Advogados avaliam a mídia no mensalão – 2
Alberto Zacharias Toron: Mídia tem um discurso punitivo.
A seguir, trechos da entrevista com o advogado Alberto Zacharias Toron, defensor do réu João Paulo Cunha, publicada no livro “AP 470 – Análise da intervenção da mídia no julgamento do mensalão a partir de entrevistas com a defesa”.
(…) Grande parte dos âncoras, mídia em sentido amplo, como o Datena, Ratinho, a falecida Hebe Camargo, Bóris Casoy ou o próprio Jornal Nacional, todos eles têm um discurso punitivo, dizem: “A prisão é um hotel cinco estrelas, a polícia vive amarrada, não consegue trabalhar” (…)
(…) cria-se um clima não apenas de insegurança, mas um clima de clamor por penas mais altas, endurecimento do tratamento carcerário, como uma forma de satisfação dessa sensação de insegurança (…)
(…) a mídia, de alguma maneira, capta um sentimento popular de feição punitiva, explora esse sentimento por mais punição e o amplia e devolve isso para a população, que devolve novamente para ela.
[Essa] ideia que o Judiciário é um órgão infenso a pressões é uma ideia absolutamente falsa.
O juiz e o Judiciário hoje se comunicam muito melhor com a imprensa. Todos os tribunais têm assessoria de imprensa, todos os tribunais instruem seus novos juízes a como lidar com a imprensa.
(…) todos os julgamentos do pleno do Supremo são televisionados. É interessante? Eu defendo que é interessante, eu mesmo aprendi muito vendo os julgamentos. (…) Acho que é irreversível esse televisionamento do STF.
[Perguntado se houve algum tipo de pressão por penas altas no caso da AP 470]: Muito. Para dar exemplo, para mostrar o prestígio e a força da nossa justiça penal, que de alguma forma o bem tem que prevalecer. Houve sim.
[Perguntado sobre se alguns juízes podem se aproveitar da repercussão midiática para galgar alguma fama]: Com absoluta certeza. No caso do Ministro Gilmar Mendes, no caso Daniel Dantas, aconteceu o oposto não é, ele ganhou uma má fama, como o Ministro Lewandowski agora, que foi “fritado”. Mas o Fux aparece no Jornal Nacional, ele é alcandorado. Idem o ministro Joaquim. Então pode sim.
Dr.Alberto não fale besteira. Vc so fala do caso dos mensaleiros, ai do brasil se não fosse a mídia. O Brasil deve muito a imprensa depois da constituição e 1988.