Os boatos que marcaram a disputa no TJ-SP

Frederico Vasconcelos

Os abraços, os elogios e as fotos tiradas depois da abertura das urnas no Tribunal de Justiça de São Paulo, no último dia 4, não retratariam o clima real da escolha do novo comando do maior tribunal do país.

Nas semanas que antecederam a votação, o desembargador José Renato Nalini não conseguiu dormir tranquilo. Ele diz que estava sob pressão, pois também acreditou nas previsões de que a eleição seria decidida num segundo turno, competindo com o desembargador Paulo Dimas Mascaretti.

Essa hipótese foi levantada depois da liminar do Conselho Nacional de Justiça, concedida no dia 13 de novembro, impedindo o presidente Ivan Sartori de candidatar-se para disputar a reeleição.

Era o chamado “Plano B”, a aposta de que Sartori poderia transferir votos para o ex-presidente da Apamagis (Associação Paulista de Magistrados). Mascaretti era citado como “um novo Sartori”, um candidato com “garra”.

O desembargador Vanderci Álvares, por sua vez, era chamado de “Ivanderci”, uma forma de sugerir eventual apoio de Ivan Sartori ao candidato que não estava no páreo, mas que, dizia-se, “poderia surpreender”.

Os boatos eram vistos como uma tentativa de minar a candidatura de Nalini.

Como deverá aposentar-se ao encerrar a gestão, circulou que ele pedia votos alegando que esta seria a última chance de chegar à presidência. O que Nalini nega.

As comparações com o “jovem” Mascaretti também sugeriam que a “gerontocracia” retornaria ao tribunal.

Como Nalini é autor de obras sobre ética, chegaram a dizer que ele não gosta de dinheiro, e, por isso, não seria bom administrador.

Nalini venceu as eleições, esvaziando as especulações e frustrando os projetos de dois fortes concorrentes: Mascaretti e Sartori.

Comentários

  1. Ser honesto não tem nada a ver com não gostar de dinheiro.
    Juiz que gosta de dinheiro e que administra tribunal acaba sendo chamado de lalau.
    Lembram-se?

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