A vida sem glamour do juiz de primeiro grau

Frederico Vasconcelos

Magistrado comenta as limitações e os riscos para quem atua em cidades do interior

 

Depoimento de um juiz de primeiro grau, em comentário enviado ao Blog:

O trabalho do Juiz, longe da ideia de glamour que sempre lhe cercou, é extenuante (cerca de 10 horas no mais das vezes), cercado de grandes responsabilidades (decidir a vida do próximo é uma das grandes responsabilidades que uma pessoa pode ter), cobranças (além de termos que alcançar anualmente metas de produtividade acerca dos milhares de processos que temos que instruir e julgar, temos constantemente que enviar relatórios do que fazemos. São dezenas de relatórios.), com grandes deficiências materiais e humanas (falta Oficial de Justiça, escrivão, escrevente, assessor… papel, internet de qualidade… – e por isso, quantas vezes não custeamos algumas despesas…).

A vida social do Juiz deve ser discreta e reservada, principalmente em cidades do interior, de forma que vínculos de amizade são evitados, o que atinge no mais das vezes até familiares, dentre eles crianças, para um Juiz morar fora da Comarca e estudar tem que pedir autorização ao Presidente do Tribunal, ou seja, direitos fundamentais elementares (direito de ir e vir, de estudar… este reiteradamente negado, mesmo sendo a pós-graduação, por exemplo, de 15 em 15 dias, nas sextas à noite e sábados pela manhã) para nós é limitado, e a questão da segurança, essa é um capítulo à parte… E olha, que nos pequenos interiores (alguns sem ao menos Raio-x ou soro antiofídico) compartilhamos do SUS com toda a comunidade e nossos filhos frequentam as escolas públicas, por total falta de serviço privado (o que deveria ser um orgulho, mas não é pela precariedade dos sistemas de saúde e educação públicos).

Na prática, nós, Juízes de primeiro grau, temos muito trabalho, muitas responsabilidades e não temos privilégios, o que obviamente é o correto, mas faço questão de explicitar para que não reste dúvida. E quanto às férias de 60 dias, parece que são necessárias para termos o mínimo de sanidade mental e equilíbrio ante as grandes responsabilidades do cargo… Vale ressaltar que vários outros agentes públicos: deputados, senadores, professores vinculados ao serviço público, têm férias de 60 ou mais dias. Mas, acredito que a sociedade deve mesmo discutir o caso…   Nós, Juízes de primeiro grau, usamos nossos próprios carros, inclusive para nos deslocar para Comarcas onde atuamos como substitutos, pagamos pelo uso de telefonia móvel para uso em serviço, a exemplo dos plantões, compramos os Códigos e livros, no mais das vezes caríssimos, que usamos no exercício da função… E, antes, muitos dos nossos direitos nos são cerceados; são reiterados os casos de acúmulo de Varas, Comarcas e de funções, sem nenhuma contrapartida financeira.

Mas, o Poder Judiciário, infelizmente, tem sido alvo de críticas mordazes e generalizantes que têm denegrido sua imagem e a de milhares de Magistrados honestos, incansáveis e comprometidos.

Seguramente há casos de desvios de conduta e corrupção na Justiça, que devem ser seriamente investigados e punidos. Entretanto, tais casos são minoria e não podem ser considerados a regra como vem sendo feito de forma aleatória e irresponsável. E por isso fica a pergunta: a quem interessa isso?

Comentários

  1. Gostei do texto. Gostei dos comentários. Concordo que os magistrados de primeiro grau, sobretudo os que exercem as funções nos interiores pobres e distantes, sofrem um bocado. Seria bom que houvesse melhores condições de trabalho. Ocorre que tem muitas outras classes que sofrem tanto ou mais que os magistrados. Não há nem comparação. Médicos, policiais, professores: todos decidem as vidas da população. Não só os juízes! Férias de 60 dias é um escárnio inadmissível! Nada justifica.

    Os magistrados de primeiro grau deviam “se rebelar” e protestar contra a GLAMURIZAÇÃO que ocorre no 2º grau, no âmbito dos Tribunais!! Aí sim!! É um absurdo o que ocorre nesse território. Há muita caixa preta!

    Minha solidariedade com os magistrados de primeiro grau do interior no que tange às péssimas condições de trabalho (ressaltando que não é “privilégio” exclusivo dessa categoria de profissionais)!

