O mensalão e a corrupção das imagens
Em 1969, quando José Dirceu e outros presos políticos foram trocados pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado no Rio de Janeiro, ficou registrado em foto oficial o ato político do ex-líder estudantil, que levantou os braços para deixar documentado que estava algemado (o gesto contrasta com prisões de políticos e empresários investigados por corrupção, que cobrem as algemas quando filmados).
Na mesma ocasião, no Recife, a polícia tentou evitar fotos quando o dirigente comunista Gregório Bezerra deixava a Casa de Detenção para embarcar no mesmo voo que levaria o grupo de presos políticos ao exterior.
Uma viatura policial entrou em marcha à ré, ocupando toda a área do portão principal da prisão, para impedir que fotógrafos e cinegrafistas registrassem aquele momento.
Percebendo a manobra, Gregório foi mais esperto. Antes de entrar no camburão, subiu no estribo e passou a acenar para os fotógrafos que, no alto das árvores, aguardavam havia horas sua saída do cárcere. Os flashes pipocaram, para desespero dos policiais que gritavam, inutilmente: “Estão proibidas as fotos! As fotos não estão autorizadas!”
No aeroporto dos Guararapes, uma tropa fortemente armada mantinha a imprensa à distância. À época repórter da revista “Manchete“, o editor deste Blog ouviu de um oficial da Aeronáutica a ordem coletiva que bem resumia a censura praticada durante a ditadura: “Não há perguntas!”
Nos dois episódios, Dirceu e Gregório vislumbraram a importância histórica de seus gestos, antevendo o instante exato para que fossem registrados.
Ao se entregarem nesta sexta-feira à Polícia Federal, José Dirceu e José Genoino ergueram os braços, punhos fechados, aparentando emprestar à prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal uma dimensão política que não convence, num gesto midiático para uma multidão inexistente.
Guardadas as devidas proporções, a atitude dos dois condenados por corrupção na ação do mensalão assemelha-se ao “V da vitória” acenado por Paulo Maluf, em Paris, depois de prestar depoimento à polícia francesa. Era um vitorioso artificial, possivelmente tentando disfarçar o constrangimento da cena.
Antigos adversários políticos, reunidos anos depois por interesses eleitorais, Dirceu e Genoino, de um lado, e Maluf, de outro, estão agora mais próximos. Eles têm em comum o reconhecimento pela Justiça da prática de corrupção.
O texto do Fred foi ao ponto. Os condenados e presos ainda acreditam que certos gestos e expressões, usados a exaustão no passado, podem alterar a realidade.
O fato é que alguma coisa evoluiu.Apesar de estar no poder ha 10 anos, e ter escolhido a maior parte dos integrantes do STF , o partido não conseguiu evitar a condenação e a prisão.
Se Maluf ainda não sofreu o mesmo tipo de punição, porque o sistema de justiça ainda falha e muito, não se pode pretender a impunidade dos demais.
O discurso continua falho e pobre.
Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Olá! Ana Lúcia Amaral, como vai., CONCORDO com você. Mas, para no final, e, em tempo curto desconsiderado, fazer do jeito ILEGAL que fizeram! Para que: a JUSTIÇA? Ou temos em breve candidatos que se apresentarão ao eleitorado como HERÓIS de faz de conta? OPINIÃO!
Participar de fóruns de comentários que trazem em seu bojo esta “torcida” partidária, é perceber que falta muito para o brasileiro compreender o contexto histórico-cultural de qualquer evento atual. Na maior parte das vezes faltam razões objetivas nos argumentos levantados, isto quando se tenta buscar um argumento. O que vejo são apenas aspectos pouco inteligentes que levam à troca de desaforos, como se o partido A fosse melhor que o partido B, quando o que ocorre precisamente é o descrédito de todos os partidos. Percebe-se claramente um desconhecimento rudimentar de História, Ética, Política e outras fontes de informação e conhecimento, para dar sustentação aos “argumentos” levantados. Infortunadamente as redes sociais e a internet como um todo tem servido para que alguns, ocultos nas sombras do anonimato, tragam para a luz do sol, a violência político-partidária, que julgávamos enterrada nos escombros da luta ideológica dos anos sessenta e setenta. É uma pena que no Brasil, quando a Politica entra em cena, a Civilidade sai por outra porta.
Excelente texto. Uma das melhores análises até o momento.
Só faltaram te chamar de fascista, estimado Fred. E nem sei qual sua orientação política. Sei que os esquerdistas, na busca de implantar a tal sociedade justa, perfeita e igualitária (embora a prática demonstre que ocorreu justamente o contrário), consideram que os meios justificam os fins e que os revolucionários gozam de um certo “direito ao crime”. Isso prova que o mensalão não foi ato isolado deste ou daquele pervertido petista. Foi um crime praticado por uma quadrilha chamada Partido dos Trabalhadores a fim de se perpetuar no poder. Simples assim.
kkkkk
Lênin: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz.” Realmente, os revolucionários estão “adestrados”. Fred é um dos poucos que são livres para falar bem e falar mal de quaisquer segmentos da sociedade (embora o faça mais voltado ao jurídico). Discordo de várias de suas abordagens e opiniões, mas sempre o respeitei Fred porque percebo nele a sinceridade de quem busca a verdade. Sim, a verdade, essa “construção burguesa” tão desprezada pelos atuais donos do poder. Durante certo tempo sentia dificuldade ao discutir com certas pessoas, porque não compreendia a lógica do discurso. Demorei para perceber que a ausência de coerência e o descompromisso com a lógica é base do discurso revolucionário. É o único grupo que “evolui” mediante a autodestruição.
Há hoje um artigo de um tal de Ricardo Melo sobre esse mesmo tema na Folha de São Paulo. Bem. A única diferença é que no caso do mensalão temos o Joaquim Barbosa, enquanto no caso do Maluf temos um juiz “normal” a la ricardo lewandowski que compõe 99,9999999999999999% do judiciário brasileiro, um exemplo pro mundo.
Texto fraco, mal elaborado , tendencioso e até mesmo preconceituoso … alguém o escreveu por você Fred ?
Desminta-o em vez de difamá-lo.
Desmenti …