Precisão vernacular e a resposta singela de Temer
O português escorreito do presidente Michel Temer “é elogiável, sobretudo se comparado com as ininteligíveis falas da afastada”, registra o site “Migalhas“, que circula nos escritórios de advocacia.
Essa precisão vernacular chegou a merecer elogios de Madame Natasha, personagem do colunista Elio Gaspari, em sua coluna na Folha neste domingo (15), porque o presidente interino “teve a audácia de usar uma mesóclise no seu primeiro discurso”: “Sê-lo ia pela minha formação democrática…”
“Migalhas” captou o embaraço de Temer durante a entrevista exibida pelo Fantástico, ao ser perguntando acerca da nomeação de um diretor da Petrobras e sobre a doação de R$ 5 mi de uma empreiteira (a PGR não considerou isso, por si só, motivo para investigá-lo, registra o site).
Eis a transcrição da resposta pelo “Migalhas“, intercalada com comentários do site”:
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“É uma pergunta que comporta uma resposta tão singela, tão fácil, tão tranquila. Em primeiro lugar, quando dizem que eu patrocinei, não é ?, a nomeação de um diretor da Petrobras, eu lhe explico, como já expliquei dezenas de vezes publicado na imprensa, é, é, brasileira [Temer leva a mão ao rosto pela primeira vez na entrevista, coçando o lado direito]. Eu era presidente do partido e, quando as bancadas iam indicar alguém para um cargo, me apresentavam um cidadão. No caso presente, foi precisamente isso que se deu: apresentaram-me o, o, o, cidadão, que foi nomeado depois, é, é, é, diretor da empresa, primeiro ponto. Segundo ponto: [coçou a narina direita, levando a mão ao rosto pela segunda e última vez na entrevista inteira, que durou 20 minutos] a tal história da doação é interessante, fala-se como se alguém tivesse chegado perto de mim, aberto o bolso da minha calça e dito: olha, R$ 5 milhões, abre aí que eu vou colocar no seu bolso. Não foi isso. Tão logo surgiu essa ideia, o meu assessor de imprensa foi ao partido, PMDB, e verificou o ingresso dessa, dessa, quantia, era até um pouco mais, eu acho, dessa quantia, ou um pouco mais, que entrou na campanha, na campanha. E, entrando na campanha, depois prestou-se conta. As contas foram prestadas ao tribunal. Portanto, o senhor procurador-Geral, como você disse, quando disse que não haveria indícios, não haveria indícios primeiro porque o próprio cidadão que foi nomeado declarou na delação que eu não o indiquei. Não é ? Então não houve. Não… Quando o procurador-geral agiu dessa maneira foi alicerçado nos próprios depoimentos.”