Mais um ex-presidente volta ao cargo
Ainda investigado pelo CNJ, Desembargador Clayton Camargo retorna ao Tribunal de Justiça do Paraná.
Dois anos após ser afastado por aumento patrimonial e suspeitas de venda de sentença e de tráfico de influência, o desembargador Clayton Coutinho de Camargo voltou às funções no Tribunal de Justiça do Paraná, do qual era presidente à época, informa Estelita Hass Carazzai, na Folha, neste sábado (4).
A decisão foi tomada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na terça (30) –Camargo, porém, ainda é alvo de três investigações do órgão.
A mais adiantada é sobre o seu patrimônio: a corregedoria do CNJ aponta indícios de fraude ao fisco ou lavagem de dinheiro em transações financeiras feitas por Camargo.
“[As condutas] trazem consigo inequívoca pecha de imoralidade e falta de eticidade”, escreveu o então corregedor Francisco Falcão, em outubro de 2013.
Na terça (30), o conselheiro Paulo Teixeira prorrogou o processo por mais 90 dias e, como a fase de investigação já foi encerrada, o colegiado autorizou o retorno do desembargador ao trabalho.
Camargo, que tem 69 anos e renunciou à presidência do TJ após a abertura da investigação, comunicou o retorno à função nesta sexta (3). Ele nega as acusações.
Neste mês, completa um ano a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que –durante o recesso do Judiciário e atuando como presidente interino do STF– suspendeu o afastamento dos desembargadores Mário Hirs e Telma Britto, ex-presidentes do Tribunal de Justiça da Bahia.
Eles haviam sido afastados em novembro de 2013, quando o CNJ instaurou processo administrativo e disciplinar em que são acusados de pagamento de precatórios inflados.
No mês seguinte, o ministro Roberto Barroso, relator de mandado de segurança, havia indeferido pedido de liminar em que Mário e Telma requeriam a suspensão da decisão do CNJ.
Barroso registrou que “as imputações em questão revelam um quadro de possível apropriação sistemática das funções públicas para a promoção indevida de interesses particulares, em detrimento do Erário e, em última instância, de toda a sociedade”.
Os dois magistrados reassumiram os cargos e foram recebidos no tribunal com foguetório, acolhidos em manifestação da qual participaram, entre outras autoridades, o prefeito de Salvador e o governador da Bahia.