Juiz trabalhar em casa e liberdade de sonhar

Frederico Vasconcelos

Sob o título “Contraponto”, o texto a seguir é de autoria do juiz Danilo Campos, de Minas Gerais.

 

Na contramão do colega Ezequiel Rodrigo Garcia, de Joinville-SC, que palpitou aqui há poucos dias sobre um tal “home office” (trabalho em casa), sugerindo que o juiz talvez pudesse ser mais produtivo trabalhando onde bem quisesse, vou dar o meu pitaco sobre o assunto, baseado na minha experiência de mais de 22 anos de magistratura.

Eu sempre trabalhei somente no fórum e, durante muitos anos (agora com menos frequência), cumpri religiosamente expediente pela manhã e à tarde. Também não tenho o hábito de levar processos pra casa, trabalhar aos fins de semana ou nas férias, mas em regra minha produtividade sempre esteve no mesmo patamar dos colegas mais operosos.

Entretanto, essa não é a regra. Se comparecermos a um fórum pela manhã constataremos que os gabinetes dos juízes e suas garagens ficam vazios. E a produtividade destes colegas que dizem trabalhar em casa nunca chegou perto da minha.

A propósito, se trabalhar em casa aumentasse a produtividade os procuradores do Ministério Público (que pelo menos aqui em Minas cumprem expediente doméstico) seriam campeões de produtividade, mas à boca pequena a classe dos promotores a eles se referem como aposentados precoces.

Também é muito comum, sobretudo entre os promotores de justiça e nas varas da Justiça do Trabalho no interior, aqueles chamados “tqqs”, que só comparecem aos fóruns às terças, quartas e quintas. 

Por outro lado, o fenômeno da terceirização das funções judiciais é outro dado preocupante. Cada dia mais, sobretudo nos tribunais, delega-se funções aos assessores e consequência disso é que a qualidade das decisões tem sido uma lástima.

É bem verdade que muitos, sobretudo no início da carreira, trabalham muito, mas não há nenhum levantamento seguro que indique que esta seja a regra, até porque as corregedorias não funcionam e não há nenhum controle efetivo sobre a produtividade dos juízes, muito menos a respeito da qualidade das decisões.

Então, num cenário desse, onde não há valorização do mérito, onde a progressão na carreira é feita, meio a meio, pelo critério de antiguidade e a outra metade por politicagem, onde você sendo excelente ou péssimo, trabalhando muito ou pouco receberá o mesmo tratamento, tenho pregado há muito tempo que o conveniente por ora seria a institucionalização do ponto, trabalhando os juízes e promotores em seus gabinetes por oito horas diárias, de segunda a sexta, e nada mais, diminuindo também o número de assessores, sobretudo no segundo grau.

Em verdade, a satisfação da demanda é meta que não se cumpre com trabalho extenuante, porque nesta bagunça quanto mais trabalhamos mais os processos aumentam.

O que precisa o Judiciário é de organização, segurança jurídica, uniformidade e previsibilidade das decisões, porque sem isto o que estamos vendo são as pessoas arriscar na justiça como numa loteria, com a multiplicação cada vez mais das causas de bagatela, que só servem ao propósito de manter mercado à classe dos advogados.

Por enquanto, a simples mudança de atitude punindo-se com maior rigor a litigância temerária e cobrando-se o prévio requerimento administrativo antes do ajuizamento de diversas ações contra o Estado, bancos, seguradoras, companhias telefônicas etc, enfim maior atenção ao requisito do interesse processual como condição da ação, ao lado de providências tendentes a coibir as lides simuladas e de incentivo à solução extrajudicial de conflitos, já seria suficiente a estancar esse quadro caótico de demandismo desenfreado e inconsequente.

Mas, tudo isto embora pareça óbvio no nosso Judiciário ainda é sonho, porque sua administração é amadora,  dominada por uma casta sem nenhum profissionalismo, gente vaidosa que está lá pra fazer biografia à custa de cargos, diplomas e medalhas.

