Petrobras levaria juízes para resort

Frederico Vasconcelos

Hotel Thermas Mossoró

Reportagem de Daniel Biasetto, publicada pelo “O Globo” (leia aqui) revela que a Petrobras convidou juízes e desembargadores trabalhistas para visitar instalações da estatal no Rio Grande do Norte, de 29 de março a 1º de abril, com hospedagem em um resort em Mossoró [foto] e todas as despesas pagas.

Segundo o texto, o convite –em carta com data de 3 de março– foi recusado formalmente pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região no dia 11 de março.

A presidente do órgão, desembargadora Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos, informa a reportagem, “cancelou a programação, que incluía traslados e almoço em restaurantes”.

Segundo o jornal, com base no alegado pelo TRT, “a Petrobras foi informada da decisão no mesmo dia”.

O texto publicado deixa dúvidas se o tribunal teria recusado imediatamente o convite. Ainda segundo a reportagem, a presidente “enviou a oferta da Petrobras aos membros do tribunal, solicitando que os interessados se manifestassem em 24 horas, após preencher uma ficha cadastral com dados pessoais, número de manequim e calçado, e se havia alguma restrição alimentar”.

Supõe-se que essas medidas se destinavam a providenciar roupas e equipamentos de segurança que a estatal também usa para dar publicidade às visitas oficiais.

Em nota enviada ao jornal, a Petrobras disse que promove um programa de visitas corporativas desde 1999, que “atende a objetivos estratégicos para consolidar a imagem de empresa de energia social e ambientalmente responsável, além de mostrar transparência por meio de visitas às suas instalações”.

Pelos termos do convite, a Petrobras pretendia “levar ao conhecimento do TRT as realizações da companhia, bem como reforçar a preocupação com o bem-estar da sociedade e a preservação do meio ambiente”.

Envolvida no escândalo de corrupção que abalou o país, a Petrobras, acredite-se, apostava que os participantes voltariam “com visão renovada sobre a dimensão do Brasil e a capacidade do nosso povo”.

Consultada pelo Blog, a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho) não comentou o episódio.