  2. Juiz não precisa de glamour…
    Tem que morar na comarca sim, ora bolas! Era só o que faltava. Tem família e não pode tirar-lhes de colégios de alto gabarito na capital? Por Deus, não seja juiz!! Tem que comprar seus instrumentos de trabalho?? Como qualquer profissional faz!!! Daqui a pouco vem queixa de que tem de ter tv a cabo paga pelo tribunal e alguém que lhe faça a feira, pois é absurdo ter de comorar a própria comida. A magistratura parece descer ladeira abaixo na velocidade máxima! ! Protestem por seguranca, condições de trabalho (papel, computador, servidor, etc).
    Que vergonha…

    1. Senhor Anderson, Por que todo o rancor?
      O senhor não conseguiu passar em concurso para a magistratura? De fato, é um concurso muito difícil e muitos servidores públicos, como o senhor, não conseguem aprovação. att.

      1. Discordo doutor, quem presta concurso para juiz e porque quer ser heroi, porque nos dias de hoje, os concurseiros preferem outros cargos que não tem um pingo da responsabilidade de um magistrado.
        Tais como mp, defensoria, fiscal de renda, auditor da receita, procuradoria de estado, policia federal, rio branco, banco central.
        Diversos cargos com salarios iguais ou maiores, quem quer ser juiz.

      2. Nunca tive essa pretensão Exa. Sou um simplório servidor com domicilio necessário (nos termos do art. 76 do CCB).Embora o status de servidor seja invocado pela magistratura apenas para pleitear direitos, nunca deveres, esse ônus está previsto constitucionalmente, no art. 93, VII da CF.Daí meu estranhamento pela “indignação” do seu colega.Espero que V. Exa não esteja, ao aduzir sua aprovação em concurso “concorridíssimo” para uma carreira estranhamente “terrível” e cheia de sofrimentos, que eu, humilde servidor, não tenho direito de questioná-lo. Afinal, suas Exas são os pilares do estado democrático de direito, cuja Constituição, nos arts. 5º, caput, e incisos IV, em tese, claro, me assegura o direito de questionar os costumeiros artigos doloridos da magistratura que aqui são postados, da mesma forma que V. Exa questiona se tenho o gabarito para me insurgir, ante ao fato de que não logrei êxito em tão concorrida carreira.Mas tenha em mente que questionarei qualquer artigo que entender indevido.No mais, e sinceramente, sem rancores

        1. Senhor Andersson, o senhor acha justo os servidores ganharem mais que o teto constitucional porque incorporaram funções? Veja bem o senhor defende os seus direitos, os Juízes estão defendendo o Estado Democrático de Direito e o seu direito de ter uma garantia constitucional consagrada NA CONSTITUIÇÃO.

          1. Caro ou cara Dani. Sou contra qualquer tipo de incorporação de gratificação ou função de confiança e, de modo mais amplo, qualquer verba transitória. Nem sei a razão dessa indagação. Sou contra a farra de cargos comissionados do Judiciário, órgão que já integrei. Acho injusta a exceção que se faz ao teto, por exemplo, em relação às substituições. Sou contra licença prêmio, e vantagens semelhantes. Não confunda. Não é uma guerra do “os outros ganham eu quero também”.

  3. Em toda instituição é passível a ocorrência de episódios que levam ao seu descrédito. O problema está em que, em algumas instituições, a própria dinâmica de seu funcionamento permite a sociedade, em tese, extirpar através do exercício da soberania popular materializada no voto, os que transgridem a Lei. Pode até não ser exercido este direito porém o instrumento existe. Dentro do sistema jurídico-legal, tal instrumento não existe, já que cabem às próprias instituições e não à sociedade, zelar pela absoluta regularidade e bom comportamento de seus membros. Dessa forma, seja no Poder Judiciário, seja no MP, a existência de uma minoria delituosa atinge um grau muito mais grave na percepção do ilícito por parte da sociedade, já que, por exemplo, um único malfeitor usando a toga pode causar um prejuízo muito mais relevante independentemente do prejudicado ser o Estado ou o cidadão. Assim podemos fazer uma analogia do quadro branco. Se um único ponto negro for marcado, indubitavelmente a atenção de todos não se prenderá mais à idéia da luminosidade do branco porém se dirigirá aquele único ponto por mais branca seja a região ao seu redor. É isso que a sociedade vê, e pior ainda, ela também vê que as instituições procuram proteger seus membros, postergando a punição rigorosa que todos entendem ser a mais indicada para desestimular eventuais aventureiros na seara criminosa. Não interessa a ninguém enfraquecer o Poder Judiciário, mas isto não significa fechar os olhos para as distorções e mazelas que permeiam o Judiciário e o MP.