Também, o carreirismo deslocou o foco da prestação do serviço para a ascensão na carreira e a verdadeira vocação do juiz carreirista é fazer de cada decisão uma oportunidade.

Portanto, enquanto o Judiciário não for administrado seriamente e a classe dos juízes não exercitar sua autocrítica, o melhor seria o controle de ponto. Mas ninguém está proibido de sonhar.

 

Comentários

  1. A visão do juiz (autor desse post) é, infelizmente, um retrato fiel do Judiciário. Porém, me espanta que essa visão seja de um juiz. Isso me deixa muito pessimista, pois indica fortemente uma incapacidade desse poder curar suas próprias feridas, pois se um juiz se vê impotente, quem teria poder pra isso? Isso revela que a sociedade precisa mobilizar-se para uma reforma profunda no judiciário brasileiro…

  2. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Quero dar meus PARABÉNS ao FRED! Gosto deste BLOG, pois, aprendo muito e sempre. Mais, a possibilidade do contraditório é uma virtude. Lendo os relatos – comentários – opiniões vamos conhecendo melhor como funcionam as coisas. Parece, salvo melhor juízo, que esse BLOG quebra PARADIGMAS, INOVA efetivamente. Aponta decisivamente para dois fenômenos importantes; Liberdade de Pensamento e Liberdade de Expressão. Também, a vantagem do contraditório pela exaltação da perspectiva democrática e de liberdade. E, que no fundo TODOS desejamos o melhor e mais adequado. Mas, para que aconteça a MUDANÇA de PARADIGMA e a INOVAÇÃO é necessário MUDAR e de preferência SEM comparativos, ainda, SEM bairrismos regionalizados. O tema pela importância é BRASILEIRO e interessa ao BRASIL e seus cidadãos, onde estiverem pela importância. Qual seja; uma melhor, mais ágil, mais eficiente e eficáz, JUSTIÇA, enquanto prestadora de serviços ao POVO brasileiro que dela e nela se SOCORRE. Para tanto, caminhemos no sentido da mudança POSSÍVEL e aproveitemos à mãozinha da TECNOLOGIA como “FACILITADORA” do e no processo de MUDANÇA. Feliz ANO NOVO FRED! E, Feliz Ano Novo, aos comentaristas opinantes sempre com opiniões da MAIOR IMPORTÂNCIA. São meus VOTOS, sejam FELIZES em 2014! OPINIÃO!

  3. Em tempo: esqueci de mencionar que analisei também os relatórios da produtividade do Juiz DAnilo nos meses de agosto, setembro, outubro, sendo que em nenhum destes meses ficou em poder deste menos de 2000 mil processos além do prazo legal… Ainda bem que as corregedorias não fiscalizam a produtividade do juiz como ele mesmo disse…

    1. Caro Roberto, o CNJ realizou inspeção na minha vara ano passado, ficou uma semana só por minha conta e eu fui aprovado com louvor. Analise o relatório da inspeção e constate se sou ou não produtivo. No mais, para ter menos processos em meu poder bastaria fazer como outros, retê-los na secretaria. Abs.

