A fraude da elite sindical
Do ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho e ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto Pinto –que advogou para Lula no Sindicato dos Metalúrgicos– em entrevista a José Fucs, na revista “Época“, sobre a terceirização e a perda de influência do movimento sindical:
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Isso [críticas ao projeto que regulamenta a terceirização] é demagogia explícita. A lei trabalhista não faz distinção entre quem trabalha para uma prestadora de serviço e para uma tomadora de serviços. O argumento mais usado contra a terceirização é o da “precarização” das relações de trabalho, mas até agora ninguém me explicou o que isso significa. Não há vínculo de emprego que seja definitivo. A velha estabilidade aos dez anos de serviço acabou em 1967, com a criação do Fundo de Garantia.
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O que garante o emprego mesmo –e é isso que nosso obtuso dirigente sindical faz de conta que não sabe– é a situação da economia. Se ela é próspera, o mercado de trabalho se alarga e a lei da oferta e da procura adquire relativo equilíbrio. Se a economia desaba, ninguém segura os empregos.
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As eleições sindicais são uma fraude, porque a adesão na categoria é mínima. As mensalidades são irrisórias. Ninguém se sindicaliza. Como o sindicalista tem sua fonte de renda garantida, não se preocupa com o mercado de trabalho. Hoje, no Brasil, poucos são tão privilegiados quanto essa elite sindical, que não quer perder seus privilégios.