Corregedor presta contas no Twitter
Ex-jornalista, ministro Og Fernandes relata as primeiras experiências como corregedor-geral da Justiça Federal.
No dia em que assumiu a Corregedoria-Geral da Justiça Federal, o ministro Og Fernandes, resolveu fazer algo diferente. “Aproveitando a experiência de jornalista, resolvi entrar no Twitter. Estou postando informações do Judiciário, notadamente do Judiciário Federal, como uma forma de atender ao interesse público”, diz Fernandes.
O novo corregedor federal é bacharel em Direito e Jornalismo. Foi repórter do jornal “Diário de Pernambuco” e advogado criminal antes de ingressar na magistratura.
Sob o título “Cabeça de juiz”, ele diariamente coloca no Twitter uma frase, um pensamento, uma opinião. “Quero ser útil usando nova ferramenta. Afinal, como disse numa frase me reportando ao Judiciário, ninguém ama o desconhecido.”
Em rápida entrevista por e-mail, o corregedor-geral comenta os desafios do cargo.
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Blog – É difícil conciliar a atividade judicante com as responsabilidades da corregedoria? Tem sido comum o corregedor-geral da Justiça Federal ficar afastado dos julgamentos?
Og Fernandes – Sim, é difícil acumular as funções judicantes com a corregedoria porque ambas exigem muita dedicação. Neste mês de novembro, quando assumi o último cargo, aguardei o Superior Tribunal de Justiça se definir sobre a convocação de um substituto porque a 2ª Turma, em especial, sem um julgador, ficaria com um número par de ministros. Isso permitiria diversos julgamentos empatados a exigir a convocação com frequência de um outro ministro da 1ª turma, algo pouco conveniente ao serviço. Tão logo a desembargadora Diva Malerbi [do TRF-3] foi convocada, afastei-me provisoriamente da turma. Cabe lembrar que o usual é exatamente o que fiz: o regimento do STJ estabelece a possibilidade do afastamento.
Blog – Qual será a atuação da corregedoria diante da grave situação do acervo do TRF-1?
Og Fernandes – As questões vinculadas ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região já estão sendo tratadas pela corregedoria em complemento ao que já foi realizado pelo Conselho Nacional de Justiça. Assim, nas administrações passadas mais recentes houve inspeções. Estamos atuando em duas frentes: de um lado, verificando o que foi cumprido ou não dos relatórios das inspeções; de outro, aderindo ao trabalho do CNJ, a partir de convocação da ministra corregedora Nancy Andrighi. Algo, porém, precisa ser dito: tão logo haja viabilidade econômica, salta aos olhos que é preciso desmembrar a 1ª Região.
Blog – Como tem sido a experiência do contato direto do corregedor-geral da Justiça Federal com o cidadão pela internet e pelas mídias sociais?
Og Fernandes – Muito interessante. Um profissional de mídia me disse que isso iria virar um “case”. Não chego a tanto, mas é um caminho muito eficaz para o Judiciário chegar próximo do seu “patrão”, a sociedade. Em Pernambuco, 15 anos atrás, já havia investido na criação da primeira ouvidoria judiciária de um tribunal de justiça em caráter permanente. Ela serviu de modelo para várias ouvidorias de tribunais que posteriormente foram institucionalizadas e hoje, é uma realidade no país. Agora, uso a mídia para prestar contas e transmitir ideias. Enfim, me sinto útil.