  4. Sou juiz de direito a 16 anos em Minas Gerais e após ler o texto do colega Danilo Campos fiquei preocupado com minha situação e pensando se não seria o caso de pedir aposentadoria por invalidez, pois a despeito de ter sido promovido a cerca de um ano para uma das comarcas mais tranquilas do estado, Cássia, ainda vejo-me obrigado a levar serviço para casa e a trabalhar fora do horário de expediente. Resolvi, então, analisar a tão superior produtividade que ele alega ter pelo fato de apenas trabalhar durante o expediente forense no portal do TJ/MG, o qual esta aberto para quem quiser verificar a produtividade de qualquer juiz mineiro. No mês de novembro de 2013, encontrei o seguinte quadro comparativo: juiz Roberto Carlos: sentenças com mérito:83; sem mérito:10; TOTAL:96. Juiz Danilo de Campos:sentenças do mérito:43; sem merito26; TOTAL:59. DESPACHOS: Roberto Carlos:481; Danilo de Campos:221; AUDIÊNCIAS DESIGNADAS; Roberto Carlos:52, REALIZADAS:34; Danilo:DESIGNADAS:6; Realizadas 6; e, o dado talvez mais surpreendente e o número de proçessos em poder do juiz além do prazo legal: RoBERTo Carlos:128 para despacho e 13 para sentença : DANILO: para despacho:2542 e 8 para sentença.
    REsolvi então comparar com outro colega e que também leva serviço para casa, o qual e muito mais culto e trabalhador do que eu e que se encontra no inferno judicial chamado Alpinopolis, minha antiga comarca, a qual conta atualmente com mais de sete mil processos. Aí, foi covardia…como qualquer um poderá constatar no portal do TJ/MG, o colega de Alpinopolis, proferiu três vezes mais sentenças, despachou cinco vezes mais, realizou vinte vezes mais audiências, só para registro 135, contra apenas seis de Danilo, e tinha em seu poder apenas um quarto dos processos de Danilo, além do prazo legal para decisão. analisei ainda a produtividade de mais quatro ou cinco colegas que sei que levam serviço para casa e o ilustre Colega Danilo não chegou nem perto da produtividade deles…

    1. Não sei se é o caso do magistrado comentarista, mas abaixo comentei que:

      “As estatísticas de produtividade (muitas ‘inventadas’ com grotescas movimentações processuais ) não comprovam o baixo nível das decisões e, ainda, fazem vistas grossas aos que pouco ou nada fazem – que o diga a CGJ.”

    2. Caro colega Roberto, para sua informação em novembro eu estive de férias por 15 dias. Também, com o fenômeno da captação ilegal de clientela nas ações de DPVAT e revisão de contrato bancário, a distribuição em Montes Claros quase triplicou de poucos anos para cá. Mas, mesmo assim, para manter altíssima produtividade bastaria fazer como muitos que, sem preocupar com o rombo ao erário, homologam todos os acordos DPVAT ou proferem sentenças chapadas sem análise dos casos concretos. Mas eu exijo perícia em todos esses casos e analiso todos os processos um a um. Ainda assim, no geral, acho que minha produtividade está acima da média. Mas, de qualquer forma, fazer estatistica é uma coisa, fazer justiça outra. Abs.

    3. Caso soubessem da produtividade – com qualidade – do colega Ezequiel Garcia. Joinville é a maior comarca de SC e mesmo assim ele consegue manter em gabinete, sem processos retidos na secretaria, apenas 30% dos processos que os demais colegas. Simplesmente temos que admitir que alguns produzem mais que outros, sem que qualquer deles esteja fazendo “corpo mole”. O mesm se dá no esporte, há atletas com rendimento melhor que outros e ambos os tipos procuram dar o seu melhor, mas apenas uma pequena parte estará entre os primeiros.

      1. Então não é o caso de perguntar se estes “atletas de baixo desempenho” não deveriam ser convidados a deixar os quadros do Judiciário? Afinal leio aqui quase todos os dias queixas sobre o sofrimento enorme carga de trabalho e baixos salários da magistratura. Só que é notório, reconhecido pela próprio classe, que existem aqueles que fazem seu salário render mais em troca de mais trabalho. Então que aqueles incapazes de render tanto quanto o judiciário precisa busquem outras profissões onde as coisas transformam de forma mais calma.

  5. Fred, analisando melhor o texto do Dr. Danilo Campos, Cheguei a uma conclusão: hoje o Blog do Fred, quebrou um grande paradigma, hj o blog do Fred, inovou no mundo dos contos de fada, pois fez realidade o que era tido como lenda, hj o blog do Fred, fez verdade o que era tido como mentira. Parabéns Blog do Fred, parabéns, especialmente, ao grande e laborioso Juiz, e acima de tudo, inteligentíssimo Juiz DANILO CAMPOS das terras das verdadeiras gerais.

