AJD vê avanço do populismo penal

Frederico Vasconcelos

A Associação Juízes para a Democracia divulgou nota pública em que manifesta “extrema preocupação com o avanço do Estado policial”, agravado, segundo a entidade, com a decisão do Supremo Tribunal Federal que possibilita a prisão a partir de decisão de segundo grau.

Eis a íntegra da manifestação:

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Nota da Associação Juízes para a Democracia

Em defesa das liberdades públicas e contra o populismo penal

A Associação Juízes para a Democracia (AJD), entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem dentre suas finalidades o respeito aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito, vem a público manifestar extrema preocupação com o avanço do Estado policial, legitimado pelo fortalecimento de uma jurisprudência supressora dos Direitos Humanos.

A AJD lembra que em um país social e economicamente injusto, onde as violações e o abandono das pessoas mais pobres são historicamente naturalizadas, não é a instituição de um verdadeiro estado de exceção a limitar as liberdades públicas, inclusive a presunção de inocência olvidada pelo STF quando entendeu pela possibilidade de cumprimento de pena antes do trânsito em julgado de decisão condenatória, que logrará reduzir a violência que amedronta a população. Tanto é assim que o Brasil ocupa hoje a vergonhosa posição de quarta maior população carcerária do mundo, produto de uma política de encarceramento em massa que, ao invés de reduzir, tem fomentado a violência.

A AJD entende que Judiciário fortalecido é o Judiciário que garante o exercício dos Direitos Humanos previstos na Constituição Federal e nos tratados internacionais. É o Judiciário que limita a ação repressiva do Estado pela observância dos ditames do devido processo legal. É, em suma, o Judiciário que não se rende às tentações do populismo penal.

São Paulo, 18 de fevereiro de 2016.

A Associação Juízes para a Democracia