MPF e imprensa: “empolgação” sem “simbiose”

Frederico Vasconcelos

Fonteles, Luiz Francisco e Brindeiro
O ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles, crítico da empolgação dos jovens procuradores da República na Operação Lava Jato, diz que o Ministério Público Federal, quando forma sua convicção, deve evitar “emitir juízos meramente opinativos, com ilações puramente noticiosas”.

Nomeado por Lula para comandar o MPF entre 2003 e 2005, Fonteles diz que a busca do furo jornalístico é papel da mídia, não da procuradoria.

Mas ele não vê a repetição da “simbiose entre o MPF e a imprensa”, tese defendida e estimulada durante o governo Fernando Henrique Cardoso pelo procurador Luiz Francisco de Souza, uma certa promiscuidade que Fonteles esvaziou ao assumir a PGR.

“São quadros completamente diferentes. Naquela época, o voluntarismo de muitos jovens procuradores do MPF era em razão da absoluta ausência de liderança, da falta de um Procurador-Geral líder [na gestão de Geraldo Brindeiro]. Hoje, o PGR [Rodrigo Janot] é um líder, não há dúvida nenhuma. Como aconteceu com Antonio Fernando e Roberto Gurgel, a voz do PGR se faz ouvir. Mas é um momento de empolgação”, diz Fonteles.