  6. Meio que sou contra o “office home”, não pelas razões do ilustre magistrado, mas pela minha experiência: é que, desde que surgiu essa possibilidade, passei a trabalhar muito mais!
    A impressão que se tem é que o articulista está mais criticando a leniência de seus colegas (que encontraram mais um motivo para o desleixo) do que propriamente essa nova possibilidade, real e concreta, que surgiu como um significativo avanço na arcaica e ultrapassada forma de atuação do Poder Judiciário, que é a implementação do processo digital, que resumo como um “avanço histórico” e que viabiliza justamente o “office home”.
    Penso, também, que o autor do texto cometeu um equívoco lamentável. A modernização da estrutura operacional do Poder Judiciário não pode servir de mote à preguiça, pela simples razão de que é uma ferramenta que deve ser considerada objetivamente: traz progresso ou não? Traz! Os preguiçosos continuarão com preguiça, com processo digital ou com processo físico; os operantes continuarão operando!
    E digo isso depois de labutar por quase 40 anos nas entranhas do Poder Judiciário como seu servidor (não me perguntem porque não “virei” juiz de direito, por favor!).
    Sob outro prisma, e na perspectiva de quem está do outro lado do balcão, o advogado, hoje, com o processo digital, pode, por exemplo, mesmo em férias, e antes de iniciar seu laser diário, logar-se e ver a quantas andam seus processos, do lugar em que estiver, passar as instruções para quem ficou no escritório e, ao final do dia ou mesmo depois do jantar, ver se estas foram seguidas, revisando inclusive as petições, pela exata razão de que atualmente não mais é mais necessário ir ao escritório para trabalhar, nem ir ao fórum para ficar “namorando” os processos. Antigamente tinha uns advogados que iam todo dia no fórum para ficar horas e horas “namorando” seus processos, e folheavam, e anotavam, e voltavam no “começo do princípio”, e, depois, tudo de novo – e nós escrivães de butuca para ser se o tal não iria sumir com alguma folha dos autos (segundo reza a lenda teve um advogado que simplesmente comeu um cheque que se encontrava em um processo de cobrança contra seu cliente – dizem que apareceu no cartório com uns óculos fundo de garrafa, que exigia uma leitura bem de perto; numa dessas, foi-se o cheque!)
    Em suma, Dr. Danilo Campos, quem quer trabalhar, simplesmente trabalha: que não quer, dá desculpas!
    Eu gostei e me adaptei a esse passo em direção à modernidade! Trabalho com dois monitores e estou pensando seriamente na possibilidade de trabalhar com três: um, para o processo digital; outro, para o trabalho que estou executando; e, o outro, para pesquisas. Dizem que para um “nerd” um bastava! Mas, mesmo assim, sinto-me um “nerdinho” (eu disse “Nerdinho”!), porque é bem melhor do que ficar diante de uma máquina de datilografia, um amontoado de “papéis” bolorentos e fedorentos, chamado de “processo físico”, e livros e livros, impregnados de ácaros, abertos em empilhados na escrivania!
    Por fim, informo que meu comentário tem como referência o Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul, que está bem adiantado nesse processo!

    1. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Olá! José Robson, como vai., MUITO POSITIVO SEU COMENTÁRIO. PARABÉNS! O juiz Danilo Campos, apresenta uma situação REAL. Merece os Parabéns! A questão, entretanto, que incomoda, NÓS mortais brasileiros/as é outra. Como fazer para mudar esse estágio de coisas apresentadas. Faremos uma plástica, enquanto, o interno continua o mesmo? OU, faremos uma revolução que implica em MUDANÇA geral, interna e externa? Creio que a saída mais adequada é a REVOLUÇÃO TRANSFORMADORA. E, qual NORTE? Em grande medida a VIRTUALIZAÇÃO. Chaplin foi fantástico ao criticar a mesmíce. Só uma mudança profunda atingirá e preencherá os anseios do Juiz Danilo Campos. Uma integração virtual entre cartórios, fóruns, em REDE RELACIONAL. De outra maneira, retornemos às Olivetti e IBM de margarida! OPINIÃO! Precisamos pensar em duas coisas: a) Hoje, se pode imaginar um TREM sem rodas e ele, existe! b) A nanotecnologia consegue EMBARCAR em nano estruturas, medicamentos, nano equipamentos que vão atingir exatamente o ponto preciso dentro do organismo humano e solucionar a questão. Como digo e sempre com o máximo respeito. AS MUDANÇAS VIERAM PARA FICAR! Precisamos mudar nossa MENTALIDADE para além do arroz com feijão! Há “Y”, quase infinitas possibilidades. POR VIR! Muitas já estão à disposição! OPINIÃO!

