“Síndrome de tutela” entope a Justiça
José Renato Nalini revela como orientou uma instituição financeira a reduzir o número de petições aos tribunais.
Os 100 milhões de processos no Judiciário sugerem, segundo o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, que a sociedade está doente: “No mínimo, ela sofre de infantilidade, de uma síndrome de tutela permanente”.
Em entrevista aos jornalistas Maurício Cardoso, Lilian Matsuura e Felipe Luchete, do “Consultor Jurídico“, Nalini sugere que a sociedade resolva sozinha os problemas cotidianos –crie uma cultura da pacificação– e dedique à Justiça apenas os pequenos casos ou, então, pague o crescimento da estrutura do Judiciário.
Entre os exemplos de medidas para melhorar o atendimento à população, o presidente do TJ-SP citou como atuou para conscientizar um grande banco a reduzir o número de processos:
“Houve o caso de um banco que tinha 400 escritórios de advocacia pelo Brasil inteiro para representá-lo. Peguei uma petição, na época em que eu estava na Corregedoria, que tinha erros de português, coisas ininteligíveis. Tirei cópia e levei para o presidente do banco. Perguntei se ele achava que estava bem representado por um analfabeto, falei sobre o quanto ele perdia de dinheiro com uma defesa ruim. Depois disso, ele foi diminuindo o número de escritórios e hoje são apenas quatro. Ele colocou também uma equipe imensa de atendimento aos clientes.”