Ex-procurador Roberto Gurgel se aposenta

Frederico Vasconcelos

O ex-procurador Geral da República Roberto Gurgel assistirá ao desfecho da Ação Penal do mensalão distante do Ministério Público Federal. Depois de 30 anos na instituição, tendo completado 59 anos de idade em setembro –ou seja, muito antes de atingir a compulsória–, Gurgel pediu aposentadoria. A portaria foi assinada por Rodrigo Janot nesta terça-feira (5/11).

 

Gurgel foi procurador-geral entre 22 de julho de 2009 e 14 de agosto de 2013. Mais votado na lista tríplice, foi indicado em 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cearense, formou-se em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Antes de ingressar o MPF, em 1982, foi advogado no Rio de Janeiro e em Brasília.

Em janeiro, em entrevista à Folha, ao ser questionado se pensava em se aposentar, Gurgel respondeu:

“O mais provável é que eu vejo essa coisa de renovação e a permanência na instituição pode até acontecer por um período curto. Mas por um período mais longo fica algo de fantasmagórico em relação àquele que foi procurador-geral e que continua circulando pelos corredores. Certo ar que não me agrada muito. A tendência então é essa [aposentadoria].

Gurgel pertencia ao “grupo dos tuiuius”, do qual faziam parte os ex-procuradores Cláudio Fontelles, Antonio Fernando Souza e Wagner Gonçalves, grupo com o qual também é identificado o atual PGR, Rodrigo Janot.

Naquela entrevista, Gurgel disse que o balanço da ação penal do mensalão é muito positivo. Considerou o processo “um marco muito importante, talvez um divisor de águas”.

 

“O grande desafio desse processo era provar a responsabilidade das pessoas que integravam o chamado núcleo político”. Segundo Gurgel, “aquelas pessoas que estão no topo da quadrilha elas tem sempre uma participação cuidadosa e, por isso mesmo, provas diretas são praticamente impossíveis”.

Segundo ele, os efeitos do processo do mensalão “são importantes não apenas pelo que significaram em termos da responsabilidade penal dos réus da Ação Penal 470, mas porque fixam parâmetros que serão extremamente importantes na persecução penal como um todo no Brasil”.

Comentários

  1. O ilustre Procurada foi de uma coragem incrível ao denunciar os bandidos do mensalão. Desejo a Vossa Excelência muita paz e sentiremos a sua falta no desfecho final do julgamento do mensalão.

  2. Apesar da campanha, inclusive nos blogs ‘chapa-branca’, governistas, contra o ex-procurador geral, tenho para mim que o Dr. Gurgel cumpriu seu mister com profissionalismo e isenção. Os inimigos do Dr. Gurgel só lustram sua biografia.

    1. Concordo integralmente, criticas advindas de agremiações partidarias objeto de ação penal não vale. Ou serve para ilustrar a biografia do ex-PGR, como dito alhures.

  3. Estimado FRED: foi assassinado mais um Advogado no Estado do Pará, este site não vai noticiar o Fato ou, “data vênia”, a aposentadoria do Dr. Gurgel é mais importante?

    1. Não apenas no Pará, são assassinados advogados em vários estados do Brasil.
      A OAB já noticiou tal fato ( 6 de novembro de 2013
      Advogado é assassinado no PA, OAB acompanha caso).
      Não que a aposentadoria do ex-PGR seja mais (ou menos) importante, são fatos distintos.
      Talvez o caso do assassinato do advogado mereça mais divulgação nas páginas policias.

  4. Quem denunciou os participantes da organização criminosa denominada mensalão, ao STF, foi o ex-procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, de quem, o agora ex-procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel Santos, era vice-procurador-geral da República. Inegavelmente, ambos tiveram uma atuação destacada na condução da Ação Penal 470, o primeiro por ter colhido provas necessárias a formalização da denúncia, e o segundo, como conhecer dos fatos geradores da referida denúncia, teve o mérito de sustentá-la durante toda a instrução criminal e perante o plenário do tribunal, até o julgamento e a condenação dos vinte e cinco réus. Não tenho receio de afirmar, na condição de cidadão comum, que os ex-procuradores-gerais da República, Drs. Antônio Fernando e Roberto Gurgel, prestaram relevantes serviços ao Estado Democrático de Direito e a democracia brasileira! É como penso.

  5. Decisão sábia. Sair deste ambiente massacrante para uma vida mais saudável. Eu fiz algo semelhante e jamais me arrependi.

  6. O sujeito que deixou o LULA de fora do processo do Mensalão; que aceitou a desculpa esfarrapada de que o Chefe não sabia de nada. Se fosse nos EUA, omitindo-se como se omitiu, esse senhor estaria preso, e o ex-presidente também. Já vai tarde.

  7. Tirou o dele da reta. Está acabado e envelhecido. É que não dá para aguentar tanta pressão. Ou você é honesto e sai, para viver um pouco mais, ou é honesto e fica para morrer pela pátria.

  8. Parabéns Dr. Gurgel, perdemos um grande Procurador, mas seu exemplo de honradez nos deixa uma gratidão impagável. Felicidade

  9. A insatisfação de alguns setores demonstra de forma inequívoca a excelente atuação do ex-PGR Roberto Gurgel.
    Não foi perfeito, e nem poderia ser, afinal nem Jesus conseguiu agradar a todos.

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