Um juiz que não aceita auxílios
No último dia 18, o jornal “O Popular“, de Goiás, publicou entrevista concedida pelo desembargador Alan Sebastião de Sena Conceição, do Tribunal de Justiça de Goiás, ao jornalista Cleomar Almeida.
O desembargador recusou o auxílio-moradia.
“Se tenho moradia própria, qual a razão de receber este auxílio?”, pergunta o magistrado, que também recusou o auxílio-livro, de R$ 2,5 mil, e o uso de carro oficial.
Na semana passada, os servidores convocaram protesto contra a decisão do tribunal de Goiás de pagar a juízes e desembargadores o auxílio-moradia retroativo a cinco anos.
“Nós já temos um salário razoável, o bastante para vivermos com dignidade”, afirma o magistrado, que se diz contrário à politização do Judiciário.
Ele lembra que o tribunal tem uma biblioteca. “Não seria justo adquirir livros com o dinheiro do poder público e, depois de aposentar, levar todos como se fossem propriedade privada. Está aí um motivo também de não comprar livros com verba do poder público”, diz.
“Quando assumi, quando fui promovido para o cargo de desembargador, fiz a renúncia do carro de representação, mas sem nenhuma crítica aos que usam isso. Sem nenhuma crítica. Não é nenhum desejo de ser moralista, apenas ser coerente com uma história de vida.”
O desembargador reside a dois quarteirões do Tribunal e seu motorista trabalha na secretaria do gabinete.
Filho do comerciante Antônio Francisco da Conceição e da dona de casa Corina de Sena Conceição, ele ingressou na magistratura em 1976 e chegou ao tribunal por merecimento.