Sinal avançado ou ultrapassagem arriscada
A seguir, trechos de artigo sob o título “A gênese de um despacho judicial de Curitiba“, de autoria da jornalista Maria Cristina Fernandes, publicado nesta sexta-feira no jornal “Valor Econômico“. O texto trata das críticas à divulgação de grampo não-autorizado.
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“Não é a primeira vez que [o juiz Sergio] Moro foge à regra e extrapola para seus despachos as considerações de seus escritos acadêmicos que o popularizaram como adepto das práticas da operação Mãos Limpas, na Itália, e dos períodos de intenso ativismo da Suprema Corte americana.
O que parece novo neste despacho é que Moro não disfarça o desamparo da Carta à sua decisão de usar o áudio que ele mesmo havia mandado suspender.
Faz a ressalva de que caberá ao Supremo a última palavra na questão, mas age de forma assim tão desabrida porque sabe que a divulgação do grampo, ao colher amplo apoio da opinião pública e impulsionar o impeachment, pressionará os ministros a mantê-lo como prova de obstrução de justiça.
O preparo técnico do juiz não deixa dúvidas de que ele sabia ter avançado o sinal.”