Vandalismo versus truculência
Do editorial da Folha, na edição deste sábado (15/6), sob o título “Agentes do caos”:
A Polícia Militar do Estado de São Paulo protagonizou, na noite de anteontem, um espetáculo de despreparo, truculência e falta de controle ainda mais grave que o vandalismo e a violência dos manifestantes, que tinha por missão coibir.
Sobre as agressões sofridas por jornalistas:
(…) Como qualquer cidadão, eles não poderiam ser atacados por policiais cuja ação não parecia obedecer a qualquer plano ou estratégia. Há uma razão adicional para a força policial não tomar jornalistas por alvo: o trabalho da imprensa oferece um testemunho expurgado do radicalismo sectário que se impregnou nas manifestações contra o aumento de tarifas.
Segundo reportagem da Folha, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que São Paulo tem “a melhor polícia do Brasil” e, atribuindo a violência aos manifestantes, disse que “não é possível permitir atos de vandalismo” e que “a polícia tem o dever de preservar o direito de ir e vir”.
O que o povo não conscientizou ainda é: que estamos fora a décadas da Ditadura. E não aprendeu que os meios de agir são completamente outros. A principal diferença com outros países é o não apoio dos “sindicatos”, que aprenderam dar mais razão aos políticos do que aos “TRABALHADORES”.
O título da matéria diz tudo. Para combater o vandalismo, só funciona o apelo à força. Os caras estão quebrando tudo e o que seria “politicamente correto”? Chegar para os vândalos e pedir carinhosamente: Amigos, não façam isso.? É muiita falta de senso da realidade.
É preciso dizer que não apenas polícia e manifestantes se excederam, mas também os profissionais de imprensa. Vendo as imagens pela TV, fiquei impressionado com a irresponsabilidade de muitos desses profissionais, que desobedeceram ordens de isolamento e posicionaram-se a apenas um metro de distância na frente de barreiras da tropa de choque, colocando em risco não apenas a própria segurança, mas também a dos policiais. Foram usados como escudos humanos por manifestantes mais violentos e atrapalharam os revides da polícia sobre agressores. Ser jornalista não dá direito automático a ninguém de descumprir ordem da autoridade policial e, o fato de andarem sem uniformes facilita ainda mais a aproximação de pessoas armadas de paus e pedras das barreiras até uma distância em que consigam acertar um policial. Os manifestantes, sabendo disso, também portavam câmeras. A imprensa tem o direito de trabalhar, mas deve fazê-lo sem atrapalhar o trabalho de outros profissionais.