Grandeza e perigo da Lava Jato
De José Arthur Giannotti, professor de Filosofia da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em texto publicado nesta quarta-feira (19) no “O Estado de S. Paulo“, sob o título “Corrupção como forma de poder”, ao sustentar que, na Operação Lava Jato, o Ministério Público, partes da polícia e do Judiciário atuam “de forma mais efetiva e cuidadosa”, aparentemente engajados na regeneração do país:
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“A maneira como seus membros se comportam e se associam entre si, o timing de suas decisões e seu relacionamento com a mídia, tudo caminha nessa direção.
A leitura do texto do juiz Sergio Moro justificando a prisão de José Dirceu, acusando-o de organizar um novo sistema de corrupção, impressiona tanto pela segurança da argumentação policial e jurídica quanto por sua forma midiática.
Do mesmo modo, os promotores e os policiais vêm a público explicar no pormenor cada elo do processo de corrupção, ligando Estado, sociedade civil e empresas. E assim promovem a consciência política da necessidade da mudança.
Aí residem a grandeza e o perigo desse processo.
A Operação Lava Jato está nos obrigando a ter vergonha do estado de corrupção em que nos encontramos. Mas somente terá repercussão política se forças políticas representativas, levando em conta todos esses processos não representativos, decidirem pelas reformas de que o País necessita.”