    1. Caro José Antônio, O Poder Judiciário é um poder político, há anos ele tem funcionado e tem sido estudado em outros países. Isso não ocorre no Brasil, temos tradição positivista.
      O Poder Judiciário tem seus mecanismos de controle e oxigenação, pelo sistema de freios e contrapesos. Por exemplo: o quinto constitucional, a escolha de nome de Ministros pelo Presidente da República e a possibilidade de impeachment de Ministros do E. STF. Hoje temos o Conselho Nacional de Justiça com a mesma finalidade, mas o perigo é o excesso de influência política e a interferência no Poder.
      O Poder Judiciário depende dos demais Poderes, do orçamento do Executivo e das leis do Legislativo. Não se cria cargos e Tribunais sem lei. Por isso, a importância das garantias constitucionais para permitir a independência dos juízes. Afinal, muitas vezes, os juízes decidem contra o governo.
      Outrossim, o sistema de aprovação dos juízes por concurso público é bastante democrático. O sistema é elogiado por muitos países, pois ele permite que pessoas de todas as classes sociais consigam aprovação nos concursos públicos. Há belas histórias de pessoas que obtiveram aprovação em concursos, dentre eles, o professor Damásio de Jesus, que foi promotor e tantos outros. Dizem que os ataques que o Poder Judiciário e o MP estão ocorrendo porque pessoas da elite estão sendo punidas. Veja o caso do mensalão e tantos outros. Perceba que os Juízes que atuaram de forma mais agressiva contra pessoas da elite foram perseguidas diretamente como o Fausto de Sanctis, Sergio Moro e tantos outros grandes juízes. Tudo isso é preocupante e a população não enxerga o problema maior. Veja que tão poucos foram condenados e há tanta perseguição aos bons juízes. Em relação aos maus, eles devem ser punidos com rigor. att.

      1. Caro Senhor José Antônio, O Poder Judiciário é um poder político, há anos ele tem funcionado e tem sido estudado em outros países. Isso não ocorre no Brasil, temos tradição positivista.
        O Poder Judiciário tem seus mecanismos de controle e oxigenação, pelo sistema de freios e contrapesos. Por exemplo: o quinto constitucional, a escolha de nome de Ministros pelo Presidente da República e a possibilidade de impeachment de Ministros do E. STF.
        Hoje temos o Conselho Nacional de Justiça com a mesma finalidade, de oxigenação e de fiscalização, mas o perigo é o excesso de influência política e a interferência no Poder.
        O Poder Judiciário depende dos demais Poderes, do orçamento do Executivo e das leis do Legislativo. Não se cria cargos e Tribunais sem lei. Por isso, a importância das garantias constitucionais para permitir a independência dos juízes. Afinal, muitas vezes, os juízes decidem contra o governo.
        Outrossim, o sistema de aprovação dos juízes por concurso público é bastante democrático. O sistema é elogiado por muitos países, pois ele permite que pessoas de todas as classes sociais consigam aprovação em concursos públicos. Há belas histórias de pessoas que obtiveram aprovação em concursos, dentre elas, a do professor Damásio de Jesus, de família de agricultores, em Bauru. Ele foi promotor e há muitas outras histórias de superação pessoal. Dizem que os ataques que o Poder Judiciário e o MP ocorrem porque pessoas da elite estão sendo condenadas. Veja o caso do mensalão e de tantos outros. Perceba que os Juízes que atuaram de forma mais agressiva contra pessoas da elite foram perseguidas diretamente como o Fausto de Sanctis, Sergio Moro e outros grandes juízes. Tudo isso é preocupante e a população não enxerga o problema maior. Veja que tão poucos foram condenados e há tanta perseguição aos bons juízes. Em relação aos maus, eles devem ser punidos com rigor. Mas será que os maus serão condenados de fato? Tenho minhas dúvidas.
        att

  4. A carreira de Juiz é uma opção. Não é compulsória. Essa escolha é por uma vida difícil, assim como quem opta por ser professor, médico ou policial. Mas, ainda bem que vivemos em um país livre, no qual uma escolha dessas pode ser desfeita. Se a pessoa perceber que essa opção fez ou faz mal a ela ou a sua família, com certeza, pela capacidade que teve de ingressar na carreira de juiz, fará sucesso, por exemplo, como advogado ou como algum profissional de um ofício que lhe cause menos angústia.

    1. O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos médicos, aos professores e aos policiais.
      Na realidade, os juízes estão questionando que tipo de justiça os brasileiros desejam?
      Se querem uma justiça sucateada e desvalorizada, estão no caminho certo. att.

