O alerta de uma juíza corajosa

Frederico Vasconcelos

A mensagem da juíza Tatiane Moreira Lima, de que não abandonará o seu trabalho de julgar casos de violência doméstica por ter sido ameaçada de morte no Fórum do Butantã, merece dupla leitura.

É uma homenagem às mulheres vítimas de agressão e o reconhecimento do risco a que estão expostos os juízes que atuam nessas varas por falta de segurança.

“Não vou deixar que um maluco impeça que eu faça o meu trabalho, que eu exerça a minha função. Um trabalho que eu amo tanto, a que eu me dedico muito, essa causa da violência doméstica.”

A magistrada disse que sentiu-se “parte de um corpo”, em referência à magistratura, e que precisa ter sua atuação “garantida realmente, com maior segurança, melhores condições de trabalho”, revela reportagem de Rogério Pagnan, na Folha desta sexta-feira (1).

“Eu agradeço muito todo o carinho, e todo o apoio que vocês têm dado. Fico muito feliz que essa situação difícil que eu vivi, ruim, muito difícil mesmo, possa se tornar algo bom e possa beneficiar toda a nossa carreira. Porque expõe um risco que a todos nós estamos sujeitos”.

As notas de solidariedade emitidas pelas entidades da magistratura –até mesmo o comunicado conjunto dos presidentes do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Justiça de São Paulo– reforçam a ideia de que pouco foi feito para garantir o exercício da magistratura de primeiro grau, uma das prioridades que o CNJ fixou em 2014.