Joaquim e a “luta do bem contra o mal”
Sob o título “Joaquim Barbosa: o fiel da balança!”, o artigo a seguir é de autoria de Edison Vicentini Barroso, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, que assina o texto como “magistrado e cidadão brasileiro”.
Na história dum povo, existem pessoas e “pessoas”. Há quem passe, sem alarido ou clamor – quase despercebido. Mas existe quem, em razão de atributos pessoais marcantes, fira o senso comum e se destaque, polemizando opiniões.
Assim Joaquim Barbosa, ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Antes de tudo, cidadão brasileiro cumpridor de seus deveres – pari passu à personalidade forte, que não condescende com o malfeito ou deixa as coisas para depois.
Esta, a impressão que dele tenho – mesmo à distância. É alguém que não fica em cima do muro e que, decididamente, escolhe um lado, arregaça as mangas e vai à luta. Não cede a pressões, que não as da consciência, consciente de suas obrigações – profissionais e cívicas.
É certo: causa aprovação e desaprovação, por suas atitudes; sempre a depender da qualidade e/ou da intenção de quem aprove ou desaprove. É, diremos assim, pedra bruta em contínua lapidação, no esmero de si mesmo. Fere brios, produz inimigos. Continua na linha de frente, firme no propósito de acertar.
Não se curva a pessoas ou interesses, de que ordem for, exceto àqueles que digam respeito ao que considere justo. Indicado para compor o Tribunal por um governo, seu único compromisso é com o Brasil e seu povo. Por isso mesmo, é mal compreendido; sobretudo, por aqueles descomprometidos com a decência e que dele esperam vassalagem.
Em suma, é pessoa que, de passagem, marca a vida dos outros, ávidos por justiça. Não tem chefe, não tem dono. É dono de si mesmo e chefe de suas ações. Como ele, existem outros. Porém, não muitos!
Esse o retrato haurido dos exemplos por ele dados, notadamente no célebre julgamento do mensalão, de desdobramentos inda presentes. Essa a visão imparcial que dele se tem, como protagonista e braço forte de episódio histórico neste País.
Sendo assim, os muitos amigos do ilícito se voltam contra ele, tentando desqualificá-lo. Mas Barbosa sabe do que é capaz e do que precisa fazer, e o faz. Fazendo-o, serve de exemplo e inspiração e, do seu jeito e nos seus limites, ajuda a mudar a cara do Brasil.
Dito isto, não surpreende movimento contrário que busca pintá-lo como um monstro e prega, com a maior naturalidade, seu assassinato. Neste País, o desejável não é o real. O que haveria de gerar respeito, no mínimo, pela firme condução do processo do mensalão, agora e mais que nunca, produz retaliação.
Entre pessoas de bem, onde reine algum nível, mesmo as reações contrárias são comedidas. Todavia, como disso se esperar de quem desconhece o bem e não tem nível? Como pedir ao ignorante aja com sabedoria? Como esperar mine água refrescante da aridez do deserto dum coração desacostumado da convivência democrática?
Barbosa, convicto de suas posições, como contraponto a alguns colegas seus, verdadeiros elementos pendulares no célebre julgamento, só por isso, foi eleito inimigo figadal da cúpula petista, que passou a açoitá-lo de todas as formas possíveis. Inclusive, de que, arbitrário, obstrui a Justiça – ignorante das coisas do Direito.
Em todos os episódios, os do passado e do presente, os de ontem e os de hoje, o ministro se revela juiz verdadeiro, magistrado de densidade específica e figura singular no contexto do Judiciário Nacional. Evidentemente, tem o apoio dos amigos da verdade, como a oposição daqueles que se alimentam da mentira.
Estes, de indiscutível força num País permeado por gritante ignorância, a lhe requestarem (solicitarem) e até exigirem, por afeiçoados do Poder, privilégios que outros não têm, mas que o sistema, inda imune ao controle esperado, de certa forma, lhes concede.
Que o diga o tratamento dispensado aos mensaleiros no presídio da Papuda. É a força do dinheiro a serviço do Poder, a mais não poder, apesar dos esforços hercúleos dos Barbosas da Vida.
Joaquim, um destes, o em questão, antenado àquilo que se passa à sua volta e cioso da obrigação de fazer cumprir a lei, faz o que pode – e um pouco mais – para que esta prevaleça, trate de quem se trate. O Partido Tentacular (PT) tem múltiplas ramificações e procura, como der, afastar os inimigos do caminho.
Compreensível, pois, tratando-se de quem se trata, do hoje emblemático Joaquim Barbosa, que o PT, de antecedentes de todos conhecidos e fustigado em seus interesses pelas ações enérgicas dum juiz simples, mas não dum simples juiz, se lhe contraponha pelos meios que conhece e aos quais está habituado.
Assim, intuitiva a percepção donde partem as ameaças ao hoje “herói da brasilidade”. Alguns nomes de petistas já foram apontados como aqueles que pregam sua morte, enquanto a parte boa da Nação clama pela vida de Barbosa – personificação do bem capaz de vencer o mal.
De se recordar, a este passo, que os petistas, antes mesmo do julgamento do mensalão, desafiavam Barbosa e diziam que sua militância haveria de julgar o julgamento. Pasmem! Em verdade, pretendiam intimidá-lo com a afirmação, tornada pública, de que o mensalão era só um julgamento político, para perseguição dos heróis petistas – José Dirceu e José Genoíno.
Aliás, estes esbravejavam, de punhos em riste, na fiel tradução duma ameaça nazista de fundo socialista. E, como de todos sabido, em que pese tenham aparecido na foto, com os punhos alteados, foram acabar mesmo é na prisão.
Por tudo isso, e mais, pelas redes da internet, os militantes petistas qualificam-no de incompetente e coisas do tipo, aqui irreproduzíveis (preservado do nível que lhes falta), além de desejarem-no morto.
Justo a ele, o justo por excelência, o “fiel da balança” num julgamento que inda repercutirá muito, e por muito e muito tempo!