  5. Acho que não tem um único juiz (como eu) que não reconheça que professores deveriam ganhar mais, muito mais do que ganham. Policiais também deveriam ganhar mais. Médicos, já comecei a ficar com dúvidas. Na minha vara, com diversos processos de INSS e DPVAT, fixo R$ 600,00 por cada perícia e mesmo assim são poucos os médicos que aceitam. Tem médico que faz seis perícias por dia (R$ 3.600,00 em um único dia!!). Não sei (e declaro isso) a realidade de outras localidades, mas pelo menos no Estado onde trabalho não destoa muito disso.
    Tenho 4.000 processos para administrar. Trabalho até próximo das 21:00 hs todos os dias. Em um ano que atuo na comarca atual já tive notícias (algumas mais, outras menos claras) de que por três vezes havia algum tipo de risco para mim, o juiz que atua na mesma comarca e os promotores de justiça. Talvez por parte de policiais cuja prisão ordenei. Talvez por parte de membros do PCC na mesma situação. Difícil saber…
    Trabalho a 50 km da fronteira do Paraguai e por aqui se vê de tudo um pouco.
    Não é o meu caso, mas sei de juízes que não levaram as famílias para morar com eles no interior não porque são TQQ (o que, aliás, parece ser uma situação localizada, tanto que o CNJ fez o convênio “juiz na comarca” com apenas 2 tribunais estaduais), mas por questão de segurança, para preservar esposa e filhos.
    Não estou me queixando da profissão. tem lá suas recompensas. O salário não é ruim, embora não seja nenhum absurdo quando comparado com os riscos e responsabilidades da função. Ainda temos algum respeito da população, em geral. Para quem entrou na carreira antes de 2005, o que não é o meu caso, tem a aposentadoria integral (pela qual, esclareça-se, se paga – e caro. Os trabalhadores que estão limitados ao teto do INSS pagam sobre esse teto. Os funcionários públicos em geral – e não apenas os juízes – pagam sobre o valor que irão receber)
    A grande discussão da magistratura, hoje, é para que a carreira não seja sucateada como foi feito com os professores. Atualmente, quem pode matricula os filhos na rede particular porque o serviço público está falido. O mesmo se dá com os planos de saúde. Se o Judiciário chegar a esse ponto (o que não acontecerá), onde iremos buscar socorro?
    O problema da morosidade da Justiça, em alguns casos até pode ser por um juiz menos disposto a trabalhar, mas essa será a exceção, por mais difícil que pareça. A grande razão da demora da Justiça é a falta de ação do governo. Se a Anatel funcionasse corretamente não haveria tantas ações contra empresas de telefonia. O mesmo se diga quanto à ANAC, ANEEL e outras agências. Principalmente, se os governos federais, estaduais e municipais dessem atendimento digno ao cidadão, o número de ações cairia absurdamente, possibilitando a Justiça com que todos sonhamos. Quem é juiz ou advogado atuante na área pública sabe como é. Quantos prefeitos ou governadores sabem que o que fazem é ilegal, mas continuam fazendo porque vale a pena? Para quem tem mais idade basta lembrar do empréstimo compulsório sobre combustível e veículos novos no governo Sarney, ou o “confisco” da poupança no governo Collor. Essas duas medidas encheram o Judiciário por mais de vinte anos, com milhões de ações com destino certo, de tão escancaradamente ilegal que foram as medidas. Quanto de atraso não se deve a esses dois absurdos “legais”?

    1. Um comentário bastante preciso e interessante que me leva a concordar com algumas ponderações do comentarista. Compartilho da visão do magistrado quanto à ineficácia, corrupção e leniência das agências reguladoras no cumprimento de seu papel. Porém acrescento a isto que como toda dança requer um par, a outra ponta do problema se encontra na chamada indústria das “liminares”, através da qual as empresas abusam continuamente da paciência do consumidor. O problema não é a liminar em si, e sim o tempo de vigência de uma decisão provisória que muitas e muitas vezes adentram anos, principalmente quando tais liminares são concedidas pelos tribunais superiores em atendimento à petições dos mesmos Escritórios de sempre, contratados a peso de ouro, nos quais, não por acaso, labutam ex-ministros, filhos e filhas de desembargadores e ministros. Acredito que a adoção das súmulas vinculantes e a repercussão geral poderiam ser um bom caminho para desafogar em certa medida os canais do Poder Judiciário.

    2. Peritos na sua maioria são incompetentes (ginecologistas ou clínicos ou sem especialidade alguma fazendo papel de psiquiatras, ortopedistas e vice-versa), geralmente não conseguiram sucesso na sua carreira profissional. Médicos que fazem 6 perícias em um único dia e ganham 3.600 reais? Espalhe isso dr. vai encher de gente, mas acredito que essas perícias não devem ser lá muito boas. Já fiz perícias em outros tempos…cansei de nunca ganhar absolutamente nada. Agora finalmente existe esse valor, que declino, porque demoro muito mais que um dia (e noite) de trabalho para realizá-la a contento.

  6. Embora todas as profissões tenham, evidentemente, vantagens e desvantagens, a análise é perfeita. Não há glamour nenhum na magistratura. É isso que trata o texto e não se o borracheiro ou o professor também não são profissões desgastantes (obviamente que também o são).

