de autofagia decorrente da vaidade ferida. As capas se voltam ferozmente contra quem ousa ter ou ganhar o que a capa não recebe. Chego a pensar que o Executivo está sendo estúpido. Não importa, afinal, o aumento, a melhoria de estrutura etc. Apenas que ninguém tenha algo que a capa não tenha.
    É só o Executivo segurar os outros então. É o que deduzo tamanha a recorrência de críticas sobre vantagens e salários do MP, economia ou gasto com dinheiro para aumentar salários ou diárias. Incrível. A “crise ” está revelando muito….

  3. O MP não quer gastar em infraestrutura pois sobrará menos para pagar seu milionários e SECRETOS salários, tudo somado a diárias cruzadas, ou seja, alteram-se sedes de substitutos para todos ganharem, pagamento por cumulação de cargos, o que também significa cumular a mesa ao lado, não são providos cargos para aumetar salários dos promotores (p. ex. pacaembu, cananéia que por muito tempo não tiveram titulares) que ganham para cumular e atrasar o serviço, pagam auxílio mudança de 30 diárias sem comprovação de despesas, ou seja, não precisa fazer mudança nenhuma para engordar o salário, em suma, tudo muito SECRETO e SIGILOSO. Mas a quem interesse fiscalizar o fiscal…. Fato: divulguem o salário na internet srs. Promotores e veremos se ganham o mesmo que juízes, esta é uma das maiores mentiras contatadas pelo MP. É o mesmo que dizer que oficial da PMSP ganha igual Delegado em SP. Tudo muito SECRETO E SIGILOSO: eis o verdadeiro MP defensor da Moralidade alheia, mas não a própria.

  4. Desembargador Sartori não é fácil não, homem de muita coragem e dignidade, ah..se Minas Gerais tivesse um Homem desse para Administrar o TJMG, que anda capengando, por falta de homens com coragem. O MP, agora, depois de muito tempo vai começar a cair na real, eles se sentem donos da justiça. Quero ver sobrar dinheiro para pagar tantas ajudas de custo a esses promotores.

  5. Fred, aqui em Limeira o Ministério Público fica em outro prédio. Já se iniciou o processo digital. Tudo funciona normalmente. A OAB, a Defensoria Pública e a Procuradoria do Estado também ficam em outros prédios. Repito: o trabalho é desenvolvido normalmente. Prédios não precisam ser construídos. Podem ser locados. O TJSP, com a medida, tem por objetivo aprimorar o trabalho de todos, inclusive o dos promotores. Veja o Fórum de Limeira. O prédio aqui não teria condição de abrigar o MP, a Defensoria Pública e a Procuradoria do Estado. Sequer há condição de se instalar outra Vara. A questão é: GESTÃO E BOA ADMINISTRAÇÃO!!! Alex Ricardo dos Santos Tavares – juiz titular da 1a Vara Cível, domingo, no final da tarde, analisando processos.

  6. Se os dirigentes da Justiça Federal tivessem metade da coragem dos da Justiça de São Paulo (salvo, é claro, quando o assunto é “aquele que a todos nos une”), muita coisa seria diferente. Até quando os juízes vão fingir que não enxergam que o MP só é parte do sistema de Justiça quando interessa?

  7. Quero ver o mp ter que administrar igual aos demais mortais. Ter uma verba reduzida e ter cobranca de todos os lados. Sem contar com alguns promotores te ameaçando com inqueritos civis e ações. Bem vindo ao mundo real.

  8. O mais engraçado Daniel é que, quando um agente público faz o que o MP hoje está fazendo, ele é processado por improbidade, peculato, prevaricação etc etc. Mas se o MP faz, ninguém questiona. Tudo fica engavetado. É, precisamos criar mecanismos para fiscalizar o fiscal.

  9. Volto a repetir: para se autoconcederem um esdrúxulo auxílio alimentação, ao arrepio da lei, da moral e bom senso, não falta verba ao MP. No entanto, para alojar os seus membros em espaços próprios, não há dinheiro, tendo o judiciário que tirar recursos de seu minguado orçamento para tanto. A cara de pau desse povo não tem limites!!! Não há obrigação nenhuma, nenhuma, do judiciário em acudir o MP em suas necessidades. Este dispõe de autonomia administrativa, financeira e orçamentária para, justamente, dar conta de suas despesas. Agora, veja o absurdo. O judiciário ter gastar sua verba para ampliar fóruns, porque o MP ocupa espaços que serviriam para isso, recusando-se a tirar dinheiro de seu polpudo orçamento para construir ou alugar prédios para si!

  10. A desocupação prejudica o bolso do MP. Afinal, não vai sobrar dinheiro pra pagar licença prêmio, férias e diárias de uma vez só. Vão ter que receber parcelado.

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