Diplomas para jornalistas
No apagar das luzes da gestão do desembargador José Renato Nalini, o Tribunal de Justiça de São Paulo distribuiu diplomas a 46 personalidades, por “relevantes serviços ao Poder Judiciário paulista”.
Entre os agraciados estão os jornalistas Percival de Souza e Fausto Macedo, numa lista que inclui magistrados, servidores e uma dezena de tabeliães, representantes de cartórios, notários e registradores.
A opção de aceitar um título, uma medalha ou um diploma é questão de foro íntimo. Deve ser respeitada. Fausto e Percival são dois profissionais conceituados, merecedores da admiração de leitores, magistrados e operadores do direito. (*)
A homenagem à imprensa ocorre no final de uma administração marcada pelo troca-troca de honrarias e solenidades que transformaram o Tribunal de Justiça de São Paulo numa espécie de academia de letras aquecida pela fogueira de vaidades.
É contribuição relevante do jornalismo ao Judiciário registrar o desperdício de recursos públicos com cerimônias para concessão de medalhas e diplomas.
Faz parte do ofício da imprensa noticiar, por exemplo, a entrega de cerca de cem títulos de cidadão de municípios paulistas a Nalini, o que levou o presidente a cumprir –nos últimos meses– uma extensa agenda de visitas a cidades do interior, com gastos em solenidades desimportantes que retiram magistrados e servidores de suas tarefas nas comarcas.
Mesmo admitindo-se que essas cerimônias traduzam o reconhecimento pelos méritos de Nalini à frente do tribunal, vários magistrados têm dúvidas sobre a espontaneidade e oportunidade dessas manifestações. Supõem ser o uso da máquina para facilitar a indicação a um cargo público depois da aposentadoria compulsória.
Nalini diz que é “passageiro”, e que as homenagens são dirigidas ao Judiciário.
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