  7. Gostaria de lembrar ao articulista e a outros operadores do Direito, que muitas profissoes impactam a vida da “clientela”.
    Medicos, gerentes de banco, policiais, professores e a lista vai longe…
    Na iniciativa privada, as condicoes de trabalho e infraestrutura sao responsabilidade da gerencia. No Forum, o gerente e’ o juiz, portanto cabe a ele zelar pelas condicoes de trabalho dele e dos seus colegas/subordinados.
    Quanto a levar uma vida deste ou daquele tipo, e’ questao subjetiva. Pode-se ter amizades fora do ambiente de trabalho e o grau de independencia e maturidade do juiz e’ funcao direta de sua capacidade de discernir entre o pessoal e o profissional.
    Ja’ pedi ao Fred uma vez e gostaria de reiterar: E’ possivel obter estatistica de quantos usam realmente os 60 dias em comparacao com os que sao reembolsados? Imagino ser informacao publica, nao ?

  8. Caros colegas, estamos todos no mesmo barco, sejamos funcionários públicos ou não. Na Suécia, Alemanha, uma pessoa de classe baixa tem todo o conforto que um juiz tem com o sal´rio que recebe.
    Ou seja, todos nós, mormente os da classe da saúde, educação, e muito mais a população mais pobre, têm direito a uma vida digna.
    No Brasil, ter um carro, um bom apartamento é sinal de riqueza, em outros países é a normalidade.
    De nada aidianta ficarmos achincalhando um ou outro profissional q se rebela contra a falta de respeito pelas categorias a que servem. Temos que nos unir, pois o inimigo é comum.
    Um abço

  9. Glamour, onde?
    Andar de carro oficial e ter gabinete amplo, com uma penca de funcionários?

    Meu entendimento do significado ‘glamour’ jamais envolveria qualquer carreira do sistema de justiça.

  10. Até concordo com os comentários de que os professores deveriam ganhar, de que a educação deve ser valorizada. Agora, querer comparar salário com o de Juiz?! Pelo amor de Deus né. O investimento que uma pessoa faz em estudo, em livros para se preparar para se tornar, quem sabe, um dia juiz, é enorme. Fora a atualização que é constante mesmo após o ingresso na carreira. Valorizo os professores, concordo que eles merecem ganhar mais, porém qualquer um faz uma licenciatura por 04 anos e se torna professor.

    1. Meu amigo, parece-me que os magistrados não estão conseguindo resolver nem os seus problemas internos, como no relato, dirá os de outras categorias, abç
      isso sem falar que os professores é responsabilidade do executivo e legislativo

    2. Lamentável. Um professor dizer isso. O problema então não é ter recursos ou não para exercer o seu ofício, mas sim ganhar bem ou não. Se o juiz ganha bem ele deve, merece, passar por todas aquelas provações relatadas acima.
      Sou filho de professor. É triste ver aonde chegou o magistério.

  11. Só acho que o Professor deveria ganhar como o juiz, o desgaste emocional pode até ser o mesmo mas o salário está bem longe, de forma que ambos tem mesma responsabilidade junto a sociedade. Enquanto está preocupado com férias de 60 dias e algumas regalias p professor luta pela valorização enquanto profissional.

  12. O Grande Divisor de águas na magistratura foi a EC 45/2004. Controle de processos, audiências, despachos, sentenças, decisões, contratações, pessoal, etc, tudo é informado ao CNJ, mensalmente. E é assim que deve ser mesmo.
    TODOS que laboram no “serviço público” ou recebem “dinheiro público” devem, de um modo ou de outro, suportar controle e prestar contas.
    As demais questões: saúde, segurança, educação, transporte, são situações enfrentadas diuturnamente por 80% dos brasileiros e estrangeiros que vivem por aqui.

    1. Senhor Guilherme,
      De fato, todos os servidores públicos devem prestar contas, tanto é verdade que as Corregedorias, a OAB, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União sempre existiram para fiscalizar a lei , os gastos e a prestação jurisdicional. Se virar moda a criação de conselhos para fiscalizar tudo o que não funciona no país criaremos milhares de órgãos no Brasil.
      Pela Constituição, o Conselho Nacional de Justiça existe para o controle administrativo do Poder, para que não existam tantas disparidades entre as Justiças de um país de dimensão continental.
      Em relação à questão da segurança, concordo que vivemos numa sociedade de risco, segundo Becker. No entanto, é muito grave quando magistrados, representantes do Estado-Juiz, morrem porque exercem o seu mister, todos se recordam do caso do juiz de execução criminal de São Paulo, da Patrícia Accioli e do recente atentado ao Juiz do Pará. Todos estes casos seriam considerados atos terroristas em países como Alemanha e Espanha. Isso e grave em qualquer lugar do mundo.
      att.

      1. Hoje e mais arriscado ser policial no rj ou sp ou conforme o caso ir comer uma simples pizza em sp, que estar na guerra do iraque.

