Quem não se trumbica com a “pixulecagem canastrona” da Lava Jato

Frederico Vasconcelos

Sob o título “Brasil Chacrinha”, o texto a seguir é de autoria do procurador da República Davy Lincoln Rocha, de Joinville (SC), e foi publicado em sua página no Facebook.

 

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Uma boa pergunta: de onde vem a dinheirama que paga camisetas e bandeiras do PT, além dos ônibus pra transportar manifestantes pró Dilma, quase todos pagos pra comparecerem? De onde vem o dinheiro do lanche pago aos manifestantes de aluguel?

E para onde foram as montanhas de dinheiro roubadas da Petrobras?

Alguém já cogitou seguir a rota desse dinheiro, que os delatores da Lava Jato disseram ter sido entregue ao PT?

Ora, não se pretende tirar a Dilma da presidência apenas pela má gestão administrativa e financeira da máquina estatal. Nem pela crise econômica gerada por seu despreparo e incompetência. Muito menos pelas sandices e asneiras que ela não para de proferir.

Pretende-se, sim, uma investigação profunda e completa das contas de sua campanha, da origem dos infindáveis recursos financeiros empregados na campanha que a elegeu, e na mobilização da cumpanheirada. E se um único real dessa fortuna tiver origem ilícita, ela tem que, não apenas ser defenestrada do cargo, mas também julgada por crimes de responsabilidade.

Não podem as instituições permanecerem estagnadas, engessadas pelo discurso da governabilidade, ou pela questão do ser ou não ser prejudicial ao País o impeachment ou a cassação eleitoral do diploma da Dilma. Não podem as leis e a Constituição deixarem de ser aplicadas sob o argumento das eventais consequencias negativas de sua aplicação. Isso, sim, seria golpe, golpe fatal ao Estado Democrático de Direito. Nem pode o sistema legal permanecer à mercê do termômetro das ruas, aguardando ver qual torcida grita mais alto.

Não podem existir intocáveis diante das normas penais e civis. Não se pode conceber a existência de personalidades refratárias ao ordenamento jurídico, não importa o percentual de apoio que recebam de qualquer setor da sociedade, não importa sua popularidade, não importa o cargo que ocupam ou que tenham ocupado. E não pode, com o devido respeito ao STF, o julgamento dessas personalidades demorar uma eternidade, a ponto de prescrever. Por mais complexos tais crimes, o julgamento precisa ser em tempo razoável, e Sérgio Moro é a prova de que isso é possível.

Nos EUA, o Presidente Nixon foi enxotado da presidência pelo escândalo Watergate, verdadeira gota dágua diante do descalabro do Petrolhão, sem falar do BNDES, vulcão prestes a entrar em erupção.

Não se pode mais engolir esse mimimi do nós contra eles, do já manjado papo de que tudo não passa do inconformismo das elites. Afinal, hoje, medido em patrimônio pessoal, a verdadeira elite de nababos são os próceres do PT.

A regra é clara e vale pra todos: roubou, desviou dinheiro público? CADEIA! Procrastinar a investigação e a persecução penal de quem enriqueceu se locupletando nas tetas da viúva, isso sim, é golpe, isso é, aliás, um crime muito pior. E os crimes contra o patrimônio público devem ou deveriam ser julgados com absoluta premência, por motivos que parecem óbvios!

Não se pode crer que sujeitos com muito poder no governo angariem fortunas maiores que os sonhados prêmios da mega sena, recebendo centenas de milhares de dólares pra fazer palestras ou para prestar assessorias mandrake, sempre pagas por pessoas jurídicas que sobrevivem do dinheiro público. Isso não pode convencer nem o Eremildo, o idiota personagem de Elio Gaspari.

É preciso que se tenha o mínimo de bom senso pra distinguir entre dinheiro ganho honestamente e a pixulecagem canastrona, cínica e sem vergonha.

Em qualquer país minimamente decente, essas fortunas amealhadas de forma tão acintosamente heterodoxa já teriam sido confiscadas pela justiça, e seus beneficiários estariam nos bancos dos réus, ou já atrás das grades, e por décadas, não por poucos meses.

Será que a nação perdeu totalmente a decência, o escrúpulo, a vergonha? Será que se perdeu a mais basilar noção do certo e do errado?

As Instituições parecem estar à espera de ver quem aplaude mais alto, quem grita mais nas ruas, como se a Constituição e as Leis estivem num programa de auditório, aguardando o Chacrinha perguntar se vai para o trono ou não vai. A Constituição está aí, que seja aplicada, de forma incondicional, e com a maior celeridade possível.

A aplicação pura e simples das normas constitucionais e das leis penais e do Código Eleitoral não pode depender dos índices do IBOPE ou do clamor das ruas. Devem ser aplicadas indistintamente, seja contra quem for, doa a quem doer, custe o que custar. Não se pode condicionar a aplicação da lei penal a cálculos dos eventuais prejuízos econômicos ou estruturais, sob pena de estar-se sendo ainda mais cínico, mais canalha que os canalhas. A Alemanha renasceu das cinzas depois da II GG e hoje é a maior economia da Europa. Acho que poderemos sobreviver a a qualquer que seja o resultado de uma profunda investigação sobre esse Sindicato de ladrões a que se referiu Gilmar Mendes, nem que pra isso se tenha que construir uma nova Papuda em Brasília. Mas se permitirmos que a Constituição se vergue, ela acabará por quebrar! A pior forma de corrupção é a aceitação da corrupção.

Afinal de contas, isso é o Brasil, ou é a Discoteca do Chacrinha?