Interesses em torno da iluminada Fiesp
Nos anos 80, quando o dirigente sindical Luiz Inácio Lula da Silva comandava as greves do ABC, o prédio da Fiesp, em forma de ralador de queijo, simbolizava o poder de empresários que indicavam ou “fritavam” ministros.
Um presidente da Fiesp chegou a dizer que “ninguém governaria o país sem o apoio desta Casa”.
Com a redemocratização, o centro das decisões de interesse do empresariado foi transferido da Avenida Paulista e do ABC para o Congresso Nacional, em Brasília.
Pragmático, um ex-presidente da Fiesp chegou a dizer que se transformara em “despachante” da indústria nos gabinetes de parlamentares. Outro, simpático, mas catastrofista, chegou a apostar na saída de milhares de empresários para o exterior se Lula fosse eleito.
Não houve fuga. Ao contrário, o empresariado soube conviver com o PT, Lula e Dilma.
“Uma parte da indústria fez uma agenda em interesse próprio em detrimento do país. E hoje estamos pagando essa conta”, admite o empresário Pedro Passos, presidente da Natura, em entrevista ao “Valor Econômico” nesta quinta-feira (17).
Ontem, segundo notiticou a Folha, a assessoria da Fiesp ligou para os jornais para dizer que, na opinião do presidente Paulo Skaf, “Dilma deveria renunciar já, pelo bem do Brasil”.
Skaf –como lembra a reportagem– é filiado ao PMDB e concorreu ao governo do Estado em 2014. Ele é ligado ao vice-presidente Michel Temer, que assume a Presidência caso Dilma seja afastada por impeachment.
Ao iluminar o prédio da Fiesp com as cores da bandeira e os dizeres “Renúncia Já“, Skaf aparentemente busca apoio popular para reproduzir –no meio empresarial– o roteiro do metalúrgico que fez da atividade sindical trampolim para a atuação político-partidária.