  13. Desabafo que fala pela maioria dos juízes de primeiro grau do país, porque pro andar de baixo as metas e os rigores da lei…já no topo…

      1. alguns até sem acesso à internet. como é enviarão uma precatória eletronicamente ou realizarão uma audiêcia de videoconferência?

  14. Pena que o articulista não perceba que esse discurso vitimista não convence a absolutamente ninguém, só ajuda a denegrir a imagem já tão maculada da magistratura. O mais incauto cidadão sabe que a vida de um juiz brasileiro , não importa se de 1º grau e do interior, é diametralmente oposta a essa ladainha de sacrifícios e “ausência de privilégios” ( é até difícil de acreditar que isso foi mesmo afirmado!).

    1. Carlla,
      Sobre o seu comentário: Alguns dizem que diante de algum evento real que lhes desagrada, algo parecido com “não acho que seja isso”: convém distinguir fatos de ideias!

      Os fatos têm que ser tratados como tais; não é bom negar sua existência: os que ficam desagradados por eles devem lutar para modificá-los, isso é o que alguns juízes estão fazendo

      No mundo das ideias, que inclui a forma como cada um interpreta o mesmo fato, existem diversas versões: porém, os fatos são inquestionáveis.

      Interessa pouco pensarmos como gostaríamos que fossem determinados fatos: eles não são regidos pela nossa vontade ou por nossos interesses.

      Não cabe fazer de conta que não existem os fatos que nos incomodam e nem nos insurgirmos contra eles: a realidade, soberana, deve ser aceita.

      A docilidade diante dos fatos reais não significa acomodação: é o ponto de partida para qualquer ação que pretenda mudar o que é possível. Pense sobre isso Carlla?
      att.

    2. Ah, Carlla, estava vendo o relatório da comissão europeia de independência judicial, e lá o princípio da inamovibilidade implica que um juiz não pode aceitar outro encargo senão com seu consentimento. enquanto aqui vários juízes federais cumulam varas, atribuições outras sem nenhuma compensação por isso. claro, o estado se locupleta com tal situação.
      ps: os juízes americanos e europeus tem vários benefícios que aqui ecoariam como “privilégios”.

  15. Quando os debaixo sao atingidos, uma hora outra chegar ao topo, começou com os professores, atingiu os medicos, pegou os policiais e chegou nos juizes.
    Na atualidade como vai dar uma melhoria para os juizes, sem melhorar aos dos professores ou dos medicos.
    Vivemos numa sociedade que nenhum cargo publico e essencial, porque na maioria da vezes não resolve os problemas do cidadão, talvez até aumentado.

  16. O pior de tudo é que os juízes não são mais respeitados. Autoridades, altas autoridades, do próprio Judiciário encontraram no achincalhe dos “juízes de piso” um excelente método para obterem fama fácil. Isso é gravíssimo. Tenho pena dos juízes de hoje, que ingressaram na magistratura em busca de um sonho, que ainda existe da porta do gabinete para dentro, mas estão vivendo um pesadelo da porta pra fora.

    1. Pelo amor de meu bom Deus. Esse termo usado por ministros dos tribunais superiores, principalmente os “ministros de subteto”, pois nunca vi os do STF assim se referirem, é por demais arcaico e brega. Sempre que leio ou ouço isso fico é com pena de quem o utiliza.

  17. Os argumentos do texto são fortes e corretos. Não discuto. Mas, a pergunta final, deve ser dirigida, em princípio, aos próprios magistrados, em especial aos Srs. Desembargadores e Ministros. Os que conhecem as instalações do STJ, os anexos do STF, o TST, os Palácios da Justiça (TJ’s, TRF’s e TRT’s), todos com sua nobreza, suntuosidade e glamour, são com toda a certeza a maioria daqueles que tecem criticas ao Poder Judiciário, e em grande parte, sem qualquer interesse direto. A produtividade dessas ‘Cortes Superiores’ muitas vezes não podem ser comparadas sequer com uma borracharia de esquina, com o devido respeito aos borracheiros, que notadamente conseguem dar uma resposta muito mais rápida e eficaz aos anseios daqueles que os procuram e os pagam. Daí que na minha modesta opinião, cabe aos ‘juízes de primeira instância’ (chegou-se ao absurdo de até instituir a hierarquia social dentro do Judiciário), antes de qualquer outra pessoa, dar o grito, cobrar as ‘santidades’, expor as mazelas, denunciar os ‘esquemas’ (vide abaixo o caso das jovens advogadas-filhas de ministro-futuras desembargadoras), enfim, trazer a verdade que todos eles sabem mas não dizem abertamente…. Esperar que a população faça isso é até possível depois do que vimos em Junho desse ano, mas aí a coisa pode tomar outro rumo……