  7. Danilo Campos é um homem íntegro. Que combate o bom combate. Acredito que existam outros dentro do Poder Judiciário. Mas a instituição está irremediavelmente corroída e penso que sómente remédios constitucionais poderiam forçar o Poder a se autoreformar. O magistrado cita o Ministério Público de Minas Gerais e nesta citação simples, questiona a real produtividade daquela instituição. Concordo inteiramente com este questionamento. É claro que de forma análoga ao Poder Judiciário também vão existir nesta instituição os abnegados que cumprem fielmente o seu dever funcional. Mas quem frequenta o Diamond Mall, shopping em região nobre de BH perto da sede do MP, certamente se espantaria ao ver a assiduidade de membros do MP em sua praça de alimentação em horários, que convenhamos, lembravam mais uma happy hour antecipada. Agora tomo conhecimento que o MP mineiro trabalha no conceito de Home Office. Acorda cidadão brasileiro. Estão te fazendo de palhaço.

  8. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Com exceção ao parágrafo 11º do texto que já tecemos comentários a única maneira de ajudar a JUSTIÇA melhorar em seu desempenho como um todo é: a) Aplicação das modernas lógicas relacionais possíveis existentes nos sistemas de informação. b) Aplicação prática do pensamento em tecnologia da informação. c) Utilização de equipamentos eletrônicos, eletromecânicos, de grande capacidade de armazenagem e processamento. d) Hardware e Software modernos compatíveis e que se inter relacionem sem conflitos com os demais. e) Aplicação das modernas técnicas de recursos humanos compreendendo treinamento, seleção de pessoal. f) Reengenharia aplicada aos métodos, processos, processamentos e documentos em andamento, tornando VIRTUAIS sempre e onde couber. g) Treinamentos específicos constantes a cada seis meses para TODOS, servidores, juízes/as, magistrados/as, no aperfeiçoamento conceitual, prático do instrumental lógico em: 1 – Comunicação virtualizada e suas possibilidades. 2 – Apresentar o potencial dos procedimentos e processos em comunicação em EAD- ensino a distância – possíveis e disponíveis. 3 – Explicar aos juízes/as, magistrado/as e servidores/as vantagens existentes em conhecer os fundamentos dos sinais de satélite, suas aplicações ao dia a dia, sua vantajosa aproximação do mundo real em real time, online, das entrevistas e julgamentos à distância. Todas ações que provocarão uma mudança de MENTALIDADE profunda na maneira de organizar o TRABALHO e agilizá-lo, SEM prejuízo a quaisquer das partes envolvidas. O que estamos presenciando como discussões neste momento, e outros, é que há convivendo presentemente, dois MUNDOS: a) Um analógico b) Outro lógico-digital. O mundo analógico exige nossa presença física quase sempre. O mundo lógico-digital nos possibilita transitar no espaço-tempo, interferindo e agindo sem a presença física, obrigatória, do mundo analógico. Será uma mudança e tanto, porém, penso que vai ser o caminho a percorrer no futuro próximo. O que precisamos acelerar é a MUDANÇA DE MENTALIDADE e isso implica em educação de qualidade. Quanto mais resistirmos à MUDANÇA maior será à distância em que nos colocaremos frente ao primeiro mundo! A perspectiva de mudança pressupõe não a discussão sobre o óbvio do que aí está e sim, promover de cima para baixo uma alteração no fazer e no saber fazer e no agir, ações, mirando um horizonte por descortinar. Talvez, não estejamos preparados, entretanto é por aí! OPINIÃO!

