Capitalismo de compadres e advocacia sem firulas
Em entrevista a Pieter Zalis, na revista “Veja“, o advogado Modesto Carvalhosa critica o “capitalismo de compadres”, ou seja, as relações promíscuas com as empreiteiras, agravadas, segundo ele, desde o primeiro governo Lula.
Propõe o uso do “performance bond” [contratação de seguradora para fiscalizar, garantir prazos e a recuperação de prejuízos nas grandes obras].
O advogado critica a presidente Dilma Rousseff, por “desfigurar os acordos de leniência”, e elogia a Operação Lava Jato.
Ao expor suas opiniões, Carvalhosa vai na contramão da advocacia e adota o estilo exaltado pelo ex-ministro Joaquim Barbosa: “sem firulas, sem floreios, sem rapapés”.
Eis alguns trechos:
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“O governo petista fundou seu poder na corrupção e numa relação promíscua com as empreiteiras, que pagaram fortunas em propina. E Dilma será a presidente que ficará marcada por institucionalizar a corrupção no Brasil. A Medida Provisória 703/2015, que alterou a Lei Anticorrupção, é a prova mais robusta de como o governo dela se orgniza para legalizar a corrupção no Brasil. A presidente desfigurou o acordo de leniência instituído na Lei Anticorrupção para oferecer anistia plena às empreiteiras corruptas.”
(…)
“O Ministério Público e a Polícia Federal apresentam uma prudência raramente vista. Não enxerguei nenhuma nulidade processual ao longo desses dois anos de investigações e condenações. A grande frustração por parte dos advogados de defesa é que os tribunais superiores, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), não derrubaram as decisões de primeira instância do juiz Sergio Moro. A postura do STJ significa uma mudança enorme, já que seus ministros sempre foram mais complacentes com os crimes de colarinho-branco”.