Advogados avaliam a mídia no mensalão – 19

Frederico Vasconcelos

Maurício Campos Júnior: A publicidade opressiva é a força mais difícil de se lidar.

A seguir, trechos da entrevista com o advogado Maurício de Oliveira Campos Júnior, defensor do réu Vinicius Samarane, publicada no livro “AP 470 – Análise da intervenção da mídia no julgamento do mensalão a partir de entrevistas com a defesa”.

 

A imprensa precisa impor a si limites éticos mais claros e as pessoas precisam ser responsáveis pelo que publicam.

A ação penal é uma proposta da acusação. Ainda não existe culpa. Mas as pessoas são julgadas e condenadas pela opinião pública muito antes do processo acabar.

Opiniões desprovidas do compromisso com o status precário do processo fazerm julgamentos em blogs e twitter, logo encontrando adeptos e seguidores sem espírito crítico e responsabilidade.

Hoje, os editoriais, comentários e entrevistas sugerem reações e comportamentos de juízes –e até o prognóstico de uma decisão conforme a intensidade das pressões sociais.

A opressão publicitária ou a publicidade opressiva é a força mais difícil de se lidar num caso criminal.

Hoje, é comum o Ministério Público convocar entrevista coletiva por meio de sua assessoria de imprensa e fazer alarde de um caso segundo sua visão naturalmente parcial.

A imprensa se alimenta das informações lançadas segundo a mesma visão parcial nos sítios eletrônicos da instituição. O acusado não disporá das mesmas armas. Sem estrutura para se comunicar com a imprensa e sem a mesma força institucional, não conseguirá “convocar” absolutamente ninguém. A imprensa duvidará de sua versão e preferirá a da acusação oficial.

Considero dispensável que um ministro tenha que dar entrevista sobre sua decisão. Ou pior, que tenha que fazer nota a imprensa para explicá-la. (…) Melhor que o juiz se manifeste através de votos nos julgamentos, aulas e palestras, não entrevistas.

Comentários

  1. O advogado reclama das entrevistas coletivas “convocadas” pelo Ministério Público (diga-se de passagem, trata-se de afirmativa genérica e descabida em relação ao “mensalão”. Não me recordo de nenhuma entrevista coletiva da PGR para fazer alarde desse caso…). Mas vamos voltar o foco também para a advocacia. O que o advogado Maurício de Oliveira Campos Júnior diria sobre o lobby (nem tão) silencioso dos “criminalistas de boutique” nos bastidores dos tribunais, do Congresso e do governo? Francamente, essa conduta insidiosa me parece muito mais opressiva do que a manifestação oficial de alguma instituição perante a opinião pública. Posso assegurar que o Ministério Público não dispõe das mesmas armas que a chamada “elite da advocacia”.

  2. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Novamente, a Liberdade deve ser TOTAL. Os advogados estão despreparados para atuar num planeta Global-Informatizado. As universidades e faculdades de direito precisam preparar técnica e psicologicamente esses profissionais para atuarem nesse novo cenário. O choro com sentido CENSURADOR seja; aos Blog’s, locais para comentários, ou à imprensa formal ou mesmo à imprensa informal, tanto faz, se reflete nessa formação deficiente das academias. O erro está na insuficiente formação do profissional que atuará no Mundo jurídico quase todo funcionado na lógica DIGITAL. Hoje, formam-se advogados analógicos. Isso promove essa dificuldade na compreensão e futura competente ação que os mesmos devem ter na adversidade comunicacional. Os Advogados atuais, com as exceções de sempre, naturalmente, imaginam que petição se escreve com máquina de escrever e se envia dados através de pombos correios bem treinados. O mundo hoje tá um pouquinho mais à frente. Acorda MEC!!! OPINIÃO!

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