“Volare, oh oh!” por conta do erário
Nas primeiras semanas como presidente do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Ricardo Lewandowski anunciou que o órgão fixaria regras mais rígidas para reduzir as despesas de diárias e passagens –sem reconhecer que esses gastos vinham declinando na gestão do antecessor Joaquim Barbosa, depois de atingir o pico quando o órgão foi presidido pelo ministro Cezar Peluso, como este Blog comprovou [leia aqui].
Aparentemente, o rigor do discurso de contenção não se traduziu em exemplos de continência.
Lewandowski está na China desde a última sexta-feira (27), em missão oficial, devendo retornar ao Brasil neste final de semana. De 11 a 25 de fevereiro, o presidente do Supremo e do CNJ esteve na Europa, onde se encontrou com o papa Francisco e a rainha da Inglaterra.
Editorial da Folha, publicado nesta quarta-feira (1), sob o título “Mordomia isonômica“, comenta:
Como se o Poder Judiciário habitasse um mundo à parte, no qual as privações econômicas e o ajuste das contas públicas são um mito, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram elevar o valor das diárias que recebem quando precisam viajar a trabalho.
(…)
Enquanto se discute que contribuição cada setor da sociedade pode dar para tirar o país do atoleiro, membros do Judiciário tratam de garantir sua boquinha. O mau exemplo parte da mais alta corte, e as demais, talvez invocando um cínico “princípio da mordomia isonômica”, preferem se igualar no vício a lutar por mais virtude.