Solidão do julgador e publicidade do voto

Frederico Vasconcelos

Toffoli comenta, na entrevista à Folha, os votos contra Genoino e a favor de Dirceu.

Do ministro Dias Toffoli, em entrevista aos repórteres Fernando Rodrigues e Felipe Seligman, da Folha, sobre sua metodologia na hora de julgar:

A decisão de um juiz não é diferente de um caso para outro. Ela é muito solitária. Ela é muito sozinha. Essa é a melhor decisão. Um juiz tem que tomar a decisão consigo mesmo e, idealmente falando, até sem “sigo” mesmo, sem ele mesmo. O que é: você tem que sair de você. Não naquele sentido divino, que alguns acham que o juiz tem que ter. O juiz é de carne e osso. Tem que sair de seus preconceitos, tem que sair de suas idiossincrasias, muitas vezes, e tentar olhar todos os lados, todas as partes. E, aí, voltar pegar a caneta e tomar uma decisão.

Essa é a arte de julgar, essa é a metodologia que eu faço, vinculada à Constituição, às leis.

 

Sobre os votos que deu em relação a José Genoino e José Dirceu na ação penal do mensalão:

Como eu falei, é uma decisão muito sozinha. Conheço o deputado José Genoino. Respeito sua história. Respeito seu passado. Teve contribuições admiráveis para a nação brasileira. Mas eu tinha que julgar com aquilo que eu vi nos autos e com essa liberdade que o juiz tem que ter. Não por determinados vínculos ou relações que teve no passado.

Talvez para mim, o mais cômodo seria eu realmente ter me declarado suspeito, mas eu estava diante do destino. Que juiz eu queria ser a partir dali? E eu optei por enfrentar. Absolver aqueles que eu entendia que não há provas. Não há provas contra José Dirceu, eu digo isso claramente. Não há. É a minha opinião diante do que eu li do processo. E votei assim, acompanhando o ministro revisor, ministro Ricardo Lewandowski. Agora, em relação a outros, pelo que eu analisei, e meu voto está dado, está ai colocado, está público… Felizmente nós vivemos em um país em que os votos são públicos.

Comentários

  1. Ouso dissentir dos comentaristas Ana e Marcelo: tenho acompanhado com interesse a atuação do sr. Toffoli. Vejo que este magistrado está se comportando com isenção, imparcialidade e correção – inerentes ao juiz. O tempo, como senhor da razão, nos faz mais previdentes, racionais e preparados. Vislumbro essas qualidades no entrevistado.

  2. Até ontem era Advogado, hoje se posiciona como um velho Juiz, cheio de sapiência. Brasil, assim eu te odeio.

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