Advogados avaliam a mídia no mensalão – 9
Inocêncio Mártires Coelho: A imprensa serve à justiça e à cidadania.
A seguir, trechos da entrevista com o advogado Inocêncio Mártires Coelho, defensor do réu José Rodrigues Borba, publicada no livro “AP 470 – Análise da intervenção da mídia no julgamento do mensalão a partir de entrevistas com a defesa”.
Em nenhuma situação numa sociedade democrática é admissível satanizar a mídia. Sem a liberdade de imprensa levada ao limite não há que se falar em uma democracia autêntica, genuína.
A relação entre imprensa e juiz é normal. Eu disse na defesa do meu cliente, citando a fonte, que nenhum juiz se encaminha virgem para julgar um caso. O juiz é leitor do jornal de manhã.
A influência da imprensa sobre o juiz é a mesma sobre o cidadão leitor.
(…) Um juiz que profere a sua sentença apenas com base na lei é uma vítima de seus próprios preconceitos, porque ele não tem consciência de que está envolvido numa teia de preconceitos, que são inerentes ao conviver.
A imprensa não conflita com ninguém. A imprensa está a serviço do Judiciário, na medida em que, divulgando os fatos, leva-os ao conhecimento desse Poder, e criticando o faz no sentido de ajudar para se julgar melhor.
(…) Nada mais eficaz para chamar à razão um juiz do que apontar o equívoco dos seus julgamentos. Então a imprensa serve à justiça e à cidadania.
O judiciário dispõe das garantias constitucionais, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos e vitaliciedade. Só sob esse aspecto, de que são vigiáveis, é que se justificam essas prerrogativas. Eles gozam dessas prerrogativas para não poderem dizer que estão sendo pressionados pela mídia, porque a mídia não consegue mexer com eles, porque as garantias dele são prerrogativas do povo.
Nunca me senti oprimido pela mídia, seja como advogado privado ou público. Eu fui advogado do presidente Collor, primeiro como advogado dativo e, logo em seguida, particular porque ele renunciou e o advogado dele me convidou e me perguntou se eu aceitaria passar a defesa dele e eu aceitei. Aceitei consciente de que eu estava ali para fazer a defesa de um cidadão que já estava condenado do ponto de vista político, não pela mídia, mas pela opinião pública que tinha lhe retirado o apoio.
[Perguntado se houve pressão por penas altas na AP 470]: Não, o que houve na mídia foi um processo de exasperação do conhecimento do processo e do seu acompanhamento, porque até então apenas os interessados, advogados, professores, assistiam às sessões públicas do STF, que são veiculadas pela televisão. (…) No caso do mensalão, como tinha uma forte conotação política, um embate entre as forças políticas, a mídia dedicou ao episódio um interesse que não vinha dedicando a outros processos, como de resto dedica às pugnas eleitorais.
Por essa eu não esperava. Pelo menos UM advogado fala alguma coisa sensata.
Dr. Inocêncio, realmente, iter para si que a mídia não pressionou… Inocêncio…
Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Nesse texto só não gosto da parte final. No avançar das alterações eleitorais no Brasil a imprensa FALHA no seu mister de ajudar a evoluirmos. Pouco se faz para MUDAR ou quase nada, do DEGENERADO e condicionante voto ESCRAVO obrigatório direto, para algo DEMOCRÁTICO e LIBERTO que é o VOTO FACULTATIVO. Será no meu entender e quando a IMPRENSA acordar, um grande auxílio às LIBERDADES, emprestar atenção e gerar debates que nos conduzam para o VOTO FACULTATIVO. Acredito que SEM o VOTO FACULTATIVO o BRASIL continuará nas mãos dos CORONÉIS analógicos ou digitais com seus caprichos e vaidades. OPINIÃO!
Caro ricardo, eu também sempre fui contrário ao voto compulsório, mas, de certa forma, a obrigatoriedade leva ao cidadão a interessar-se pelos acontecimentos cotidianos da nossa política. É verdade que a população menos esclarecida vota é no cabresto mesmo.
Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Olá! Francisco C. de Campos, como vai., Anteriormente, pensava igualmente. Mudei de posição e me atenho ao VOTO FACULTATIVO como elemento de ação crítica para exatamente, gerar interesse e não só interesse, como habituar-se o eleitor/a cobrar durante e pós eleições, promessas e responsabilidades assumidas. Estou convencido de que SEM o Voto Facultativo, a coisa NÃO muda e mais, é exatamente o voto escravo obrigatório que faz o cidadão se desinteressar pelos rumos do país. OPINIÃO!
Irredutibilidade salarial não existe mais, já há muito tempo. Por coincidência, dois dias após a determinação das prisões, a presidente Dilma pediu austeridade e a retirada de pauta do projeto de recomposição dos subsídios, enviado por Joaquim Barbosa, (que aliás ganhará líquido menos do que o Zé Dirceu, como gerente de hotel). Tudo a despeito de, ao mesmo tempo, medidas provisórias trazerem bilhões de benefícios fiscais às grandes empresas.
Logo, tampouco haverá a vitaliciedade. Como manobra pelo fim da PEC 37, busca-se em nome das ruas (é o que dizem), relativizar essa garantia com o genérico termo “atos irregulares”. E tem gente que cai nessa. Passada essa proposta e com os autores devidamente blindados o passo seguinte será (“em nome das ruas”) acabar com o foro privilegiado que se revelou um tiro no pé.
Sr. Sérgio, poucas vezes vi tantos equívocos reunidos num só comentário. Primeiro: o Sr. acha que o JB (ex-promotor) deve ganhar quanto? Segundo: eu poderia citar uma dezena de juízes que praticaram “atos irregulares” e que foram apanhados e punidos mediante apuração regular. Muitos casos foram noticiados neste mesmo blog. Terceiro: o foro privilegiado caiu de moda porque, agora, os colarinhos brancos podem ir para a cadeia, a despeito de eu achar que corrupto que gosta de trem de metrô, por exemplo, não vai pra cadeia mesmo, tenha ou não foro privilegiado. Então, não dá pra dizer que foro privilegiado se revelou tiro no pé. É que, pra alguns, já cumpriu sua finalidade.
Sabe que nem eu tinha visto antes tanto equívoco numa única interpretação…
O advogado em questão entende muito pouco de imprensa. Sigo a opinião de Millôr Fernandes que a conhecia nas entranhas pois viveu 70 anos da sua vida dentro dela. Dizia o Millôr a imprensa brasileira sempre foi canalha. Que se ela fosse um pouco melhor poderia ter influência positiva sobre o país. Que é mais culpada da nossa condição do que as forças políticas que nos dominam. Que apesar de toda evolução é lamentavelmente ruim. Que, enfim, nada diria sobre TV porque esta já nasceu pusilânime. (Fonte : Livro “A Entrevista” LPM Editores, páginas 23 e 24.