  9. Se esta for a realidade da Justiça Mineira o combativo juiz mineiro merece os cumprimentos. Ainda bem que sou juiz em São Paulo que em 37anos de carreira só constatei três casos excepcionais de promoção por merecimento em que os beneficiados não tinham nada de excepcional. É um nada, pois! E nós temos exemplo recente de que juiz também é excepcional, na expressão literal do termo, administrador de um Tribunal. Falo de Ivan Garisio Sartori que pôs a Justiça de São Paulo no lugar que ela sempre ocupou no cenário judicial brasileiro!

  10. Glória a Deus! Até que enfim um magistrado lúcido e honesto! Fossem adotadas as singelas medidas por ele preconizadas e o Judiciário brasileiro daria um salto de qualidade imensurável. Receba, Excelência, os singelos cumprimentos deste, a partir de agora, seu admirador.

  11. Dr. Danilo Campos, parabéns pela clara e insofismável declaração da situação de fato e real que vive a magistratura, as corregedorias e o sistema de controle do judiciário. O Marketing do “home office” não traduz os anseios da sociedade jurídica e nem dos fundamentos do serviço público do Estado Brasileiro [servidor público].

  12. Olá! Caros Comentaristas! E, Fred! Achei interessante o artigo, porém, desfocado da realidade que se avizinha no planeta. Talvez, pelo atraso geral no Brasil, demoremos mais para avançar em novas formas de trabalho, novas maneiras de fazer o trabalho e em determinados tipos de trabalho. Como um ser comum; não consigo conceber o Juiz/a, trabalhando dentro das regras convencionais de 08 (oito) horas diárias, preso a um local físico específico. Primeiro pela desnecessidade e segundo, pelo trabalho intelectual nos moldes modernos que pode ser realizado de qualquer lugar. Nós podemos utilizar cartas através dos correios, agilizar, através do SEDEX, entretanto, um E-mail, é mais produtivo, rápido e eficiente e eficaz. Falando em produtividade, um Juiz/a precisa ser assertivo. Tenho muita dificuldade em olhar o agir de Juízes e Magistrados como linha de produção. Claro que há atos inúmeros que podem ser padronizados, entretanto, no que interessa, ao cliente que busca socorro na justiça, só será prejudicado pela celeridade produtiva. A terceirização sempre é nefasta, em qualquer atividade. Num país cooptado pelo poder NÃO há meritocracia. Isso é mera figura de linguagem declaratória. Nesse ponto vai bem. No 11º parágrafo o Juiz preocupa e prejudica seu discurso, tornando-o inócuo, ineficaz e equivocado e ai, como um todo. Por sinal, olhando o horizonte futuro de possibilidades nas relações funcionais não só de Juízes/as e sim, de todos os setores, a tendência é mudar a lógica existente em relação ao tempo e espaço. Nesse 11º parágrafo o JUIZ demonstra que desconhece quem é o VILÃO dessa história em atraso. São justamente: O Estado nas suas vertentes, os Bancos, as seguradoras e as telefônicas, afora outros e outras, que produzem o desastre brasileiro. É DIREITO do cidadão; discutir na justiça à exaustão pendengas que NÃO concorda e NÃO cabe ao JUÍZ a priori impedir isso. Estimular lides extrajudiciais pelo conciliatório arbitral é ENTERRAR de vez o sistema judicial brasileiro como um todo. Podemos dentro disso: FECHÁ-LO por inútil que será! Não há no regime ARBITRAL justiça, HÁ acordos de BALCÃO e sempre prejudiciais aos mais fracos e menos favorecidos. Demandar na JUSTIÇA é um direito incontestável, pelo menos, enquanto formos democráticos e a LIBERDADE prevalecer. Argumento contrário possui viés AUTORITÁRIO, ainda, é ILEGAL, quando a priori, como pressuposto. Quanto à administração amadora ou inexistente em muitos casos, vai Bem nesse ponto. Precisa mudar! Sempre com o máximo respeito, meu apoio vai para o Juiz Ezequiel Rodrigo Garcia, de Joinville-SC, mais próximo do por vir e sem desejos de DEJAVÙ! Feliz Ano Novo para todos! OPINIÃO!