    1. …e, se me for permitido, acrescento ainda que o mais preocupante é que a grande maioria dos juízes de fato não tem vocação para o exercício do cargo…, preocupados que ficam tão somente com o que podem fazer com o salário que recebem no final do mês. E, tem razão aquele leitor quando disse serem, em bom número, juízes de terças, quartas e quintas…, que é uma grande verdade, já que com essa prática não realizam audiências às sextas, retornando ao trabalho na segunda depois do almoço. Não se pode desmentir isso, certamente! Mas, é preciso afirmar que muitos juízes, e conheço pessoalmente vários deles, são de fato extremamente zelosos e vocacionados para o exercício da magistratura buscando sempre a imparcialidade na aplicação da justiça nos casos que lhe são afetos. Pena que são bem poucos os que assim agem.

  18. Só pra começar: a maioria dos juizes das comarcas interioranas não leva a família para residir lá, pois deixa a familia nas capitais e viram em juizes TQQ(terças, quartas e quintas-feiras), já que chegam na cidade onde “trabalham” na segunda e vão embora na sexta-feira. Quanto às fériad de 60 dias e o suposto cansaço mental vaie um pergunta’: Será que os senhores magistrados se estressam mais do trabalhador que ganha salário mínimo? Ora, façam-me cócegas..

    1. Essa de comparar juiz e trabalhador com salario mínimo já é velha…falácia ultrapassada…vai estudar e fazer concurso e para de falar besteira…

    2. Quando vc ficar doente (Deus queira que não!) e o Estado lhe negar o medicamento que precisa para se tratar, experimente pedir a solução ao borracheiro da esquina ou ao vendedor de pipocas para ver se resolve seu problema. Essa comparação com assalariado é rídicula.

      1. E por acaso o juiz presta favor a alguém ou cumpre seu oficio, de exercer a jurisdição? Pelo amor de Deus faça-me o favor rapaz.

    3. Vai pedir pro borracheiro resolver isso:

      A 1ª Câmara de Direito Público do TJ manteve antecipação de tutela concedida na comarca de São José, para garantir a realização de cirurgia de implante de marca-passo diafragmático em criança de um ano, acometida de síndrome da hipoventilação central congênita – síndrome de Ondine.

      A doença afeta o sistema nervoso central, que passa a apresentar deficiência no controle autônomo da respiração e pode exigir, conforme o caso, suporte ventilatório permanente para manter a respiração satisfatória do portador. O menino de São José depende de ventilação mecânica contínua desde o nascimento, sob risco de morte ou de graves sequelas.

      O Estado insurgiu-se contra a decisão por, entre outros motivos, considerá-la onerosa aos cofres públicos – o valor da cirurgia gira em torno de R$ 500 mil. Disse, ainda, que o menor não possui idade suficiente para se submeter ao procedimento, e que seria prudente uma nova avaliação médica sobre o caso. Para o desembargador Jorge Luiz de Borba, relator do agravo, está clara a necessidade de o menino ser submetido, o quanto antes, ao implante do marca-passo.

      Há também informações no processo
      sobre a realização de operações semelhantes em crianças com idade igual e até mesmo inferior à do pequeno paciente, todas havidas com sucesso. A possibilidade de dano aos cofres públicos foi igualmente rebatida pelo relator.

    4. Caro Sr. Dantas, o sr. poderia indicar apenas três magistrados que praticam tais condutas, ao invés de citar “a maioria dos juízes”, ou o sr. é como uma ex-corregedora que lançou a expressão “bandidos de toga”, mas que não apresentou nenhum nome ?

  19. Caros, todas as profissões têm suas alegrias e dificuldades. Para encontrarmos soluções para o aprimoramento do sistema temos que debater a realidade da questão, eis a verdade. Temos que refletir sobre o tema: Que tipo de judiciário a população deseja? Penso que comparar a Justiça com sistemas que são ineficientes não é a solução adequada.
    Constato que em momento algum o nobre Magistrado reclamou da profissão, ele questiona as críticas mordazes e generalizantes que têm denegrido sua imagem e a de milhares de Magistrados honestos, incansáveis e comprometidos com a atividade jurisdicional. A atividade judicial, para quem gosta, é maravilhosa. Com certeza, é uma honra ser aprovado num dos concursos mais concorridos do país e exercer a atividade com dignidade. O Magistrado está de parabéns por suas colocações. att.