    1. Concordo quanto ao 11º parágrafo, pois seria estabelecer premissa cruel para a sociedade em benefício do capital, invertendo-se a lógica da demora, agora institucionalizando-a a partir de mais poder conferido a quem já o detém.

  13. Tenho que corrigir o Danilo e dize que aqui em SP a Corregedoria do TJ funciona e existe controle de produtividade, sim. Quanto ao “controle de qualidade”, este é feito pelas partes e pelo Tribunal.

    1. Olá meu amigo Tadeu Zanoni, prazer em revê-lo. De certa forma as corregedorias por aqui também funcionam; é bem capaz d’eu responder mais um procedimento disciplinar por contar a minha verdade. Mas, enquanto isto, os vagabundos estão por aí, livres, leves e soltos.

  14. O magistrado parte de uma premissa bastante equivocada: a de que tempo/jornada de trabalho significa produção. Não significa. Tanto por isso, é comum irmos a repartições públicas, as mais variadas, e constatar conversa e pouco trabalho de servidores, que, afinal, estão lá para cumprir o expediente. Quer maior produção? As corregedorias devem efetivamente fazer controle de produtividade, deixando o profissional à vontade para produzir onde se sentir melhor. É assim na iniciativa privada. Deveria ser na pública, respeitando apenas um horário mínimo de atendimento ao publico e o restante, facultando trabalho em casa ou órgão publico. Mas repito: desde que houvesse controle efetivo pelas corregedorias.
    Todavia, afirmar que ponto é solução parece total descompasso com a realidade de mercado de trabalho do magistrado. Talvez, pareça mesmo uma certa ingenuidade simplista.

  15. Irretocável. Quando juiz vai entender que é um servidor público antes de mais nada e deve contas à sociedade?
    A sociedade clama por uma gestão racional do Judiciário, uniformizada e voltada para resultados.
    Lugar de juiz é no fórum, seu ambiente natural de trabalho. Local no qual deve ser o principal agente de transformação, visando à excelência do serviço público. Precisamos de juízes empreendedores e não de magistrados part time, descomprometidos com a causa pública.
    Parabéns ao autor do texto.

  16. Dr. Danilo,

    Retirando a parte do texto, que diz respeito as questões dos requerimentos administrativos, que também é perda de tempo, a meu ver, porque seguradora e ente público não atendem aos cidadãos em seus pleitos na sua maioria da vezes, o restante do texto assino embaixo. Na verdade na minha visão, deveria sim era punir, os entes públicos, seguradoras etc, quando estes não atendessem os pleitos da pessoas, e nesse caso a justiça concedesse os benefícios, aí sim, vcs assistiriam a coisa funcionar, mas, junto com a sentença ou decisão concessiva viesse pesadas multas contras essas pessoas jurídicas, a coisa funcionaria uma beleza, pois quem emporcalha a justiça não é o cidadão, mas empresas e munícipios, Estados-membros, União e suas autarquias. Outra coisa, junto com o ponto, tivesse também uma cobrança maior dos prazos dos juízes, pois, muitos cumprem e outros nem tanto, contudo, o salário no final do mês sai da mesma fonte, o cidadão, e de forma igual para todos, mesmo para os mais lambões e preguiçosos, que causam náuseas.

  17. Senhor Danilo Campos, quero aplaudir suas considerações. Parabéns. O senhor expressou constatações habituais nos expedientes forenses: a leniência prevalece. Enquanto o Poder Judiciário como um todo não enfrentar essas questões com seriedade e vontade, TUDO será “um faz de conta”, com números, estatísticas, administrações e mutirões de autopromoção, que mais se prestam a obscurecer o óbvio: poucos trabalham e muitos fingem que trabalham.

Comments are closed.