  20. e quanto ao $$? e as outras profissões?? voce poderia ter escrito sobre médicos no interior, em cidades bem menores, sem nenhuma estrutura e ganhando 10x menos…Gabriel

    1. E daí ? porque médico no interior ganha mal e não tem estrutura os juízes não podem lutar para melhorar as coisas…? bobagem…aliás, justamente por isso não tem médico no interior, ninguém quer ir nem por cem mil reais…já o juiz é obrigado a ir para o interior e morar lá…

    2. Será que ainda não entenderam que médico não ganha pouco no Brasil. Você tem ouvido ultimamente médico reclamando do salário?
      A reclamação agora é a estrutura e não salário. Tem prefeituras pagando mais de 20 mil para médicos. E todos sabemos que eles tem vários vínculos…
      Acho que não cabe mais esse argumento que “médico ganha pouco”…

      1. jsilva,

        Os médicos recebe propostas ótimas para trabalhar no interior. Salários de 20, 30 mil reais são comuns. Porém, esse salário é apenas no primeiro ou segundo mês. No mês seguinte o pagamento atrasa, por vezes é feito parcialmente. Se não for ano eleitoral, a tendência é piorar. Com isso, o médico deixa de aceitar outras oportunidades para ficar na mão de políticos.

  21. O nobre magistrado deveria especificar os pontos positivos e os pontos negativos. Creio que ele foi levemente parcial. È de conhecimento que os magistrados são uma elite a parte, muito corporativistas.

  22. Prezado Sr. Juiz,

    Se está tão ruim assim, por que não muda de carreira ? Alguém obriga-lhe a tanto sofrimento ?

    1. Querem que a gente acredite que se trata de um autêntico sacerdócio, repleto de privações e provações. Realmente, faltou elencar os pontos positivos.

    2. Porque tem quarentena e não poderia nem advogar, não é assim tão simples sair, alias, a gente prefere ficar e lutar para melhorar do que sair, então vão ter que nos aguentar brigando e falando mais um tempinho, he, he…

    3. Fico imaginando , onde estão os seres pensantes, porque os argumentos são sempre os mesmos, velhos e surrados.
      Espero que algum Juiz sempre aceite sua proposta na hora de julgar algum processo que você tenha interesse.

    1. Esse argumento de salário mínimo é mais velho do que “andar pra tráz”.
      Precisamos de algo novo e melhor…

      1. Trás se escreve com “s”…
        E não acho que seja bobagem o que eu disse. Os membros do Judiciário reclamam muito e o serviço que prestam é moroso na maioria das vezes.

  23. Os fóruns, ainda, tem mais e melhores condições de trabalho. O que está abaixo da média é o serviço de saúde, educação. Infelizmente, isso não poderá ser usado como desculpas para exercer de forma impecável uma profissão, porque: primeiro, todos que seguem essa carreira de juiz, é porque optou por ela, liberalidade, voluntariedade, ninguém trabalha forçado. Segundo, o salário é um dos melhores do Brasil, já entra ganhando salario de topo da carreira; Terceiro, o juiz ainda é uma autoridade; isso é um status e não uma pecha; Quarto, comparando com as demais carreiras, é uma das melhores do país, portanto, o choro é de barriga cheia, mesmo porque esses percalços são ensinamentos importantes para a vida, pois somente assim um juiz conhecerá como se vive no interior brasileiro. Os militares das forças armadas passam pelo mesmo problema, e com um salário miserável.

    1. primeiro, esta tese de que optou pelo serviço é sempre usada por políticos para manter baixos os salários de médicos e professores. segundo, o topo da carreira é o de desembargador. terceiro, status não paga contas. quarto, outras carreiras públicas estão em melhor situação salaria. no programa mais médicos, o salário de R$10.000,00 é para jornada de vinte horas(4 horas diárias, segunda a sexta). quinto, os militares de alta patente têm a seu dispor os deslocamentos para reforçar o caixa, no objetivo de inspecionar as tropas. aliás, os militares, em alguns estados brasileiros(policiais) estão até em melhor situação, com direito à licença-prêmio.
      concordo que os profissionais de educação precisam urgentemente melhorar sua situação salarial, pois o professor é imprescindível.

  24. Boa tarde!

    Excelentissimo senhor juiz concordo plenamente com o senhor,mas vale ressaltar que não é só a magistratura que sofre com a falta de estrutura pública.
    Temos as mais diversas profissões nessa situação,concordo que a vida de um magsitrado seja extenuante mais faz parte da profissão,se o senhor escolheu esta profissão sabe que teria ônus e bônus assim como outra qualquer,por exêmplo médicos,enfermeiros e outros ou a magistratura é a profissão que somente ela mereça mais atenção sobre a atual estrutura de trabalho oferecida pelo governo.

    1. Alexsandro, eu daria tudo para ver médicos, professores e policiais ganhando que nem juiz e com estrutura ótima de trabalho, eu poderia ganhar metade e seria mais feliz e realizado na sociedade…mas não é por isso que os magistrados não tem que lutar por melhorias no poder judiciário e se conformar…

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